É Possível Definir um Tecnocomplexo Tupi-Guarani? A Variabilidade das Indústrias Líticas Lascadas Indígenas do
Holoceno Recente Associadas à Contextos Tupi-Guarani no Brasil
Tecnologia lítica; Contextos Tupi-Guarani; Escolhas Culturais; Holoceno Recente.
Na história da arqueologia brasileira, os vestígios líticos
associados a contextos ceramistas do Holoceno Recente foram,
por muito tempo, relegados a segundo plano. A cerâmica parece
ter desempenhado um papel catalisador, estimulando um extenso
processo nas pesquisas sobre esses contextos, estando focadas,
principalmente, nos materiais cerâmicos. Apesar dessa atenção
predominante, percebemos uma mudança gradual no cenário das
pesquisas sobre a temática, marcada por um crescente
reconhecimento e aprofundamento do estudo das indústrias
líticas lascadas desse período. O objetivo desta tese é identificar
e entender as estratégias utilizadas nas produções líticas
desenvolvidas pelas populações associadas à contextos Tupi-
Guarani, buscando um entendimento mais aprofundado das
dinâmicas regionais e inter-regionais desses grupos. Através da
abordagem tecnofuncional, caracterizamos as indústrias líticas
dos sítios Uruguai 1 e RS-T-114, localizados na região Sul; dos
sítios Domingos e Yvytirapitera, na região Norte; e dos sítios
Guaibituguçu e Aldeia do Carlos, na região Nordeste. Esses seis
sítios possuem um vínculo tecnocultural: a presença de vestígios
cerâmicos associados a contextos Tupi-Guarani. A análise
detalhada dessas indústrias líticas lascadas, nos trouxe
importantes contribuições em relação à disponibilidade, seleção e
gestão das matérias-primas, aos métodos e técnicas utilizados na
produção desses artefatos ao longo das cadeias operatórias,
demonstrando a variabilidade inter-regional e o potencial
informativo dessas produções, além de auxiliar na obtenção de
informações sobre questões socioculturais, tecnológicas e
econômicas dessas culturas indígenas e nos fazendo questionar
se é possível definirmos um tecnocomplexo Tupi-Guarani.