No corre com as Dindas: ativismo, direitos e a produção dos presos LGBT em Pernambuco
ativismo prisional; presos LGBT; Antropologia da Prisão
Esta dissertação, apresentada ao Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), investiga o ativismo e as dinâmicas prisionais relacionadas aos presos LGBT em Pernambuco. O estudo inicialmente se
propôs a realizar uma etnografia das alas e pavilhões LGBT no Complexo Prisional do Curado. Contudo, impedimentos burocráticos
redirecionaram a pesquisa para uma abordagem colaborativa com a ONG SEMPRI, que atua em defesa dos direitos dessa população.
O trabalho examina como gênero e sexualidade estruturam as experiências de presos LGBT e analisa o papel das organizações
ativistas na construção de categorias sociais e na mediação de políticas públicas prisionais. Metodologicamente, a dissertação adota
uma perspectiva de pesquisa-intervenção (Godoi, 2015), articulando ativismo e produção acadêmica. A atuação no SEMPRI permitiu
acesso privilegiado às unidades prisionais e possibilitou a coleta de dados etnográficos durante visitas técnicas, reuniões e diálogos
com presos LGBT e gestores penitenciários. Esses momentos revelaram as tensões entre ativismo e gestão prisional, destacando
como o sistema carcerário perpetua vulnerabilidades e desigualdades. Além das questões teóricas e metodológicas, o trabalho reflete
sobre as transições da pesquisadora, tanto em termos acadêmicos quanto pessoais, ao vivenciar seu processo de afirmação de gênero
durante o campo. A dissertação, assim, propõe-se a explorar as relações entre o ativismo, a diversidade sexual e as configurações do
sistema prisional brasileiro, oferecendo uma contribuição significativa ao campo da Antropologia da Prisão.