Repente, mercado e hibridismo: a arte de vender poesia, mas sem sair do ritmo
Mercado de música; Hibridismo cultural; Cantoria de viola; Repentista;
Streamings; Música e Cibercultura.
A proposta desta pesquisa consiste em investigar o trabalho de artistas repentistas no mercado
musical, com ênfase nas plataformas digitais, culminando em transformações estéticas e
profissionais decorrentes desse processo. Parte-se da premissa de que, ao longo dos anos, esses
artistas vêm se adaptando às dinâmicas da indústria fonográfica e da cibercultura, resultando
em trajetórias profissionais marcadas por processos de caráter híbrido. O objetivo central do
trabalho é analisar como artistas ligados ao repente constroem suas carreiras no contexto da
indústria musical e das mídias digitais. Para isso, toma-se como corpus a discografia de cinco
nomes: Luizinho de Irauçuba, Oliveira de Panelas, Os Nonatos, Valdir Teles e Zé Viola. A
seleção considerou a presença de elementos da cantoria em suas produções, a incorporação de
gêneros musicais como forró, sertanejo e música erudita, bem como a atuação desses artistas
em plataformas de streaming. A fundamentação teórica baseia-se nos conceitos de identidade e
hibridismo cultural, conforme propostos por Stuart Hall e Néstor García Canclini, a fim de
compreender os atravessamentos entre globalização e ressignificação de espaços e identidade
que envolvem o repente em outros territórios culturais. Busca-se, assim, perceber como o
repente, ao dialogar com outras culturas, não apenas resiste, mas se reinventa.