NARRATIVAS DISRUPTIVAS SOBRE O GÊNERO UNIVERSAL E AS ESTATUETAS DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS TIPO ESTEARIAS DO MARANHÃO: (re)pensando o passado no presente
Arqueologia Crítica, Feminismo, Gênero, Estatuetas Arqueológicas, Estearias
O entendimento do gênero enquanto sexo ou do sexo
enquanto gênero, levou a um reducionismo interpretativo na
arqueologia, que associa órgão sexual e gênero de maneira
instantânea. Essa pesquisa mostra, por meio de uma
arqueologia do gênero, como foram construídos os
entendimentos sobre essa categoria e como isso acarretou a
subjugação e dominação dos corpos de mulheres. A
universalização do entendimento do que é o gênero contribui
para que discursos médicos e patriarcais continuem a moldar
e determinar o comportamento das mulheres. Nesse sentido, o entendimento de que os gêneros são construções sociais
ampliam as perspectivas de compreensão e de interpretação
de grupos humanos cuja cultura material subsidiam a
pesquisa arqueológica. Nesse caminho, entender o que é
arqueologia de gênero, feminista e queer auxiliam a
construção de compreensões críticas na e para a
interpretação de dados arqueológicos. Outros subsídios
como a etnografia também fornecem um descortinar de
noções para se inferir sobre passados cujos códigos culturais
nós não possuímos mais. O caso das estatuetas vem como
um suporte crítico para a análise da construção do
conhecimento e divulgação arqueológica, evidenciando como
as narrativas são reflexos dos momentos históricos em que
são construídas. As estatuetas das Estearias do Maranhão
são utilizadas como suporte para a fabricação de novas
possibilidades interpretativas para, além daquela que associa
automaticamente sexo biológico ao gênero, baseada na
análise de outros fatores que extrapolam as vulvas.