Negridade e conflito no território: sobre mulheres e narrativas ecológicas no Engenho Ilha,
Pernambuco
Engenho Ilha; Mulheres; Suape; Unidade de Conservação; Antropoceno
Esta pesquisa tem por objetivo discutir sobre narrativas ambientais e sua aproximação do racial
através da interpretação das mulheres da Comunidade do Engenho Ilha. Assim, busca-se entender como elas
vinculam as dimensões de território, vida e negridade diante do conflito com o projeto de construção de uma
Unidade de Conservação promovida pela administração do Complexo Industrial e Portuário de Suape, CIPS,
na cidade do Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Este projeto visa descrever essas narrativas,
sobretudo narrativas ecológicas, e discutir como estas têm sido disputadas a partir das experiências das
mulheres. Identificando-se enquanto agricultoras, foi por meio de sua maior participação nas tomadas de
decisão locais que passaram a ser denunciadas uma série de injustiças sociais e ambientais, advindas de
conflitos históricos na região. É imprescindível destacar que, de forma oposta, seus modos de habitar são
qualitativamente diferentes dos que são fomentados pela administração do CIPS, construindo-se pela relação
de coexistência com o território. Partindo da discussão do conceito de antropoceno na antropologia (TSING,
2019, 2022) e das especulações feministas negras (FERREIRA, 2024), busca-se destacar, a partir de uma
leitura da dimensão colonial deste momento do planeta (MBEMBE, 2022), os sentidos que são atribuídos ao
território, destacando as narrativas que tensionam uma busca persistente por sua desvinculação da terra. É a
partir dessas várias dimensões na construção de suas identidades que guiaremos nossa descrição etnográfica.