Mangueio, macramê e outros poderes da malucada de estrada: Etnografia e horizontes de vida entre malucas e malucos de BR
etnografia; valor; crítica; hippies; malucos e malucas de estrada
Esta tese investiga o horizonte de vida da “malucada de estrada” a partir de etnografias na vila de São Jorge e em trajetos na
estrada, privilegiando registros sensíveis, a atenção ao inesperado e às práticas ordinárias. Popularmente conhecidos por hippies artesão de
rua, o escrito investiga como práticas centrais — especialmente o mangueio (abordagem ativa na venda) e o trabalho artesanal —
funcionam como pontos de mediação entre ordens de valor, produzindo conversões de sentido que escapam às leituras economicistas
convencionais. Analisa também a ambivalências de práticas e contextos que servem como “eixos” de crítica e, ao mesmo tempo, permitem
pensar como a malucada se “encaixa” na “sociedade”, garantindo então a sua resiliência histórica enquanto fenômeno social.
Metodologicamente, a tese defende uma etnografia que valoriza a sensibilidade material, os afetos locais e a surpresa como fontes
epistemológicas para compreender como vidas alternativas se efetivam. Por fim, o trabalho argumenta que a malucada, ao tensionar as
imagens hegemônicas de sociedade e as ficções do mercado — e ao reconfigurar a “magia” do valor — oferece uma perspectiva
privilegiada para repensar valor, comunidade e modos possíveis de vida.