Malunguinho, reis das matas de Pernambuco: experiências no ensino de História a partir da religiosidade de matriz afro-indígena nas escolas
Currículo; Decolonialidade; Ensino de História; Quilombo do Catucá; Religiosidade afro-indígena; Malunguinho
Considerando a importância dos estudos sobre os quilombos e quilombolas no Brasil, e sua pouca repercussão no currículo e livros didáticos, essa pesquisa investe nas histórias e memórias do Quilombo do Catucá e dos malunguinhos. A existência desse quilombo, nas primeiras décadas do século XIX, marcou um importante capítulo da resistência afro-indígena em Pernambuco, de modo que sua história e memórias foram preservadas pela jurema sagrada. Assim, buscamos nos terreiros da região metropolitana do Recife, entendidos como espaços de memória, investigar as experiências desses atores sociais atentando para as práticas de culto a reis malunguinhos, através de observação, entrevistas e depoimentos orais. Na perspectiva da História enquanto territórios de disputas e de horizontes de expectativas serão analisados as vivências e experiências da jurema sagrada e também umbanda, ou seja, as comunidades de axé, vistas como espaços de significação e memórias em torno da História do povo negro e dos malunguinhos. Há que se destacar sua importância social e cultural, como foco de resistência das comunidades quilombolas aos padrões socioculturais de branquitude. Ao investigar as narrativas do povo de terreiro busca-se construir narrativas decoloniais em torno dos quilombos, especificamente o Catucá, ao tempo em que se busca desconstruir narrativas eurocentradas. O material didático resultado dessa pesquisa pode contribuir para o combate ao racismo religioso no ambiente escolar, explorando o potencial das religiosidades afro-indígena no ensino de História.