Águas de barro: um corpo em torno do tempo
processos de criação- corpo- processos manuais-cerâmica
O presente trabalho propõe uma reflexão sobre a produção de saberes que
um corpo inscreve ao se relacionar com os processos manuais, a partir dos escritos de
Leda Maria Martins. Resultado de múltiplas imbricações, esse corpo corresponde a
uma cosmopercepção que se manifesta através da relação que constrói com a matéria
do barro, da madeira e do tricô, ao se deslocar entre os espaços físicos e de memória.
O tempo da pesquisa é entendido enquanto uma ontologia, um tempo que se curva
para frente e para trás, em descontinuidade, entendendo o corpo em movimento
enquanto o princípio básico para produção de saberes grafados em obras de arte. Ao
mesmo tempo, obras de arte também são vistas enquanto corpos-vivos, a partir do
pensamento de correspondência de Tim Ingold. A escrita poética é abordada enquanto
uma metáfora do mar, onde as reflexões apresentadas são experienciadas pelo
movimento de seca e cheia das marés. Como ondas, as ideias apresentadas ora estão
mais extensas, com pensamentos mais elaborados, e ora mais curtas, como se fossem
fragmentos de deambulações, podendo a pesquisa ser lida em um formato de espirais,
sem um início ou final definidos, mas sim em uma simultaneidade de vários tempos,
como escreve Bosi.