Banca de QUALIFICAÇÃO: MARIA FERNANDA VALERIANO BENEVIDES VIANA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MARIA FERNANDA VALERIANO BENEVIDES VIANA
DATA : 22/12/2025
LOCAL: UFPE ONLINE
TÍTULO:

PROGRAMANDO A GESTÃO PÚBLICA: UMA ETNOGRAFIA DAS PRÁTICAS

COM DADOS, CÓDIGOS E MÁQUINAS EM UMA CENTRAL DE DADOS

PÚBLICOS EM RECIFE, PERNAMBUCO


PALAVRAS-CHAVES:

gestão pública; dados; ciência e tecnologia; evidências; antropologia dos

dados.


PÁGINAS: 47
RESUMO:

Máquinas, códigos, softwares e diversos artefatos tecnológicos têm permitido que um volume

massivo de “dados” reorganize as maneiras de conhecer e intervir no mundo. No âmbito

público, observa-se que governos vêm se tornando “orientados por dados” e tratando as

conclusões derivadas deles como “evidências” para embasar políticas. Diante da ubiquidade

dos “dados” e da sua relevância política, antropólogos têm buscado compreendê-los como um

objeto etnográfico emergente, enfatizando a necessidade de investigá-los em seus complexos

modos de fazer, comparar e governar (Munhoz, Perin e Ribeiro, 2024). Nessa direção, esta

pesquisa questiona como práticas de conhecimento e experimentações técnicas com dados

vêm (re)modelando a gestão pública. A partir do trabalho de campo com a equipe do

“Departamento de Inteligência de Dados” de uma grande organização pública que gerencia

bases de dados e plataformas de governo digital da cidade do Recife, Pernambuco, a

dissertação investiga uma estrutura tecnocientífica construída para os dados públicos,

tornando-os objetos centrais de conhecimento para a gestão municipal. A pesquisa se debruça

sobre um conjunto variado de práticas e técnicas, entre humanos e não-humanos, que vêm

colocando os dados em ação, instituindo novas praticalidades e materialidades nas quais as

realidades dos problemas públicos são multiplicadas (Mol, 2002). A problemática, assim,

situa-se numa antropologia das ciências e das técnicas, dialogando com os estudos em ciência,

tecnologia e sociedade (STS) e com a recente “antropologia dos dados” (Douglas-Jones,

Walford e Seaver, 2021). A etnografia destaca duas atividades centrais do departamento: a

“consolidação” e a “modelagem” de dados, ao longo das quais os “dados” são convertidos em

“informações” e estas, tornadas graficamente “visíveis” nos chamados “painéis dos gestores”,

tomam a forma de “evidências”. Nesse processo, a interação humano-máquina mediada por

códigos computacionais delimita as “perguntas possíveis” e “respostas aceitáveis”, que se

impõem pela força da “evidência” e, assim, promulgam modos específicos e “acelerados”

(Stengers, 2023) de conhecer e intervir para a gestão pública. Ressaltando a natureza

negociada da política de dados, a dissertação tensiona ainda a narrativa que concebe os dados

e suas tecnologias como entidades “neutras” e “objetivas”, cujas imagens, como um “truque

de deus” (Haraway, 1995), refletiriam a “realidade” sem distorções. Em contrapartida,

busca-se sustentar que nem os dados são neutros, nem existe uma “realidade” “lá fora” a ser

representada (Latour, 2017): a cada imagem criada, os dados criam também novas realidades

para os objetos que tomam como referência.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1938872 - LAURE MARIE LOUISE CLEMENCE GARRABE
Externa à Instituição - PATRICIA PEREIRA PAVEIS
Externo à Instituição - PAULO FALTAY FILHO - OUTRA
Notícia cadastrada em: 22/12/2025 10:15
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