DISTÂNCIA BIOLÓGICA DE GRUPOS PRÉ-COLONIAIS DO NORDESTE BRASILEIRO: a história populacional contada através da morfologia discreta dentária
Arqueologia Pré-Histórica, Antropologia Dentária, morfologia discreta dentária, biodistância, história populacional pré-colonial.
A necessidade de reconhecer e compreender como se deu as relações
entre grupos pré-coloniais do Nordeste Brasileiro sob diferentes
aspectos sempre esteve presente nos debates arqueológicos.
Discussões importantes foram apresentadas do ponto de vista
biológico, envolvendo análises craniométricas e genômicas. Porém,
nesta conjuntura moderada de pesquisas sobre ancestralidades e
relações biológicas, o campo de estudo da variabilidade morfológica
óssea das populações pré-coloniais desta vasta região, exige mais
investigação, principalmente, no que se refere à morfologia discreta
dentária. Fundamentada nesta perspectiva, a presente tese apresenta
informações que contribuem para história e dinâmica populacional dos
grupos pré-coloniais do Nordeste Brasileiro, representados pelas as
amostras dentárias humanas dos sítios arqueológicos Furna do Estrago
(Pernambuco), Pedra do Tubarão (Pernambuco), Pedra do Alexandre
(Rio Grande do Norte), São José II (Alagoas), Justino (Sergipe), Jerimum
(Sergipe), Pinturas I – Apa das Onças (Paraíba), Serrote dos Ossos
(Paraíba) e Furna dos Ossos (Paraíba). Através do contraste de padrões
de distribuição específicos para as frequências dos caracteres discretos
dentários, do sistema de referência ASUDAS, com dados de
investigações anteriores de diferentes regiões do Brasil e do mundo,
usando testes de biodistância e análises estatísticas multivariadas, a
história populacional dos grupos pré-coloniais do Nordeste do Brasil se
mostrou bem mais complexa do que se esperava. Foram identificados
diferentes níveis de relações de proximidade e distância biológica entre
si e com grupos pré-coloniais de diferentes regiões do Norte, Sudeste e
Sul do país, influenciadas por prováveis fluxos gênicos, possíveis
processos microevolutivos e de estruturação populacional que
moldaram a diversidade biológica regional ao longo do tempo. Os
resultados obtidos também indicaram uma forte correspondência com
o padrão Sinodonte, embora apresentassem características ancestrais
dos Paleoamericanos, além de padrões únicos, revelando uma diversa
morfologia discreta dentária.