MÃE É PADECER NO PARAÍSO: UMA ANÁLISE DA DESIGUALDADE DE GÊNERO
NO TRABALHO DE CUIDADO - UM CHAMADO À CORRESPONSABILIDADE
Gênero; direitos humanos
O presente trabalho foi fruto da observação cotidiana das demandas que
cabem às mulheres, especialmente as que são mães, tanto nas relações pessoais:
família, amigas, rede de apoio nos cuidados domésticos, como de relatos obtidos no
ambiente de trabalho com mediação de conflitos familiares no âmbito do Judiciário
pernambucano.
Decanta-se atualmente, com um misto de alívio, orgulho e alegria, o lema que
afirma que “lugar de mulher é onde ela quiser”, e percebe-se que abstratamente a
sociedade, em geral, concorda com a afirmação, em que pese haver uma parcela
mais conservadora que não o acolha.
Sim, em tese, as mulheres podem ser e fazer o que quiserem. Na prática, a luta
por igualdade permanece atual: de salários, de liberdade, de possibilidades, de
tempo, de vida. Com efeito, muitas desigualdades e assimetrias permanecem
aprisionando muitas mulheres de forma mais ou menos sutil (Lagarde, 2002) . Como
são exemplos as mulheres mães, que sabem que muitas vezes não estão onde
querem. Nessa construção social patriarcal e capitalista em que vivemos, as
mulheres são impedidas de exercer diversas funções, em virtude do trabalho de
cuidado que recai sobre elas, e consequentemente, do tempo gasto na execução
dessas tarefas.
A participação feminina no mercado de trabalho após a maternidade diminui
consideravelmente. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que,
após 24 meses, quase metade das mulheres que tiraram licença-gestante estavam
fora do mercado de trabalho (Machado; Neto, 2016).