“DE FRENTE AO NOSSO ASSENTAMENTO, DENTRO DO PEJI, PEDIR, SE HUMILHAR, SE COLOCAR PARA O ORIXÁ”: MATERIALIDADES E EMOÇÕES NO TERREIRO SANTA BÁRBARA ILÊ AXÉ MEGUÊ, NAÇÃO XAMBÁ
Assentamento; Materialidade; Objetos; Emoções; Religiosidade afro-brasileira; Nação Xambá; Xangô pernambucano
O Candomblé é uma religião profundamente marcada pela materialidade, expressa especialmente nos
objetos utilizados nos rituais. Nesse contexto, esta dissertação teve como objetivo investigar a relação entre os
assentamentos dos orixás e seus fiéis, buscando compreender o processo de agenciamento entre os orixás e seus
seguidores. De caráter etnográfico, esta pesquisa teve como locus o Terreiro Santa Bárbara - Ilê Axé Oyá Meguê,
da Nação Xambá, localizado no bairro de São Benedito, em Olinda, Pernambuco, onde realizei trabalho de
campo entre os anos de 2023 e 2024. Por meio de visitas ao terreiro e entrevistas com o dirigente e com filhos
de santo do terreiro, meu interesse foi compreender as relações dessa comunidade religiosa com seus
assentamentos e as emoções que esses objetos despertam nos fiéis. A partir das discussões de autores como
Goldman (2009), Rabelo (2014), Halloy (2005, 2013) e Marques (2014), busco inferir que os assentamentos são
“objetos-deuses”, materializados e consagrados na dimensão física e palpável deste plano. Além de sua natureza
material, esses objetos também provocam repercussões extramateriais, especialmente no campo emocional.
Através das narrativas, compartilhadas pelos interlocutores, percebi uma diversidade de emoções e sentimentos
acionados quando o fiel se encontra diante dos assentamentos de seus orixás. Nesse sentido, reitero a importância
da materialidade nas religiões afro-brasileiras e como as relações com esses objetos geram emoções singulares
para o povo do axé.