QUANDO UMA CRIANÇA MORRE: PERFIL FUNERÁRIO DE SEPULTAMENTOS NÃO ADULTOS EM SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DO NORDESTE DO BRASIL ENTRE 9.400 e 365 ANOS BP
Indivíduos não adultos, Práticas funerárias, Perfil funerário, Nordeste do Brasil.
Esta pesquisa analisa as práticas funerárias de indivíduos não adultos em
sítios arqueológicos do Nordeste do Brasil, entre 9.400 e 365 anos BP,
com o objetivo de compreender as representações culturais sobre a
infância e sua relevância nos rituais funerários desses grupos. Parte-se do
seguinte problema: quais eram as práticas funerárias aplicadas aos
indivíduos não adultos nesses contextos arqueológicos? É possível
observar elementos que indiquem sua importância dentro dos grupos
aos quais pertenciam? A hipótese sustenta que essas práticas, embora
apresentem elementos recorrentes, não devem ser interpretadas como
expressões de conservadorismo, mas como continuidade seletiva de
rituais associados à infância, coexistindo com transformações culturais
ao longo do tempo. A metodologia adotada baseou-se na análise de 167
remanescentes humanos não adultos, oriundos de 14 sítios
arqueológicos do Nordeste, por meio de um protocolo sistêmico de
observação dos elementos funerários, com base em dados secundários
como artigos, relatórios, teses e dissertações. Os resultados revelaram
predomínio de sepultamentos simples, articulados, geralmente sem
estruturas ou artefatos elaborados, mas com indícios de cuidado e
simbolismo, como uso de urnas e adornos. Conclui-se que as crianças
estavam inseridas nos rituais funerários como sujeitos sociais dotados de
agência simbólica, o que reforça a importância de abordagens específicas
dentro da bioarqueologia e da arqueologia da infância. A tese contribui
para a valorização da infância como categoria analítica e defende a
necessidade de metodologias mais sensíveis e integrativas nas pesquisas
futuras sobre os indivíduos não adultos em contextos arqueológicos pré
coloniais.