Tylor, Boas e Malinowski no México: exercícios de distância na conformação histórica do conhecimento antropológico
História da antropologia. Teoria da Antropologia. Classificação social.
Antropologia no México.
Esta tese investiga como procedimentos de observação, coleta, comparação, classificação
e escrita, mobilizados nas passagens de Edward B. Tylor, Franz Boas e Bronislaw
Malinowski pelo México, contribuíram para a configuração histórica da antropologia
como campo de ordenação social e produção da diferença. O objetivo consistiu em
reconstituir operações e mediações que converteram registros em evidências e estas em
narrativas públicas, observando seus efeitos na legitimação de diagnósticos sobre
“passado”, “indígena” e “nação”. A pesquisa baseou-se em análise documental e
bibliográfica, considerando textos de viagem e de teoria, relatórios, programas de ensino
e arranjos institucionais. O estudo evidencia a coprodução entre pesquisa e Estado, visto
que padrões metodológicos e currículos se consolidaram ao lado de resistências
nacionalistas e disputas burocráticas. Mostra que Tylor articulou itinerários, arquivos e
contrastes sociais em repertórios comparativos; que Boas estruturou uma experiência
escolar e museológica de alcance público, eficaz e tensionada; e que Malinowski tomou
os mercados de Oaxaca como observatório da mudança, deslocando o foco do “resgate”
para processos históricos. Conclui-se que a disciplina não se explica apenas por ideias ou
“escolas”, mas por operações e infraestruturas locais que tornaram comparável o diverso,
fazendo do México um ambiente ativo de condensação entre densidade histórica, redes
institucionais e usos públicos do passado, sem reduzir o argumento à centralidade do
cenário. Como contribuição, a tese oferece uma cartografia de procedimentos que permite
repensar a história da antropologia para além de teleologias e cronologias lineares,
esclarecendo alcances, ambivalências e custos sociais das soluções adotadas.