Quando a morte não é o fim: transitando por entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos
Antropologia; Morte; Religião; Espiritismo
Esta dissertação é resultado de pesquisa etnográfica realizada no Centro Espírita – União Espírita Caminho da Luz (Uniluz), na cidade do Recife, tomando como ponto de partida o conceito central na doutrina espírita de que a morte é apenas uma passagem do mundo material para o mundo espiritual, onde busquei demonstrar como o corpo doutrinário ancorado nos escritos deixados por Allan Kardec, os rituais vividos e as relações estabelecidas na prática cotidiana dos espíritas, se interseccionam entre si e com o fiel seguidor, de modo a construir mais que um estatuto dogmático de crença, mas um sujeito espírita que se localiza no mundo a partir desta cosmovisão de que a morte não é o fim. Proponho uma análise que ultrapasse os pressupostos dogmáticos da cosmologia espírita, como desencarnação e reencarnação, primazia do Espírito sobre a matéria, comunicação com os mortos e fenômenos mediúnicos, mas observar como estes elementos perpassam o discurso, as práticas, as motivações e emoções dos sujeitos que buscam a Casa Espírita, de modo que se constrói um ser ontológico que não somente abraça uma crença, mas transforma seus modos de estar no mundo convicto de que “a morte não é o fim”.