Banca de QUALIFICAÇÃO: AKUENDA TRANSLÉSBICHA BUARQUE DE SOUZA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: AKUENDA TRANSLÉSBICHA BUARQUE DE SOUZA
DATA : 27/10/2025
LOCAL: REMOTO
TÍTULO:

A "Fratura Animal" e a Crítica Antiespecista: Raça e Espécie na Experiência da Dhuzati Antiespecista


PALAVRAS-CHAVES:

Fratura Animal; Antiespecismo Racializado; Dhuzati Antiespecista; Antihumanismo; Afrocentricidade


PÁGINAS: 22
RESUMO:

A dissertação investiga a articulação política e epistemológica da coletiva Dhuzati Antiespecista, que atua na intersecção das lutas por direitos
animais, antirracismo e anticolonialidade e criada pela pesquisadora. O problema central da pesquisa reside na forma como o veganismo
hegemônico é concebido em parâmetros eurocêntricos, que universaliza e aparta o movimento das relações sociais de raça e classe, reproduzindo,
muitas vezes, lógicas coloniais e hierárquicas. Já que a que a coletiva também opera como iniciativa por onde a pesquisadora atua politicamente e
obtêm renda, a pesquisa opta por desenvolver uma etnografia situada e engajada, descrevendo a trajetória da Dhuzati como parte da trajetória da
própria pesquisadora e analisando suas práticas como um campo de disputa contra o veganismo que a cozinha entende como branco-supremacista.
O arcabouço teórico é ancorado em autores como Malcolm Ferdinand (dupla fratura da modernidade) e Aph e Syl Ko (a categoria "animal" como
âncora da supremacia branca), permitindo o desenvolvimento do conceito de "Fratura Animal". Esta categoria analítica busca ampliar a
compreensão das intersecções entre exploração animal, racismo e colonialidade, demonstrando como a distinção rígida entre "humano" e "animal" é
um marcador ontológico que articula hierarquias sociais, raciais e ecológicas. A análise etnográfica da atuação da Dhuzati — desde sua prática
como cozinha-coletiva até sua participação em mobilizações como o fim da exportação de animais vivos — demonstra que a libertação animal não
pode ser pensada dissociada da condição racial. A coletiva, ao mobilizar a afrocentricidade como perspectiva epistemológica, rejeita a busca por
valor baseada na inclusão na categoria "humanidade" (universalizada pela branquitude ocidental). Em vez disso, a Dhuzati constrói uma nova
cosmopolítica que valoriza a existência em si mesma, a conexão ancestral e a resistência. Assim a atuação da Dhuzati Antiespecista não critica
apenas o veganismo hegemônico por suas lacunas raciais, mas, também reflete como as lutas antirracistas devem entender os animais não humanos
como população racializada e classe subalterna, de modo que aprimore as epistemologias acerca das resistências contra o racismo e a colonialidade.
O trabalho contribui para a Antropologia Multiespécie e para os estudos decoloniais, oferecendo um referencial teórico e metodológico a partir de
uma epistemologia negra e contracolonial.

 


MEMBROS DA BANCA:
Interna - 2510116 - ANA CLAUDIA RODRIGUES DA SILVA
Externa à Instituição - ANA PAULA PERROTA - UFRRJ
Presidente - ***.694.629-** - PEDRO CASTELO BRANCO SILVEIRA - FJN
Notícia cadastrada em: 14/10/2025 08:54
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação (STI-UFPE) - (81) 2126-7777 | Copyright © 2006-2025 - UFRN - sigaa09.ufpe.br.sigaa09