PRÁTICAS DE CURA DA TERRA: um diálogo entre Antropologia e Agroecologia
Antropologia Multiespécie; Agroecologia; Monocultura ; Agronegócio
Este trabalho teórico tem como objetivo fazer uma aproximação entre a teoria Antropológica e a Agroecologia, áreas cuja interseção
é ainda pouco explorada, embora extremamente necessária e urgente. A relevância dessa associação reside no fato que a teoria agroecológica
dialoga profundamente com a Antropologia Multiespécie ao promover formas de convivência entre humanos e outros seres vivos em sistemas
agroflorestais regenerativos. Colocando as fazendas de plantations abandonadas no Brasil como ruínas do capitalismo, reconheço o papel da
agroecologia, que em diversos âmbitos, reconhece a interdependência das espécies e se preocupa com as particularidades de cada bioma. Dessa
forma, a Agroecologia transcende paradigmas antropocêntricos, oferecendo práticas que integram a sustentabilidade ecológica e a justiça social,
tais como o cultivo sem agrotóxico, a defesa da biodiversidade das plantas em detrimento da monocultura, além da defesa da soberania alimentar.
Ademais, considero que a prática agroecológica, a exemplo de dois assentamentos do MST, Mário Lago (SP) e Terra Vista (BA) e do declínio da
monocultura no sertão da Paraíba, apresenta uma possível resposta à emergência climática associada ao Antropoceno, contribuindo para mitigar
os impactos dela. Com isso, defendo que esta discussão não apenas amplia os horizontes teóricos da Antropologia, mas também enriquece a
Agroecologia, avançando na construção de uma perspectiva mais que humana, capaz de abarcar as complexas relações entre humanos, outras
espécies e o planeta. Isso sem perder de vista as questões históricas que permeiam a posse de terras no Brasil e as peculiaridades dos diversos
tipos de agricultura no desenvolvida no país. Postulo, por fim, que o agronegócio brasileiro opera