As operações portuárias podem ser consideradas um potencial de fonte de poluição. Com isso, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar as atividades portuárias e as suas influências na qualidade do ar e na vida da população no entorno do Porto do Recife, Pernambuco. Para tanto foi realizado um fluxograma das atividades portuárias para identificação das fontes de emissões atmosféricas durante as operações do Porto do Recife. Para análise de fumaça preta dos veículos terrestres foi realizada uma parceria com Sest Senat para medição desse tipo de fumaça, utilizado o tacômetro e opacímetro, sendo realizada uma coleta por mês, no período de maio de 2022 a abril de 2023. Para as embarcações, foram realizadas estimativas de emissões atmosféricos das embarcações baseado na categoria do navio e o tipo de combustíveis, utilizando dados de 2021, 2022 e 2023. Posterior a isso, foi elaborado um inventário de gases do efeito estufa para conhecer o cenário do Porto, referente ano 2022. Em paralelo, foi realizado um questionário de forma virtual com trabalhadores portuários e moradores do entorno entender as relações socioambientais com o Porto. Como resultado, foram identificadas 08 fontes de emissões atmosféricas nas operações portuárias, sendo elas todas móveis. Com relação aos veículos terrestres foram realizadas 11 coletas com os caminhões que trafegam no Porto, onde 129 caminhões passaram por inspeção veicular, dentre esses 88 estavam apresentando o nível de opacidade dentro dos níveis permitidos, sendo considerado como aprovados, 20 foram rejeitados e 14 foram reprovados. Com relação as embarcações, foi verificado que os navios tipo tanque são os que tem a maior contribuição na emissão de CO_2, tanto em 2021 (1666.229,23t) quanto em 2022 (158.1603,7t). Já no ano de 2023, quem se destacou foi o graneleiro com emissão de 135.7709,2 tCO₂. Com relação ao inventário foi verificado que apresentaram no escopo 1 a maiores emissões provenientes de resíduos sólidos e o escopo 3 das embarcações atracadas no porto. Com relação aos questionários foram obtidas 67 respostas referente aos questionários sobre qualidade do ar, que evidenciaram que a população acha que há interferência das operações portuárias na qualidade do ar. Contudo, esta pesquisa proporcionou uma variedade de resultados específicos para o Porto, os quais podem ser aproveitados para expandir as iniciativas já em curso e promover o desenvolvimento de outras áreas relacionadas. Isso pode trazer benefícios para a cidade do Recife, para a comunidade portuária e contribuir para a preservação do meio ambiente em benefício das gerações futuras.

Os materiais provenientes das indústrias de cerâmicas vermelhas são a base para a construção civil no Brasil, primordialmente, utilizados nas moradias de interesse social. Contudo, quando não obedecem à legislação ambiental que orienta esta atividade podem gerar graves impactos no meio ambiente e na sociedade. Nesse sentido, esta pesquisa buscou  analisar a (in)sustentabilidade ambiental da produção ceramista em Pernambuco,especificamente, na região da bacia hidrográfica do baixo Capibaribe. Para a investigação, foi efetuado o desenvolvimento de indicadores de (in)sustentabilidade ambiental por meio da percepção dos empresários, trabalhadores, moradores adjacentes aos problemas gerados pelo segmento, sindicatos, associações e autoridades competentes, além da medição de poluentes atmosféricos e sonoros, da erosão do solo. Realizou-se, posteriormente, a identificação dos impactos da insustentabilidade no meio ambiente. Para tal, foi feito o levantamento da literatura e pesquisa de campo, assim como aplicação de uma matriz de interação e o mapeamento tanto dos empreendimentos quanto das áreas onde ocorrem as degradações. Em seguida, fez-se a averiguação dos conflitos ambientais e da governança ambiental existentes, ou não, na atividade ceramista, a partir dos resultados obtidos com as entrevistas e a visita de campo para a realização da análise de constelação. Por fim, foram feitas sugestões de ações que visem ao desenvolvimento com sustentabilidade do referido setor.  Como resultados, os indicadores apontaram a prevalência da insustentabilidade, posto que apenas dois foram considerados sustentáveis, ambos ligados à geração de renda e empregabilidade nas comunidades em que os empreendimentos estão situados. No que tange à dimensão natural, esta atingiu um índice de 0,2, enquanto a socioeconômica 0,4 e a político-institucional 0,3. Referente ao índice geral, teve-se 0,3. Este cenário causa uma série de consequências que fragilizam os lugares por modificar as condições socioambientais. Conclui-se que os processos de governança se configuram como 

A maneira que os recursos ambientais são utilizados refletem a potencialidade de cada região, assim como o modelo econômico de desenvolvimento adotado pela sociedade. As mudanças no uso do solo, sejam em função de fatores naturais ou econômicos, impactam em grande medida a qualidade e disponibilidade dos recursos hídricos. De modo que essa dinâmica pode sofrer impactos cada vez maiores em função do crescimento das demandas da sociedade, associadas às intempéries climáticas que se apresentam cada vez de forma mais claras em vista do desenvolvimento de metodologias de análise climáticas. Em Pernambuco, dentre as regiões mais importantes socioeconomicamente, está a Zona da Mata. Esta região apresenta uma característica marcante quanto ao seu uso do solo, que é o histórico centenário de cultivo de cana-de-açúcar. No entanto, essa região observa alterações no uso do solo em função do crescimento industrial, das dificuldades que o setor sucroalcooleiro enfrenta para se manter competitivo em relação à outras regiões do país, fazendo com que áreas que antes eram dominadas pelo cultivo da cana-de-açúcar, sejam convertidas principalmente em pastagens e outros cultivos agrícolas. Para avaliar os reflexos dessa dinâmica nos recursos hídricos da região, foi utilizada modelagem hidrológica através do modelo SWAT (Soil and Water Assessment Tool) em duas das principais bacias hidrográficas do estado, as bacias dos rios Goiana e Sirinhaém. Após calibração e validação do modelo hidrológico, foram traçados cenários para simular condições de mudanças climáticas e de uso do solo, de modo a observar como as possíveis novas condições podem afetar a dinâmica hidrossedimentológica destas bacias. Os cenários de mudanças no uso do solo foram determinados buscando retratar a tendência atual de variação do uso, e pequenas alterações percentuais quanto à predominância de cada classe, com o intuito de prever mudanças não tão drásticas, de modo que os resultados representam ao máximo, possibilidades reais dessa dinâmica, uma vez que o processo de substituição de atividades econômicas é um processo geralmente lento e não linear no tempo. Os cenários propostos buscaram simular condições de uso do solo primeiramente, seguindo a tendência de diminuição de áreas destinadas à cultura da cana-de-açúcar, e convertendo-as em áreas de pastagem e mosaico de agricultura de sequeiro e pastagem. O outro cenário estimado manteve a lógica de redução da área de cana-de-açúcar, porém as classes que observaram aumento foram as de mosaico de agricultura de sequeiro e fragmentos de florestas. Os resultados obtidos para a bacia do rio Goiana apontam para redução dos volumes de água lançados à atmosfera em forma de vapor por meio da evapotranspiração, de modo que mais água permanece na superfície disponível para recarga de aquífero em função do aumento da percolação, no entanto, esse excedente hídrico também gera aumento do escoamento superficial e consequentemente, da produção de sedimentos, o que pode propiciar uma maior ocorrência de eventos de inundação e assoreamento dos corpos hídricos, além de perda de solo agricultável, quando associados aos eventos extremos de precipitação que cada vez mais se mostram recorrentes. Para a bacia do rio Sirinhaém as mudanças propostas do uso do solo pouco alteraram a dinâmica da evapotranspiração, a percolação variou levemente de forma negativa, assim como o escoamento superficial. A variação da produção de sedimentos se eu de forma irregular ao longa da bacia, no entanto, nas sub-bacias localizadas nos baixos cursos dos rios presentes na bacia, observou-se uma tendência de aumento dos volumes de sedimentos produzidos. Essa baixa alteração dos valores encontrados nos elementos do ciclo hidrológicos para a bacia do rio Sirinhaém pode ter sido em função de que, mesmo com a alteração do uso do solo, a cana-de-açúcar ainda se manteve como uso principal, praticamente resultando no somatório das áreas destinadas à pastagem, agricultura de sequeiro e fragmentos florestais. Quanto aos cenários propostos com o intuito de simular diferentes condições climáticas, foi-se constatado que ambas as bacias apresentam suscetibilidades relevantes quando à disponibilidade hídrica em cenários que projetam reduções nos volumes de precipitação e tendências à consideráveis aumento percentuais de escoamento superficial e produção de sedimentos em cenários que consideram um aumento no volume de precipitações na ordem de 5%. Esses resultados apontam para a necessidade de um planejamento efetivo com relação aos recursos hídricos no estado, uma vez que as crescentes

demandas por água em função da expansão da demanda hídrica com o crescimento urbano e populacional, além do maior desenvolvimento do setor industrial na região, geram pressões sobre os

recursos naturais. Some-se a isso o fato de que há muitas incertezas relativas às alterações que as mudanças climáticas podem impor ao estado, gerando uma necessidade de se tomar medidas de

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manejo para que se garantam a sustentabilidade das atividades econômicas, associadas ao atendimento das demandas hídricas da sociedade como um todo.

A busca pelos recursos naturais em Moçambique a partir de 1992, após a assinatura do acordo de paz entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), com influxo de capital em investimento direto externo, tem movimentado a comunidade política, científica e social. Não obstante a extração mineral proporcionar o desenvolvimento econômico de Moçambique, ela traz problemas relacionados ao meio ambiente, pois é uma das atividades humanas que mais contribuem para alteração da superfície terrestre, afetando o local onde a atividade é praticada e seu entorno, impactando o solo, o subsolo e a paisagem em seu todo. Em Moçambique, a mineração na atualidade tem grande potencial de impacto socioeconômico e ambiental; e para que sejam relevantes, é necessária maior proximidade entre empresas mineradoras, governo e sociedade. Este estudo tem como objetivo avaliar os impactos socioambientais no meio ambiente da extração mineral em Moçambique com uso de sensoriamento remoto, com destaque aos avanços econômicos do país, às mudanças no uso e na ocupação do solo, na poluição dos recursos hídricos e na biodiversidade. A metodologia utilizada neste trabalho foi o sensoriamento remoto para avaliar as mudanças ocorridas no uso e na ocupação do solo, com imagens dos satélites Landsat 5 e Landsat 8 para o cálculo do índice de vegetação da diferença normalizada (NDVI) nos anos de 1990, 2005, 2010, 2015 e 2020. No trabalho de campo foi usada a abordagem quantitativa e qualitativa; por meio dessas foram aplicadas várias técnicas, como: verificação da vegetação, entrevistas ao pessoal-chave do estudo para análise dos impactos socioambientais causados pela mineradora de areias pesadas. O resultado foi a não percepção dos graves impactos ambientais por parte dos moradores das redondezas da mina pelo alto índice de analfabetismo do local.

As Áreas Marinhas Protegidas são locais responsáveis pela conservação dos ecossistemas marinho-costeiros, além de promover a continuidade de atividades tracionais/locais como a pesca artesanal. As estratégias de gestão dessas áreas devem incluir a junção dos saberes e práticas locais, equidade de gênero e caracterização da condição ambiental das áreas de pesca, para que se torne possível implementar acordos de gestão e planos de manejo, além de possibilitar o alcance            das metas propostas nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ODS 5 e 14). O objetivo geral do presente estudo compreender as dinâmicas socioambientais da pesca artesanal na Reserva Extrativista Acaú-Goiana (Nordeste do Brasil) a partir das trajetórias de vidas pescadoras, caracterizando o ambiente e os moluscos explorados. A área de estudo é a RESEX Acaú-Goiana, que está situada entre o litoral dos Estados de Pernambuco e da Paraíba, sendo uma Unidade de Conservação Federal que tem como objetivo garantir o uso sustentável dos recursos pesqueiros do estuário dos Rios Goiana e Megaó. O método da pesquisa foi baseado na abordagem interdisciplinar, utilizando a etnoconservação como base para as discussões. O primeiro capítulo apresenta uma revisão sistemática da literatura, referente a temática de gênero e pesca artesanal, realizada nas plataformas Science Direct e SCIELO, utilizando as seguintes combinações: (i) “artisanal fishing” + “gender”; (ii) “artisanal fishing” + “woman”; (iii) “fisherwomen”; (iv) “gender” + “fisheries management” + “fisherwomen”; (v) “local knowledge” + “fisherwomen”. Ao total foram analisados 69 artigos, com maior índice de publicação para o Brasil e a Índia. O segundo capítulo foi construído a partir da aplicação de entrevistas semiestruturadas com as mulheres liderança das comunidades pesqueiras da RESEX Acaú-Goiana, bem como das pescadoras artesanais de moluscos beneficiárias do território. Foram entrevistadas 11 lideranças e 80 pescadoras, ressaltando suas histórias de vida, principais recursos pesqueiros utilizados, casos de discriminação, e propostas de gestão pesqueira. O terceiro capítulo discute sobre a caracterização ambiental do estuário e do manguezal na área, utilizando métodos de sensoriamento remoto para análise da vegetação de mangue, e de caracterização da qualidade da água estuarina. A área de mangue encontra-se estável na RESEX Acaú-Goiana, porém, a água apresenta casos de hipóxia, o que pode influenciar na dinâmica dos recursos pesqueiros. O quarto capítulo investiga sobre a condição biológica e reprodutiva das populações do marisco (Anomalocardia flexuosa), ostra (Crassostrea rhizophorae) e sururu (Mytella strigata). Foram utilizados três pontos de amostragem para o marisco, três para a ostra e um ponto para o sururu, onde todos foram identificados a partir das pescadoras, como sendo os principais locais de pesca. As populações apresentam estabilidade referente aos parâmetros morfométricos e de biomassa, sendo rentáveis para o seu uso na pesca artesanal. Todos os espécimes analisados já tinham passado pela diferenciação sexual e estavam aptos a reprodução. A culminância dos quatro capítulos a tese embasa considerações para a gestão pesqueira, ressaltando as mulheres pescadoras como protagonistas, servindo como subsídio para a construção do Plano de Manejo da RESEX Acaú-Goiana, alcançado os ODS 5 e 14.

Esta tese apresenta um estudo sobre o processo de planejamento dos recursos hídricos com base na lógica de gestão integrada, compartilhada e descentralizada, modelo estruturado no Brasil a partir da Política Nacional dos Recursos Hídricos (PNRH, 1997). De acordo com essa lógica a gestão dos recursos hídricos deve se materializar adotando-se a bacia hidrográfica como unidade territorial de gestão e formalizando-se os comitês de bacias hidrográficas através de representatividades do poder público, entidades civis e usuários de água. Neste sentido este trabalho tem como objetivo analisar os desafios e o potencial de ampliação da participação social na Gestão Integrada dos Recursos Hídricos no território, fazendo o recorte análitico do Alto Pajeú, a partir da realidade da estruturação do comitê de bacia hidrográfica do rio Pajeú em Pernambuco, território dividido geográfica e politicamente em três trechos, cujo rio principal é um dos afluentes do rio São Francisco (de grande importância econômica e social para o Brasil) e está inserido no Semiárido Nordestino brasileiro, local de construção histórica da lógica de escassez de água e de reprodução das desigualdades sociais, com base na apropriação desigual desse recurso da natureza. Defendemos  a tese de que os desafios da participação social na política hídrica no território estão relacionados à composição e aos aspectos processuais de formação e de atuação do comitê em que não se busca uma aproximação com as particularidades locais e dessa forma, o funcionamento deste colegiado se materializa como um modelo padronizado. Do ponto de vista teórico-metodológico realizamos uma revisão bibliográfica e uma análise documental a partir de uma abordagem da categoria de território, buscando relacioná-la à participação social e ao direito à água. Concluímos que os desafios à construção da gestão participativa dos recursos hídricos na bacia hidrográfica estão vinculados  ao processo de formação sócio-histórica do território em que as relações de poder foram instituídas no passado entre os donos de terra e de água e as populações vulneráveis, dependentes desses recursos, assim como, esses desafios no presente estão vinculados à hierarquização e centralização das decisões por parte do Estado na lógica de construção do direito à água. O estudo através de metodologias participativas, apresenta algumas diretrizes para o processo de ampliação da participação social no comitê de bacia hidrográfica para a construção descentralizada da política hídrica em que pese as particularidades da realidade do território.

A mudança do uso solo tem causado a redução do estoque de carbono (C), contribuindo para emissão dos gases de efeito estufa (GEEs) para atmosfera, principalmente o dióxido de carbono (CO₂). Além disso, tem impactado negativamente as propriedades físicas do solo, como sua porosidade. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo avaliar o impacto da conversão da cana-de-açúcar para eucalipto no estoque de C e o espaço poroso do solo. Este estudo foi realizado nos municípios de Chã de Alegria e Paudalho, localizados na Zona da Mata pernambucana. Foi selecionada uma área de mata, duas áreas de eucalipto com sete anos de plantio e duas áreas de cana-de-açúcar, com 15 e 17 anos de plantio. Em cada uso foram coletadas amostras deformadas para determinação do carbono orgânico e granulometria, e amostras indeformadas, para obtenção das imagens tomográficas e densidade, nas profundidades 0-10 e 10-20 cm, exceto, as amostras para tomografia que foram coletadas apenas na camada superficial do solo.  O estoque de C foi determinado a partir da densidade e carbono orgânico total do solo. O espaço poroso foi avaliado através da porcentagem de espaços vazios nos solos e medidas de lacunaridade e sucolaridade. Observou-se que eucalipto estocou mais carbono que cana-de-açúcar na classe Argissolo, porém, no Latossolo o estoque de C foi maior na cana-de-açúcar, mostrando que o eucalipto estoca carbono, mas isso vai depender das condições do ambiente em que o plantio de eucalipto está inserido. A porcentagem de vazios das imagens, valores de lacunaridade e sucolaridade, foram maiores nos solos cultivados por eucalipto, apresentando melhor distribuição de poros e maior capacidade de um líquido atravessar o solo, mostrando que o eucalipto tem potencial de melhorar o espaço poroso do solo. Além disso, foi observado que o desempenho da porcentagem de vazios, lacunaridade e sucolaridade do solo d eucalipto, foi semelhante ao solo de mata nativa, sugerindo que a plantação de eucalipto pode sustentar a boa qualidade do sistema de poros ao longo do cultivo.

                                                       Resumo 

Sob a égide do capital os recursos naturais são apropriados e transformados em mercadoria. Nesta lógica, territórios são explorados e comunidades tradicionais são despossuídas de seus ambientes de trabalho e moradia, da força de trabalho, dos recursos naturais (praia, rios, restinga, seus acessos e os benefícios que tais recursos podem oferecer) e de símbolos urbanos, os quais são apropriados e alguns deles são simulacros para atrair visitantes e gerar lucros, ou seja, criam-se cenários. Assim, a partir da produção capitalista do espaço, os mesmos que destroem a natureza para construir empreendimentos imobiliários e turísticos, também a usa como atrativo no processo de especulação e venda. É recorrente a utilização de nomes indígenas e de espécies da fauna e flora nesses equipamentos, sendo uma forma de atrair pessoas para usá-los e/ou adquiri-los. Isto posto, este projeto tem como objetivo geral: analisar o processo de produção do espaço da Rota Ecológica dos Milagres, em Alagoas, a partir dos arranjos territoriais que se estabelecem em diferentes escalas que estão localizados, no litoral norte do estado, a qual vem sendo alvo da expansão de pousadas de charme, empreendimentos imobiliários de alto padrão, circuitos de casamentos e festas de grande impacto local e nacional, como o réveillon dos Milagres. Este arranjo territorial foi criado há cerca de uma década e vem sendo oficializado pelo estado. Três municípios se situam no recorte empírico de estudo, são eles: Passo de Camaragibe, São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras, ambos se inserem na Unidade de Conservação Federal - Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais. Assim, tem-se como objetivos específicos: discutir e analisar as relações de poder que definem os múltiplos territórios que compõem a Rota Ecológica dos Milagres, AL; analisar a exploração dos recursos socioambientais como meios efetivos na reprodução do capital; identificar e analisar os conflitos e impactos socioambientais no processo de produção deste espaço; e analisar como a construção de narrativas simbólicas têm contribuído para a produção destes espaços turísticos litorâneos pautada na despossessão ampliada.  O método empregado será o dialético a partir do materialismo histórico.  

Na indústria sucroalcooleira a gestão responsável dos resíduos é fundamental para garantir um desenvolvimento sustentável. A vinhaça, um subproduto do processamento da cana-de-açúcar, apresenta desafios quanto à sua gestão e impactos ambientais. O presente estudo teve como objetivo investigar a influência do tempo de aplicação da vinhaça em algumas características de solo, utilizando a tecnologia de tomografia computadorizada de raio-X. Foram analisados os efeitos da vinhaça na estrutura do solo, especificamente com relação à macroporosidade, radiodensidade e formação de agregados. Também foi explorada a relação entre as práticas de gestão da indústria sucroalcooleira e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Foram escolhidas quatro áreas de estudo com diferentes períodos de aplicação da vinhaça: sem aplicação, 2 anos, 15 anos, e 30 anos de aplicação. Em cada área foram coletadas quatro amostras de solo, totalizando 16 amostras. Essas amostras foram submetidas à tomografia computadorizada de raio-X, para avaliação dos parâmetros macroporosidade, radiodensidade e distribuição de agregados. Foram analisados aspectos do solo desenvolvendo-se uma metodologia específica para o processamento das imagens de raio-X, sendo utilizado o programa ImageJ, sem a necessidade de plugins adicionais. Os resultados evidenciaram que uma gestão adequada da vinhaça é de grande importância para preservar a qualidade do solo e garantir a sustentabilidade da indústria sucroalcooleira. O tempo de aplicação da vinhaça exerceu mudanças na macroporosidade, radiodensidade e distribuição de agregados do solo, sendo o de 30 anos o que evidenciou melhores resultados.

A emissão de gases de efeito estufa (GEE) é uma questão ambiental premente que tem implicações significativas nas mudanças climáticas globais. Historicamente, o setor de transporte tem sido um contribuinte significativo para as emissões de GEE devido ao uso predominante de combustíveis fósseis em veículos. No entanto, o sistema ferroviário é amplamente reconhecido por ser uma forma de transporte mais eficiente em termos de emissões de carbono em comparação com os modos de transporte rodoviário e aéreo. Neste contexto este estudo realizou uma análise bibliométrica retrospectiva abrangendo duas décadas no setor ferroviário, de 2002 a 2021, com o intuito de aprofundar a compreensão das nuances da pesquisa nesse campo. Para tal, utilizou a ferramenta VOSviewer para mapear conexões entre variáveis estudadas, revelando um marcante aumento nas publicações ao longo desse período. O trabalho de destaque foi o de Zhang, Y.T., identificado como o autor mais prolífico. Predominou o enfoque em engenharia, sendo o Transportation Research Record o periódico com maior publicação. A liderança desse campo ficou a cargo da China, notadamentecom a Southwest Jiaotong University. Contudo, salientou-se a lacuna concernente à pesquisa do impacto ambiental e sustentabilidade nos sistemas ferroviários, apontando para um campo promissor de investigação futura.

Resumo: Os estudos da troca de energia nos ecossistemas fornecem informações importantes para a compreensão da produtividade nos ecossistemas. A vegetação é um dos principais elementos da biosfera terrestre sendo responsável pela avaliação e funcionamento da atividade fotossintética, bem como para as trocas de carbono entre os ecossistemas e a atmosfera. Neste contexto, os fluxos de carbono são utilizadas para avaliar, planejar e gerenciar os recursos ambientais frente às mudanças climáticas globais, sendo importante entender o comportamento da variabilidade da absorção do carbono em áreas semiáridas, a fim de quantificar e prever os efeitos das alterações climáticas. Este estudo tem por objetivo avaliar e modelar a Produção Primária Bruta, a Produtividade Primária Líquida e a Respiração do Ecossistema no Bioma da Caatinga frente às mudanças climáticas. Foram obtidas medições da GPP, NEE e Reco do ano de 2015 em área de caatinga preservada com sensores instalados numa torre  micrometeorológica. Os resultados foram apesentados em três diferentes artigos científicos, sendo que no primeiro deles utilizou-se a refletância da superfície do produto MOD09GA dereivado do MODIS/TERRA e a refletância de superfície obtida com o OLI - Landsat-8. Foram adquiridas 9 cenas do produto MOD09GA e 6 cenas do OLI - Landsat-8. Foi realizada a seleção de amostras espectrais na imagem (espectros de referência), considerando o ponto espectral do local de coleta. Os modelos foram construídos a partir das combinações das bandas  (, , , ...,  e suas transformações (, , , , , , ). Os desempenhos dos modelos foram avaliados utilizando o coeficiente de correlação de Pearson,  o Erro médio quadrático RMSE  e o PBIAS. Os resultados apontaram que os modelos calibrados demostraram bom desempenho na previsão da GPP, NPP e Reco com base nas reflectâncias do OLI/Landsat 8 e do MODIS/Terra MOD09GA. No segundo artigo foram exploradas medições realizadas com o espectrorradiômetro portátil FieldSpec HandHeld da Analytical Spectral Devices (ASD). Foram obtidas expressões de regressão envolvendo dados da torre micrometeorológica com os do FielSpec destinados a estimar a GPP, PSN_NET   e Reco.  Foram aplicadas as reflectâncias do produto MOD09GA e os valores do MOD17A2H. Os resultados apontaram que os modelos desenvolvidos são adequados para estimar a GPP, NPP e a Reco com dados de refletâncias do visível e infravermelho próximo e envolvendo ainda aspectos fenológicos para o ecossistema de Caatinga. No artigo 3 foi realizada a caracterização climática do período de 2015 a 2019 a fim de verificar se os fluxos de carbono acompanharam a sazonalidade climática da região. Os resultados apontaram que os valores médios dos fluxos foram condizentes com os padrões climáticos. Foi visto a variação dos fluxos de carbono diário associados as variáveis ambientais (vegetação, relevo e solos), assim também o uso e cobertura do solo para todo o domínio da Caatinga. Foram criados modelos a partir das faixas espectrais observadas em campo e verificadas as estimativas para as ecorregiões da Caatinga. Observou-se que as áreas de altitudes (Complexo Ibiapaba-Araripe e a Chapada Diamantina) obtiveram valores mais altos de GPP, Reco e PSN_net  , e a Depressão Sertaneja Meridional obteve valores baixos para todo o ano de 2015

Esse documento vem a perpassar reflexões sobre e visando melhorias na gestão ambiental em reservatórios tendo como obojetivo uma proposta metodológica através de índice e indicadores de qualidade para planos ambientais hidrícos. Os pensamentos se iniciaram a partir de uma análise bibliométrica dos estudos que envolveram os reservatórios brasileiros em bases de impacto (Web of Science e SCOPUS),  onde notou-se que os estudos mais citados sobre os reservatórios no Brasil baseiam-se nas pesquisas da comunidade planctônica e da ictiofauna como também nota-se uma carência de trabalhos do tema envolvendo diretamente as políticas hídricas. Seguindo a linha do planejamento territorial, o segundo capítulo trouxe uma análise dos Modelos Digitais de Elevação (MDE) enquanto sua qualidade, uma vez que esse produto é utilizado em diversos tipos de modelagens na atualidade. Diante as informações trabalhadas, observou-se a excelência dos dados oriundos dos MDEs SRTM-30, TOPODATA e ALOS AW3D30, quando comparados ao LiDAR PE3D, nas diferentes unidades geoambientais estudadas, alcançando fatores de escalas de 1:25000 (precisão acima dos 5 metros). As geotecnologias e o planejamento territorial foram o foco do terceiro capítulo, onde abordou-se diferentes respostas a potenciais e susceptibilidades das áreas de entorno dos reservatórios em diferentes escalas. A relevância desse capítulo se dá justamente pela busca da tangibilidade e a validação do processamento de dados com qualidade em diferentes tamanhos ao entorno de ambientes hídricos. Além de informações notórias que podem ser resgatadas dessas regiões, observa-se a veracidade em extrair produtos mais sensíveis, frente as metodologias e boas práticas científicas, tais como fragilidades ambientais, potencialidades a agruticultura ou suscetibilidade a erosão/desertificação, relacionando-as com a gestão do ambiente. Levando em consideração os resultados dos capítulos anteriores, o quarto capítulo  amparou-se na legislação vigente, estudos sobre administração estratégica e suas relações com a gestão ambiental. A partir de uma análise dos Planos Ambientais de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial, apresentou-se de um mapeamento alternativo dos processos, a fixação de indicadores de qualidade de desempenho, a sua respectiva base métrica para mensuração e a confecção de uma proposta metológica composta de um índice de qualidade denominado Índice de Planejamento sustentável dos Planos Ambientais de Reservatórios de Água (IPARA) sendo este validado através de documentações onde apresentou resultados que poderão auxiliar no monitoramento qualitativo e verificação de diferentes instâncias, sejam elas institucionais/públicas, privadas e sociedade civil, podendo também ser replicado para outros documentos decorrentes e derivados das legislações ambientais em ambientes de interesse. Através dessas pesquisas, pretende-se contruibuir não somente no modo de como se confeciona os documentos sobre as áreas de entorno de reservatórios, mas também como se pesquisa e se extrai essas informações, entregando a sociedade referências sobre a região que podem ser utilizadas em outros âmbitos sensíveis a sociedade e economia.

A seca enquanto fenômeno natural e suas diferentes classificações em meteorológica, hidrológica, agrícola e social pode ser analisada a partir uma percepção que envolva estratégias necessárias para mudança de paradigmas. Neste contexto, as tecnologias sociais desempenham um papel de destaque, dentre elas às relacionadas com a água da chuva destinadas ao público da agricultura familiar e com reflexões que fomentam (re)pensar o espaço vivido. Este trabalho buscou avaliar o impacto das tecnologias sociais e sua utilização agrícola na perspectiva do desenvolvimento local em comunidades rurais situadas no semiárido nordestino. A pesquisa foi realizada no município de Serrinha, localizado no Estado da Bahia. A metodologia baseou-se em pesquisas em campo e levantamento de dados secundários em órgãos oficiais e entidades que atuaram na execução de programas voltados à captação da água de chuva e tecnologias sociais. Verificou-se que as décadas de 1900 e 2000 registraram um maior número de eventos secos, com destaque para os anos de 1993 e 2012. Neste contexto, as tecnologias identificadas e implementadas em comunidades rurais desempenham papel importante para a convivência com as secas, especialmente na produção agrícola familiar. E também em questões relacionadas à segurança alimentar, acesso à água, inclusão de mulheres, possibilidades de comercialização e diversificação dos produtos, geração de renda e redução da pobreza e da fome, de forma atuar em ações pautadas para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, mesmo em períodos 

onde os eventos secos foram mais intensos. No entanto, vale destacar a necessidade de que ações desta natureza tenham continuidade e permanência de forma a não se transformar em estratégias que estimulam o assistencialismo e somente questões pontuais. A partir da mobilização social e estímulo ao desenvolvimento local as tecnologias analisadas contribuem com a ressiginificação do semiárido

A dinâmica da urbanização acelerada pela expansão de áreas irregulares, sem critérios
técnicos adequados, impulsionou a formação de núcleos desordenados em áreas
geomorfologicamente frágeis ao uso urbano, com efeitos graves sobre a qualidade de
vida de sua população, como é o caso da fixação em áreas de risco geomorfológico. Na
RMR as áreas de risco mais vulneráveis aos desastres decorrentes das chuvas são
constituídas pelas áreas de morros íngremes, com adensamento populacional, aliada às
condições sociais e econômicas. O presente trabalho tem como objetivo geral
desenvolver um modelo conceitual da gestão de riscos a desastres associados aos
eventos de chuvas na Região Metropolitana de Recife (RMR). A metodologia
contemplada envolveu as seguintes etapas: levantamento bibliográfico, caracterização
da área de estudo, interpretação de dados cartográficos e registro fotográfico. Os
resultados obtidos indicaram que na análise da precipitação mensal, constatou-se que o
trimestre maio-junho-julho, de forma geral, são os meses com as maiores frequências
com registros de precipitação e com maiores ocorrências de desastres. Quanto à
variabilidade interanual o levantamento demonstrou que ao longo do espaço-tempo na
RMR foi atingido por períodos de secas, por conta dos efeitos do fenômeno do El Niño
e por períodos de precipitações significativas. O mapa de índice de vulnerabilidade da
população revelou que existem diferentes níveis de maneira geral, os habitantes que
residem nas áreas mais pobres dos municípios da RMR atingem especialmente a fração
mais socialmente vulnerável da sociedade. Diagnosticou-se que os principais impactos
socioeconômicos e ambientais decorrentes das chuvas constituem em danos humanos,
estruturais/materiais e ambientais. A implantação de sistema de alerta, que é relevante
para reduzir ou até mesmo controlar a vulnerabilidade da população e os riscos a
desastres. Quanto ao modelo de gestão de riscos a desastres associados aos eventos de
chuvas intensas na RMR urge a necessidade do planejamento e que sejam pautados em:
1) investimento em medidas de prevenção e preparação das comunidades sob áreas de
risco de desastres; 2) mapeamento e monitoramento das áreas de risco; 3) a capacitação
da população; 4) o serviço gratuito de envio de mensagens curtas por celulares a
população; 5) o acionamento de sirenes com a saída imediata do imóvel; 6) a definição
previamente dos locais seguros para as pessoas afetadas serem conduzidas; 7) a vistoria
destes imóveis que foram evacuados 8) o cadastro das pessoas que devem receber o
auxílio moradia e; 9) investimento do poder público em tecnologia para realizar o
monitoramento da atmosfera e obter informações no curtíssimo prazo de tempo,
sobretudo, quando a chuva atinge áreas habitadas aos deslizamentos e alagamentos. É
fundamental que os gestores públicos cuidem mais dos municípios que compõem a
RMR e, principalmente das pessoas, proporcionando ações afirmativas que primem por
mais resiliência, acolhimento e inclusão.

La pequeña minería aurífera en Colombia está marcada por relaciones de informalidad e ”ilegalidad” propias de la estructura económica y política del país, ésta condición la convierte en una expresión de trabajo vulnerable de ser capturada por capitales subterráneos, usureros y criminales, quienes se encargan de financiar y/o extorsionar todas las etapas de la cadena de valor siendo los primeros aunque no los últimos en apropiarse de la riqueza y la plusvalía producida en los procesos productivos de la pequeña minería, la cual, será distribuida en un flujo que tiene lo local como contexto de múltiples sutilezas para encubrir la “ilegalidad” del oro, lavar dinero y continuar la ruta comercial hasta lo internacional.

En esta tesis, se aborda la pequeña minería aurífera informal con sus funciones sociales y contradicciones particulares en el territorio de Segovia-Antioquia en Colombia, el cual se localiza en un ordenamiento a escala regional inserto, a su vez, en la lógica de totalidad del sistema capitalista y de la división internacional del trabajo.