O bagulho e doido: a producao da violencia na Torcida Jovem do Sport
Jovem torcida de futebol; violência; performance; imagens
Este trabalho propõe uma etnografia afetiva e imagética da Torcida Jovem do Sport com foco em
compreender como imagem e ação se cruzam na dramatização e performance da violência.
Empreendi observação participante, construindo uma abordagem metodológica em que a imagem
opera como método — registros visuais e sonoros, diários de bordo, fotos, vídeos e postagens em
redes sociais funcionam como fontes que convocam e ativam afetos e narrativas de pertencimento e
confronto. O estudo centra-se no momento em que “o bagulho fica doido”, isto é, quando símbolos
e imagens deixam de meramente representar a violência e passam a encená-la, mobilizando corpos,
instituições e emoções. Para descrever esse processo, articulei reflexões de autores que abordam
performance, violência, corporeidade e imagem — como Turner, Latour, Wagner, Gell e Caldeira
— e construí diálogos com a filosofia de Rancière, as reflexões sobre moralidade punitiva de Fassin
e os debates sobre negritude de Sueli Carneiro. O estudo demonstra que as imagens da torcida são
dispositivos que convocam sentidos, gerando coesão simbólica e conflito — e que o “bagulho
doido” pode ser entendido como um procedimento teórico-metodológico que ajuda a revelar como a
cultura torcedora produz sentido através da violência representada e vivida.