|
Dissertações |
|
1
|
-
LIDYANE CARLA LUZ DOS SANTOS
-
O MAL BANAL EM HANNAH ARENDT: UMA ANÁLISE FILOSÓFICA DA OBRA EICHMANN EM JERUSALÉM
-
Orientador : JULIELE MARIA SIEVERS
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ALEXANDRINA PAIVA DA ROCHA
-
FILIPE AUGUSTO BARRETO CAMPELLO DE MELO
-
JULIELE MARIA SIEVERS
-
Data: 24/02/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
Esta dissertação tem como objetivo analisar o conceito de “banalidade do mal” de Hannah Arendt tal como formulado na obra “Eichmann em Jerusalém”, de 1963. Inicialmente, fazemos uma análise mais abrangente do conceito de “mal” na História da Filosofia, notadamente em dois autores cujas concepções acerca deste termo traçam uma espécie de trajetória teórica para a compreensão arendtiana, a saber, Santo Agostinho e Immanuel Kant. Partindo da análise agostiniana sobre o mal, que este compreende como ausência do bem, vemos uma transição da discussão para o plano moral e não mais unicamente metafísico/religioso. Em Kant, a relação com o conceito arendtiano é mais explícita, já que a própria autora se refere à noção de mal radical kantiano antes de formular sua concepção de mal banal. Analisaremos tal noção em Kant e em seguida, analisaremos a transição deste conceito para o âmbito político, quando Arendt descreve As Origens do Totalitarismo, e é nesse contexto político que iremos perceber também a decorrente ruptura que Arendt estabelecerá em relação à noção de mal radical. No capítulo seguinte, buscaremos aprofundar nossa análise na obra Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal, a fim de ponderar sobre o julgamento de Adolf Eichmann, ex-soldado nazista responsável pelo deslocamento dos judeus à campos de concentração e extermínio, e sobre o relato feito por Arendt acerca de sua “postura” aparentemente incoerente com a expectativa de indescritível monstruosidade. No julgamento de Eichmann, Arendt percebe um novo tipo de mal, praticado por indivíduos comuns, que têm como principal característica a ausência do pensar e do julgar. Eichmann alegava apenas obedecer a ordens, colocando a vontade de Hitler acima de tudo, mesmo sabendo que estava encaminhando milhares para a morte. Assim, no último capítulo, exploraremos mais a fundo o conceito de culpa e responsabilidade, assim como a maneira que tais noções impactam a construção reflexiva de Hannah Arendt no que tange ao problema do mal banal. Frente a isso, pretendemos compreender como, mesmo fora de um contexto de guerra, a banalidade do mal pode ser um mecanismo para compreender o surgimento e as ações de pessoas que se abstém de pensar.
-
Mostrar Abstract
-
Esta dissertação tem como objetivo analisar o conceito de “banalidade do mal” de Hannah Arendt tal como formulado na obra “Eichmann em Jerusalém”, de 1963. Inicialmente, fazemos uma análise mais abrangente do conceito de “mal” na História da Filosofia, notadamente em dois autores cujas concepções acerca deste termo traçam uma espécie de trajetória teórica para a compreensão arendtiana, a saber, Santo Agostinho e Immanuel Kant. Partindo da análise agostiniana sobre o mal, que este compreende como ausência do bem, vemos uma transição da discussão para o plano moral e não mais unicamente metafísico/religioso. Em Kant, a relação com o conceito arendtiano é mais explícita, já que a própria autora se refere à noção de mal radical kantiano antes de formular sua concepção de mal banal. Analisaremos tal noção em Kant e em seguida, analisaremos a transição deste conceito para o âmbito político, quando Arendt descreve As Origens do Totalitarismo, e é nesse contexto político que iremos perceber também a decorrente ruptura que Arendt estabelecerá em relação à noção de mal radical. No capítulo seguinte, buscaremos aprofundar nossa análise na obra Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal, a fim de ponderar sobre o julgamento de Adolf Eichmann, ex-soldado nazista responsável pelo deslocamento dos judeus à campos de concentração e extermínio, e sobre o relato feito por Arendt acerca de sua “postura” aparentemente incoerente com a expectativa de indescritível monstruosidade. No julgamento de Eichmann, Arendt percebe um novo tipo de mal, praticado por indivíduos comuns, que têm como principal característica a ausência do pensar e do julgar. Eichmann alegava apenas obedecer a ordens, colocando a vontade de Hitler acima de tudo, mesmo sabendo que estava encaminhando milhares para a morte. Assim, no último capítulo, exploraremos mais a fundo o conceito de culpa e responsabilidade, assim como a maneira que tais noções impactam a construção reflexiva de Hannah Arendt no que tange ao problema do mal banal. Frente a isso, pretendemos compreender como, mesmo fora de um contexto de guerra, a banalidade do mal pode ser um mecanismo para compreender o surgimento e as ações de pessoas que se abstém de pensar.
|
|
2
|
-
GUILHERME NUNES GAMA
-
O caminho erotico da etica no "Banquete" de Platao
-
Orientador : JOAO EVANGELISTA TUDE DE MELO NETO
-
MEMBROS DA BANCA :
-
JOAO EVANGELISTA TUDE DE MELO NETO
-
MARIA APARECIDA DE PAIVA MONTENEGRO
-
ROBERTO BOLZANI FILHO
-
Data: 26/02/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
Segundo Platão, o desejo é elemento fundamental na constituição da natureza humana. Na Grécia antiga, este termo era entendido ora como um deus, ora como pathos (afecção). Eros seria o que denominamos desejo ou amor, sendo o termo "erótico" utilizado para expressar esse impulso único. No Banquete, Platão discorre sobre o erotismo. Nesse diálogo, há uma reflexão acerca do deslocamento do desejo, inicialmente direcionado aos belos corpos (sensível) para o desejo voltado ao belo em si (inteligível). A tradição filosófica comum passou a atribuir caráter puramente teórico aos eide (Formas/Ideias) de Platão, excluindo sua importância prática. Contrariando isso, o Banquete discorre acerca da harmonia entre esses polos tidos como inconciliáveis. Equilíbrio que se cumpre mediante compreensão do conceito de intermediário (metaxy), princípio mediador que permite pensar a passagem entre o desejo voltado ao sensível e o desejo voltado ao inteligível. O erotismo sensível na scala amoris é condição necessária para alcançar o inteligível, o belo e o Bem em si. Desta forma, analisaremos, por meio do caminho do fenômeno Eros, a praxis do erotismo direcionado à beleza demonstrada por Platão. Ação que o autor desempenha ao realizar outra leitura deste fenômeno em relação à poesia da tradição, além de uma nova apologia de Sócrates. Notadamente, ao apresentar o modo de vida (bios) socrático como arquétipo de virtude e excelência (arete). Esse modo de vida é caracterizado pela zetesis (busca incessante) erótica à filosofia. Demonstrando isso, o Banquete pode ser caracterizado como texto filosófico fundamental para o ethos (costumes), e sua análise do desejo como elemento inevitável da natureza humana estabelece esta obra como atemporal. Logo, essencial para compreender a ética do erotismo da polis grega antiga à atualidade.
-
Mostrar Abstract
-
According to Plato, desire is a fundamental element in the constitution of human nature. In ancient Greece, this term was understood sometimes as a god, sometimes as pathos (affection). Eros would be what we call desire or love, with the term "erotic" being used to express this unique impulse. At the Symposium, Plato disagrees about eroticism. In this dialogue, there is a reflection on the displacement of desire, initially directed at beautiful bodies (sensitive) to the desire direct towards beauty itself (intelligible). The common philosophical tradition began to attribute a purely theoretical character to Plato's eide (Forms/Ideas), excluding their practical importance. Contrary to this, the Symposium disagrees about the harmony between these poles considered irreconcilable. Balance that is achieved through understanding the concept of intermediary (metaxy), a mediating principle that allows us to think about the passage between desire focused on the sensible and desire focused on the intelligible. Sensitive eroticism in the scala amoris is a necessary condition to achieve the intelligible, the beautiful and the Good in itself. In this way, we will analyze, through the path of the Eros phenomenon, the praxis of eroticism directed towards beauty demonstrated by Plato. Action that the author performs by carrying out another reading of this phenomenon in relation to traditional poetry, in addition to a new apology for Socrates. Notably, by presenting the Socratic way of life (bios) as an archetype of virtue and excellence (arete). This way of life is characterized by erotic zetesis (incessant search) of philosophy. Demonstrating this, the Symposium can be characterized as a fundamental philosophical text for ethos (customs), and its analysis of desire as a fundamental element of human nature establishes this work as timeless. Therefore, it is essential to understand the ethics of eroticism from the ancient Greek polis to the present day.
|
|
3
|
-
ANA FLÁVIA FELIX COSTA
-
TECNOLOGIAS DIGITAIS COMO PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE
-
Orientador : FILIPE AUGUSTO BARRETO CAMPELLO DE MELO
-
MEMBROS DA BANCA :
-
NATACHA MURIEL LOPEZ GALLUCCI
-
DANIEL FIGUEIREDO DE OLIVEIRA
-
FILIPE AUGUSTO BARRETO CAMPELLO DE MELO
-
Data: 26/02/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
A tecnologia é um dos principais agentes de transformação da sociedade, promovendo mudanças em diversos âmbitos e moldando novas formas de conhecer, pensar e afetar. Por isso, ela ocupa um lugar central como tema filosófico e político na contemporaneidade. Nesse contexto, surge a seguinte questão: em meio às transformações tecnológicas e à imersão no mundo digital, podem as tecnologias digitais produzir subjetividades? Segundo Deleuze e Guattari, a subjetividade é produzida coletivamente a partir das conexões estabelecidas entre indivíduos, o meio social e instituições como família, escola e religião. Diante disso, este trabalho busca analisar como as tecnologias digitais, tal como são desenvolvidas atualmente, contribuem para a produção de subjetividade e desejos. Para abordar essa questão, recorremos à teoria crítica da tecnologia, que reconhece que a tecnologia não é um instrumento neutro, mas carregada de valores, sobretudo políticos e econômicos. Nesse sentido, argumentamos que existe um paradoxo nas tecnologias digitais: o que tinha a promessa de ser um meio de democratização e pluralização também padroniza, instrumentaliza e homogeneiza desejos e subjetividades. Apesar disso, há espaço para imaginar futuros alternativos e novas formas de tecnologia, que não sejam pautadas pela hegemonia tecnológica ocidental. Defendemos, portanto, a possibilidade de desenvolver tecnologias no plural — que produzam subjetividades e modos de existência polifônicos e que considerem seus contextos e necessidades de forma não universal. Isto requer a criação de um novo paradigma estético e tecnológico e a exploração de novas cosmotécnicas.
-
Mostrar Abstract
-
Technology is one of the main agents of social transformation, driving changes in various fields and shaping new ways of knowing, thinking, and affecting. For this reason, it holds a central place as a philosophical and political theme in contemporary times. In this context, the following question arises: amid technological transformations and deep immersion in the digital world, can digital technologies produce subjectivities? According to Deleuze and Guattari, subjectivity is collectively produced through the connections established between individuals, the social environment, and institutions such as family, school, and religion. In light of this, this study aims to analyze how digital technologies, as they are currently developed, contribute to the production of subjectivity and desire. To address this issue, we turn to the critical theory of technology, which recognizes that technology is not a neutral instrument but is embedded with values, particularly political and economic ones. In this sense, we argue that there is a paradox within digital technologies: what was once promised as a means of democratization and pluralization also standardizes, instrumentalizes, and homogenizes desires and subjectivities. Nevertheless, there is room to imagine alternative futures and new forms of technology that are not dictated by Western technological hegemony. We thus advocate for the possibility of developing technologies in the plural — technologies that produce polyphonic subjectivities and modes of existence while considering their contexts and needs in a non-universal way. This requires a new aesthetic and technological paradigm and the exploration of new cosmotechnics.
|
|
4
|
-
JULIANY THAINA TORRES DE LIRA
-
"Eu sou uma mulher": as implicações das certezas fulcrais para o feminino
-
Orientador : MARCOS ANTONIO DA SILVA FILHO
-
MEMBROS DA BANCA :
-
CAMILA JOURDAN
-
JANYNE SATTLER
-
JULIELE MARIA SIEVERS
-
MARCOS ANTONIO DA SILVA FILHO
-
Data: 26/02/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
A mulher cumpria certas funções sociais que pareciam, até certo tempo, estabelecidas e determinadas. No entanto, nas últimas décadas, um importante movimento começou a desafiar as relações de poder. O Feminismo possibilitou que alterações substanciais de ordem sociocultural, política e econômica ocorressem. O sujeito mulher que antes ocupava um papel essencial de privação, submissão e serventia, passava a ocupar espaços públicos e políticos. Esse impacto na sociedade também pôde ser sentido epistemicamente. Isto porque, a epistemologia que antes pensava em um humano "sem rosto", mas que cumpria os interesses do homem branco, hétero, cisgênero e europeu, agora precisava incluir novos sujeitos. É nessa perspectiva que a presente pesquisa se delineia. Pensar a mulher enquanto sujeito epistêmico, é refletir que ela não é apenas ser automato, mas ser pensante. Com isso, como saída para uma compreensão epistêmica da mulher, apresento o conceito das certezas fulcrais. Trazidas por Wittgenstein (1969), elas são definidas como certezas responsáveis por formar nossa "imagem de mundo" (Wetlbild) e permitir a funcionalidade das coisas. Para mais, são conhecidas por serem certezas fixas e básicas, dificilmente colocadas em dúvida. Nesta saída, Wittgenstein difere certeza e conhecimento, colocando-as em categorias diferentes. Dessa forma, neste trabalho defendo que, em determinadas situações, a proposição "eu sou uma mulher" se comporta como uma certeza fulcral. Contudo, em outras, ela se coloca apenas como uma proposição epistêmica, ou seja, apenas conhecimento. Isto porque, a não essencialidade da mulher permite que essa proposição possa ser revisada. Com isso, além do exame sobre o sujeito mulher no contexto filosófico, histórico e sociocultural, também investigaremos o conceito das certezas fulcrais e suas possíveis características necessárias. Utilizaremos, para esse primeiro objetivo, pensadoras como Butler (2022), Wittig (2023), Lorde (2023) e Sattler (2020, 2023), enquanto para o segundo traremos pensadores como Wittgenstein (2023), Sharrock (2004, 2015), Coliva (2010) e Silva (2022; 2023).
-
Mostrar Abstract
-
For a long time, women fulfilled certain social roles that seemed firmly established and predetermined. However, in recent decades, an important movement has begun to challenge power relations. Feminism has enabled substantial sociocultural, political, and economic changes. The female subject, who was previously confined to a position of deprivation, submission, and servitude, has gained access to public and political spaces. This societal impact has also been felt epistemically. Previously, epistemology envisioned a “faceless” human being—one that, in reality, served the interests of white, heterosexual, cisgender European men. Now, it must include new subjects. It is from this perspective that the present research takes shape. Considering women as epistemic subjects means recognizing that they are not merely automatons but thinking beings. To develop an epistemic understanding of women, I introduce the concept of fundamental certainties. Introduced by Wittgenstein (1969), these are certainties that shape our "world-picture" (Weltbild) and ensure the functionality of things. Furthermore, they are known for being fixed and foundational, rarely subject to doubt. In this framework, Wittgenstein distinguishes between certainty and knowledge, categorizing them separately. In this study, I argue that, in certain situations, the proposition "I am a woman" functions as a fundamental certainty. However, in others, it operates merely as an epistemic proposition—that is, as knowledge. This is because the non-essentialist nature of womanhood allows this proposition to be revised. Thus, in addition to examining the female subject in philosophical, historical, and sociocultural contexts, we will also investigate the concept of fundamental certainties and their possible necessary characteristics. To achieve the first objective, we will engage with thinkers such as Butler (2022), Wittig (2023), Lorde (2023), and Sattler (2020; 2023). For the second, we will turn to philosophers such as Wittgenstein (2023), Sharrock (2015; 2017), Coliva (2017), and Silva (2022; 2023).
|
|
5
|
-
JEFFERSON SILVA DE SANTANA
-
O mito da democracia racial no Brasil enquanto certeza fulcral
-
Orientador : MARCOS ANTONIO DA SILVA FILHO
-
MEMBROS DA BANCA :
-
CAMILA JOURDAN
-
ERICO ANDRADE MARQUES DE OLIVEIRA
-
MARCOS ANTONIO DA SILVA FILHO
-
WAGNER TELES DE OLIVEIRA
-
Data: 26/02/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
A presente dissertação de mestrado defenderá que o mito da democracia racial brasileira se comporta como uma certeza fulcral. Tal conceito, o de certeza fulcral, foi extraído da obra “Sobre a Certeza” (1969), de Ludwig Wittgenstein. Wittgenstein questiona a solidez das aparentes bases epistemológicas convencionais e explora como nossas certezas fundamentais são expressas na linguagem e enraizadas em contextos culturais e formas de vida específicas. Ele sugere que muitas convicções são intrinsecamente ligadas às práticas sociais e linguísticas, refletindo a complexidade das declarações de certeza. Para tanto, partiremos do amplo projeto de divulgação nacional e internacional que promoveu o mito da democracia racial no Brasil, que seria caracterizada pela convivência harmoniosa a partir da miscigenação entre brancos, negros e indígenas, em contraste com o racismo evidente em outros países do mundo. Destacaremos que o mito da democracia racial mascara profundas desigualdades e discriminações raciais persistentes na sociedade brasileira dando origem a uma narrativa fundacional. Argumentaremos que o mito oculta o racismo estrutural e as disparidades socioeconômicas que afetam a população negra, fundando uma imagem de mundo que funcionaria como uma mitologia que subjetiva o racismo e justifica a estrutura colonial que racializa corpos negros e beneficia corpos brancos. Nossa proposta visa examinar criticamente o mito da democracia racial, investigando suas origens, disseminação na cultura popular e impactos na realidade social e política do Brasil, especialmente para as comunidades negras. Nesse sentido, a pesquisa utiliza a perspectiva de Wittgenstein sobre certezas fundamentais para questionar a legitimidade e os efeitos do mito da democracia racial no imaginário popular, principalmente dos corpos racializados negros que sofremdiretamente com a repercussão dessa perspectiva dentro do seu cotidiano, até mesmo internalizando e reproduzindo padrões de racialidade dentro de suas práticas sociais.
-
Mostrar Abstract
-
This master's thesis will argue that the myth of Brazilian racial democracy functions as a hinge proposition. This concept of hinge proposition is drawn from Ludwig Wittgenstein's work On Certainty (1969). Wittgenstein questions the solidity of conventional epistemological foundations and explores how our fundamental certainties are expressed through language and rooted in specific cultural contexts and forms of life. He suggests that many convictions are intrinsically tied to social and linguistic practices, reflecting the complexity of statements of certainty. To this end, we will begin with the broad national and international dissemination project that promoted the myth of racial democracy in Brazil, which was characterized by harmonious coexistence resulting from the miscegenation of white, Black, and Indigenous peoples, in contrast to the evident racism in other parts of the world. We will highlight that the myth of racial democracy masks deep inequalities and persistent racial discrimination in Brazilian society, giving rise to a foundational narrative. We will argue that the myth conceals structural racism and socioeconomic disparities that affect the Black population, creating a worldview that functions as a mythology, subjectivizing racism and justifying the colonial structure that racializes Black bodies and privileges white bodies. Our proposal aims to critically examine the myth of racial democracy, investigating its origins, dissemination in popular culture, and impacts on the social and political reality of Brazil, particularly for Black communities. In this sense, the research employs Wittgenstein's perspective on foundational certainties to question the legitimacy and effects of the myth of racial democracy in the popular imagination, especially among racialized Black bodies who directly suffer the repercussions of this perspective in their daily lives, even internalizing and reproducing patterns of raciality within their social practices.
|
|
6
|
-
GUILBERT KALLYAN DA SILVA ARAUJO
-
PROFILAXIA DA ALIENAÇÃO COLONIAL: TOPOGRAFIA DO PENSAMENTO DE FRANTZ FANON
-
Orientador : ERICO ANDRADE MARQUES DE OLIVEIRA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
DOUGLAS RODRIGUES BARROS
-
ERICO ANDRADE MARQUES DE OLIVEIRA
-
JULIELE MARIA SIEVERS
-
Data: 06/03/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
O objetivo desta pesquisa é estabelecer uma topografia do pensamento fanoniano no tocante à subjetivação humana, a partir da crítica ao colonialismo e suas reverberações, na direção de um projeto teórico-clínico que contribua à Psicanálise. O pensamento de Frantz Fanon é notoriamente conhecido por conta de seu caráter político, dada sua radicalidade tanto enquanto crítica à sociedade moderna, estruturada através de um processo de racialização hierarquizada, quanto na sua formulação de projeto de emancipação do colonizado através do uso da violência revolucionária. Entretanto, seu trabalho possui elementos que permitem uma análise aprofundada tanto das condições objetivas da realidade concreta, como também da dimensão subjetiva, especialmente no tocante ao processo de subjetivação do negro colonizado. Nesse sentido, me filio à percepção de que a obra de Frantz Fanon compõe uma construção contínua que não pode ser desmembrada, necessitando ser vista na mesma complexidade teórica com a qual foi escrita, de modo que há, em seu pensamento, desde a primeira até sua última obra um fio condutor que articula três elementos: o corpo, a liberdade e a violência. Onde tais conceitos são presentes em contínuo, mas não configuram uma redução absoluta do pensamento fanoniano. Utilizando da análise orientada a busca pela prioridade ontológica do objeto, argumento que as experiências vívidas do autor modificaram tanto a compreensão quanto a apreensão dessas bases, ao acentuar o caráter de centralidade do colonialismo e do racismo no processo de consolidação de empreendimento capitalista que é a sociedade neoliberal contemporânea. Sustento, assim, que a obra fanoniana dispõe de um timoneiro epistêmico inegociável enquanto tríade de compreensão do sujeito (linguagem, subjetividade e sociedade), onde há a incorporação do modelo sociogênico como complemento do ontogênico.
-
Mostrar Abstract
-
The objective of this research is to establish a topography of Fanonian thought regarding human subjectivation, based on the critique of colonialism and its reverberations, in the direction of a theoretical-clinical project that contributes to Psychoanalysis. Frantz Fanon's thought is notoriously known for its political character, given its radicality both as a critique of modern society, structured through a process of hierarchical racialization, and in its formulation of a project of emancipation of the colonized through the use of revolutionary violence. However, his work has elements that allow an in-depth analysis of both the objective conditions of concrete reality, as well as the subjective dimension, especially regarding the process of subjectivation of the colonized black person. In this sense, I adhere to the perception that Frantz Fanon's work composes a continuous construction that cannot be dismembered, needing to be seen in the same theoretical complexity with which it was written, so that there is, in his thought, from his first to his last work, a common thread that articulates three elements: the body, freedom and violence. Where such concepts are present continuously, but do not constitute an absolute reduction of Fanonian thought. Using an analysis oriented towards the search for the ontological priority of the object, I argue that the author's vivid experiences modified both the understanding and the apprehension of these bases, by accentuating the centrality of colonialism and racism in the process of consolidation of the capitalist enterprise that is contemporary neoliberal society. I thus argue that Fanon's work has a non-negotiable epistemic helmsman as a triad of understanding the subject (language, subjectivity and society), where there is the incorporation of the sociogenic model as a complement to the ontogenic.
|
|
7
|
-
LEONILDO GALDINO DE SANTANA
-
A ARTE CONTEMPORÂNEA NOS LIMITES DA LINGUAGEM: UM DEBATE A PARTIR DE DANTO E WITTGENSTEIN
-
Orientador : MARCOS ANTONIO DA SILVA FILHO
-
MEMBROS DA BANCA :
-
DIOGO DE FRANÇA GURGEL
-
MARCOS ANTONIO DA SILVA FILHO
-
WAGNER TELES DE OLIVEIRA
-
Data: 13/03/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
Nos anos de 1950, o pensamento de Wittgenstein inspirou alguns pensadores a desenvolverem abordagens filosóficas com o objetivo de resolver problemas sobre a estética. Esses filósofos foram influenciados pelo pensamento das Investigações Filosóficas (1953), na qual a concepção de linguagem se estabelece de forma pragmática. Teóricos como Morris Weitz (1956) e William Kennick (1958), acreditavam que as teorias tradicionais falharam ao tentar determinar a essência da arte. Assim, eles adaptaram a noção de jogos de linguagem e semelhanças de família, do pensamento wittgensteiniano, para justificar uma concepção antiessencialista da arte. Para eles, as obras compartilham apenas propriedades contingentes e, por isso, a arte não pode ser definida em condições necessárias e suficientes. Para Arthur Danto (1964; 1981), no entanto, a natureza da arte poderia ser determinada em condições essencialistas, sem que o caráter contingencial das obras de arte fosse ignorado. Impactado pelas Brillo Boxes de Andy Warhol, e obras de arte de outros artistas, que emergiram nos anos de 1960, Danto desenvolve sua concepção teórica mostrando que, estas experimentações artísticas apresentavam novos problemas no campo da filosofia da arte. Tais problemas dizem respeito ao caráter de indiscernibilidade, onde não era mais possível estabelecer as diferenças entre um obra de arte e um mera coisa com propriedades idênticas. Em O mundo da arte (1964) Danto apresenta a base daquilo que constitui a sua definição de arte. Sua filosofia surge para tentar explicar de que modo os significados são incorporados como forma de determinar o estatuto de uma obra. Seu conceito de mundo da arte inaugura novos debates no campo da estética, dentre os quais, Danto disputa com George Dickie acerca da ideia de institucionalidade da arte. Na transfiguração do lugar-comum (1981), obra em que Danto amplia as ideias do texto de 1964, ele desenvolve diversas críticas ao pensamento de Wittgenstein, o qual foi adaptado por Weitz e Kennick para analisar problemas sobre a definição da arte. Em diversas passagens deste texto, Danto argumenta que a noção de semelhança, de família de Wittgenstein, não é adequada para explicar o problema da indiscernibilidade de algumas obras da arte contemporânea. No entanto, Danto se restringe a analisar apenas as propriedades sensíveis da arte, Ele ignora os aspectos wittgensteinianos de que, a noção de significado se estabelece na articulação de regras em contextos sociais. Considerando essas discussões, essa dissertação se propõe a investigar como a noção wittgensteiniana de significado pode possibilitar uma interpretação dos problemas da arte, independente de suas propriedades estéticas. A proposta em questão parte da compreensão de que o significado na linguagem se dá a partir das redes de conexões dos usos que fazemos das expressões linguísticas. Tais conexões, mediadas por uso de regras, nos permitem entender que o significado se estabelece no uso da linguagem em formas de vida. Assim, tomando o pensamento de Wittgenstein como referência, essa dissertação consiste em mostrar que a arte, assim como a linguagem, é dinâmica, e a sua compreensão depende das diversas atividades que desempenhamos nas formas de vida do mundo da arte.
-
Mostrar Abstract
-
In the 1950s, Wittgenstein's thought inspired some thinkers to develop philosophical approaches with the aim of solving problems about aesthetics. These philosophers were influenced by the thought of Philosophical Investigations (1953), in which the conception of language is established in a pragmatic way. Theorists such as Morris Weitz (1956) and William Kennick (1958) believed that traditional theories failed when trying to determine the essence of art. Thus, they adapted the notion of language games and family resemblances, from Wittgensteinian thought, to justify an anti-essentialist conception of art. For them, works of art share only contingent properties and, therefore, art cannot be defined under necessary and sufficient conditions. For Arthur Danto (1964; 1981), however, the nature of art could be determined under essentialist conditions, without ignoring the contingent character of works of art. Impacted by Andy Warhol's Brillo Boxes and other artists' artworks that emerged in the 1960s, Danto developed his theoretical conception showing that these artistic experiments presented new problems in the field of philosophy of art. Such problems concern the character of indiscernibility, where it was no longer possible to establish the differences between a work of art and a mere thing with identical properties. In The World of Art (1964) Danto presents the basis of what constitutes his definition of art. His philosophy emerges to try to explain how meanings are incorporated as a way of determining the status of a work. His concept of the world of art inaugurates new debates in the field of aesthetics, among which Danto disputes with George Dickie over the idea of the institutionality of art. In The Transfiguration of the Commonplace (1981), a work in which Danto expands on the ideas of the 1964 text, he develops several criticisms of Wittgenstein's thought, which was adapted by Weitz and Kennick to analyze problems regarding the definition of art. In several passages of this text, Danto argues that Wittgenstein's notion of family resemblance is not adequate to explain the problem of the indiscernibility of some works of contemporary art. However, Danto restricts himself to analyzing only the sensible properties of art. He ignores the Wittgensteinian aspects that the notion of meaning is established in the articulation of rules in social contexts. Considering these discussions, this dissertation proposes to investigate how the Wittgensteinian notion of meaning can enable an interpretation of the problems of art, independent of its aesthetic properties. The proposal in question is based on the understanding that meaning in language is given from the networks of connections of the uses we make of linguistic expressions. Such connections, mediated by the use of rules, allow us to understand that meaning is established in the use of language in forms of life. Thus, taking Wittgenstein's thought as a reference, this dissertation consists of showing that art, like language, is dynamic, and its understanding depends on the various activities we perform in the forms of life of the world of art.
|
|
8
|
-
JULIANA BARBOSA DOS SANTOS
-
UM NOVO SENTIDO PARA A EDUCAÇÃO A PARTIR DO HUMANISMO DO OUTRO HOMEM DE EMMANUEL LEVINAS
-
Orientador : SANDRO COZZA SAYAO
-
MEMBROS DA BANCA :
-
JULIELE MARIA SIEVERS
-
SANDRO COZZA SAYAO
-
CRISTINA AMARO VIANA
-
Data: 01/04/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
A filosofia, ao oferecer diversas perspectivas sobre a natureza e os propósitos do educar, inclui nelas valores essenciais que divergem em cada forma de pensar o educativo. Dessa forma, ao analisarmos as concepções de filósofos anteriores a levinas, compreendemos que cada um delas manifesta uma interpretação do humano que varia em termos de propósitos, valores e modos de relação com o mundo e com o outro. Nesse contexto, Levinas, mesmo sem dedicar uma obra especificamente à educação, destaca-se ao priorizar a ética sobre a ontologia. Por isso, suas ideias fornecem elementos que não só rompem com a forma tradicional de estruturação do conhecimento, mas também possibilitam uma leitura do humano que fundamenta uma educação voltada para o Outro. Com isso em mente, propomo-nos, então, a responder nesta pesquisa à seguinte questão: Como a filosofia de Emmanuel Levinas se diferencia das perspectivas anteriores ao proporcionar uma nova possibilidade de sentido para a educação, e como isso contribui para uma nova compreensão do humano?A partir disso, nosso objetivo é não apenas percorrer as perspectivas de outros filósofos, mas também demonstrar como Levinas ao inaugurar um novo humanismo, possibilita que ele seja aplicável à educação, trazendo para essa um sentido que se opõe às visões centradas no Eu e em suas potencialidades, comuns nas estruturas epistemológicas da filosofia ocidental. Diferente das abordagens anteriores, representadas aqui por Platão, Santo Agostinho, Kant e Nietzsche, que priorizam a formação de um ser racional, autônomo e livre, Levinas argumenta que a verdadeira liberdade vai além do pensamento sem tutelas, exigindo uma consciência responsável pelo Outro e um compromisso ativo com a bondade desinteressada e a generosidade gratuita. Nesse contexto, a liberdade reside na consciência de agir para evitar a inumanidade. Dessa forma, nossa hipótese é que isso resulta em uma abordagem filosófica, ética e pedagógica que busca um saber e um agir não voltados apenas para o desenvolvimento integral do eu, mas que se impossibilitam de negar o apelo do Outro.
-
Mostrar Abstract
-
A filosofia, ao oferecer diversas perspectivas sobre a natureza e os propósitos do educar, inclui nelas valores essenciais que divergem em cada forma de pensar o educativo. Dessa forma, ao analisarmos as concepções de filósofos anteriores a levinas, compreendemos que cada um delas manifesta uma interpretação do humano que varia em termos de propósitos, valores e modos de relação com o mundo e com o outro. Nesse contexto, Levinas, mesmo sem dedicar uma obra especificamente à educação, destaca-se ao priorizar a ética sobre a ontologia. Por isso, suas ideias fornecem elementos que não só rompem com a forma tradicional de estruturação do conhecimento, mas também possibilitam uma leitura do humano que fundamenta uma educação voltada para o Outro. Com isso em mente, propomo-nos, então, a responder nesta pesquisa à seguinte questão: Como a filosofia de Emmanuel Levinas se diferencia das perspectivas anteriores ao proporcionar uma nova possibilidade de sentido para a educação, e como isso contribui para uma nova compreensão do humano?A partir disso, nosso objetivo é não apenas percorrer as perspectivas de outros filósofos, mas também demonstrar como Levinas ao inaugurar um novo humanismo, possibilita que ele seja aplicável à educação, trazendo para essa um sentido que se opõe às visões centradas no Eu e em suas potencialidades, comuns nas estruturas epistemológicas da filosofia ocidental. Diferente das abordagens anteriores, representadas aqui por Platão, Santo Agostinho, Kant e Nietzsche, que priorizam a formação de um ser racional, autônomo e livre, Levinas argumenta que a verdadeira liberdade vai além do pensamento sem tutelas, exigindo uma consciência responsável pelo Outro e um compromisso ativo com a bondade desinteressada e a generosidade gratuita. Nesse contexto, a liberdade reside na consciência de agir para evitar a inumanidade. Dessa forma, nossa hipótese é que isso resulta em uma abordagem filosófica, ética e pedagógica que busca um saber e um agir não voltados apenas para o desenvolvimento integral do eu, mas que se impossibilitam de negar o apelo do Outro.
|
|
9
|
-
LARA DINIZ HERBSTER
-
O JOVEM NIETZSCHE E O PROJETO CLASSICISTA ALEMÃO: CONVERGÊNCIA E DISSIDÊNCIA
-
Orientador : EDUARDO NASSER
-
MEMBROS DA BANCA :
-
EDUARDO NASSER
-
JOAO EVANGELISTA TUDE DE MELO NETO
-
MARTA SOLANGE PERRUSI
-
Data: 29/04/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
O presente trabalho pretende abordar a relação de Nietzsche com os ideais humanistas do classicismo alemão. A partir do levantamento bibliográfico, identificamos que entre os comentadores há duas formas de ver a relação de Nietzsche com a tradição clássica. Por um lado, é possível argumentar que ele dá continuidade aos ideais do classicismo alemão; por outro lado, há muitos indícios que levam a supor que ele se distancia desses ideais, sobretudo em razão das críticas que tece. Diante do exposto, surge a seguinte problemática: Por que, de maneira geral, os comentadores são ambíguos quanto à relação de Nietzsche com os ideais humanistas do classicismo alemão? A nossa hipótese é que essas ambiguidades decorrem tanto da polissemia do termo clássico, que adquire vários significados tanto para Nietzsche como no uso padrão do século XIX, bem como das ambivalências do próprio filósofo em relação ao ideal grego. Inicialmente Nietzsche adere aos ideais neo-humanistas atrelados à Grécia Alexandrina e posteriormente propõe uma reformulação do termo clássico, associando-o à Grécia arcaica, especialmente em razão do reconhecimento da natureza trágica dos gregos. A fim de dar cabo ao presente trabalho, no primeiro capítulo investigaremos como se constituiu o classicismo alemão do final do século XVIII, a fim de estabelecer a relação e Nietzsche com esse movimento cultural. No segundo capítulos, demonstraremos como Nietzsche se apropria do conceito ortodoxo de filologia clássica, considerando o recorte temporal dos escritos da juventude, enquanto ele ainda se declarava filólogo. Neste capítulo, utilizaremos como bases de leitura, principalmente, as obras Homero e a Filologia ClássicaeEnciclopédia de filologia clássica e Introdução ao estudo da mesma. Por fim, trabalharemos com os escritos sobre tragédia, especialmente O Nascimento da Tragédia, uma vez que, ao propor a reformulação no conceito de filologia clássica, os valores também se modificam para Nietzsche, já que ele resgata o elemento dionisíaco presente especialmente na tragédia grega.
-
Mostrar Abstract
-
This paper aims to examine Nietzsche’s relationship with the humanist ideals of German classicism. Based on a bibliographic review, it becomes evident that scholars diverge in their interpretations of how Nietzsche engages with the classical tradition. On one hand, some argue that he continues the legacy of German classicism; on the other, numerous indications suggest a critical distance, especially due to the intensity of his critiques. In light of this panorama and the lack of scholarly consensus, the central question guiding this study is: what is the nature of Nietzsche’s relationship with German classicism? The hypothesis proposed is that this relationship is marked by ambiguity. Nietzsche neither fully rejects nor entirely embraces the classical project. Rather, he critically appropriates German classicism—while sharing its ideal of cultural renewal, he introduces tragic and Dionysian elements, thereby proposing a new formative horizon for the modern individual.
|
|
10
|
-
AMANDA CAROLINE NASCIMENTO LINS
-
O suicidio a luz da fenomenologia heideggeriana: o impessoal e o ser face ao fim nos diarios de Sylvia Plath
-
Orientador : SANDRO MARCIO MOURA DE SENA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
SANDRO MARCIO MOURA DE SENA
-
THIAGO ANDRE MOURA DE AQUINO
-
GILFRANCO LUCENA DOS SANTOS
-
Data: 09/05/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
A presente dissertação visa analisar os diários de Sylvia Plath (1950-1962) a partir da fenomenologia hermenêutica de Martin Heidegger. Propus que os diários servem como testemunho ôntico-existencial das teses ontológicas heideggerianas, sobretudo acerca do impessoal e do ser-para-a-morte. Ademais, explorei, a partir da fenomenologia de Heidegger, a interpretação do suicídio — tema que também se encontra presente nos diários de Plath — enquanto dissolução da verdade. Para tanto, apresentei as razões pelas quais a análise fenomenológica guia a pesquisa e de que forma esta procede no tocante ao ser do ente humano e sua finitude. Dessa forma, expus a caracterização fenomenológico-existencial do ente que morre (o Dasein), bem como o modo da existência impessoal que “foge” do seu caráter primordial de ser-para-a-morte e a revelação deste na angústia. Também foram considerados, a partir do pluralismo ontológico heideggeriano, os modos de ser finito, especialmente o do ente que existe e desvela os entes em seu ser. Ainda, expus o conceito de verdade em Heidegger, tanto para explorar a afirmação do suicídio enquanto sua dissolução, quanto para justificar o testemunho dos diários considerados enquanto obra de arte. Por fim, apresentei os Diários de Sylvia Plath: 1950-1962 à luz das teses fenomenológicas expostas.
-
Mostrar Abstract
-
A presente dissertação visa analisar os diários de Sylvia Plath (1950-1962) a partir da fenomenologia hermenêutica de Martin Heidegger. Propus que os diários servem como testemunho ôntico-existencial das teses ontológicas heideggerianas, sobretudo acerca do impessoal e do ser-para-a-morte. Ademais, explorei, a partir da fenomenologia de Heidegger, a interpretação do suicídio — tema que também se encontra presente nos diários de Plath — enquanto dissolução da verdade. Para tanto, apresentei as razões pelas quais a análise fenomenológica guia a pesquisa e de que forma esta procede no tocante ao ser do ente humano e sua finitude. Dessa forma, expus a caracterização fenomenológico-existencial do ente que morre (o Dasein), bem como o modo da existência impessoal que “foge” do seu caráter primordial de ser-para-a-morte e a revelação deste na angústia. Também foram considerados, a partir do pluralismo ontológico heideggeriano, os modos de ser finito, especialmente o do ente que existe e desvela os entes em seu ser. Ainda, expus o conceito de verdade em Heidegger, tanto para explorar a afirmação do suicídio enquanto sua dissolução, quanto para justificar o testemunho dos diários considerados enquanto obra de arte. Por fim, apresentei os Diários de Sylvia Plath: 1950-1962 à luz das teses fenomenológicas expostas.
|
|
11
|
|
|
12
|
-
PEDRO FELIPE DOS SANTOS BARROS
-
O AMOR COMO FUNDAMENTO ETICO-MORAL DO AGIR HUMANO, SEGUNDO SANTO AGOSTINHO
-
Orientador : MARCOS ROBERTO NUNES COSTA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ANASTACIO BORGES DE ARAUJO JUNIOR
-
MARCOS ROBERTO NUNES COSTA
-
MARIA SIMONE MARINHO NOGUEIRA
-
Data: 04/07/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
A presente dissertação visa esquadrinhar o problema do agir humano e as diversas consequências que se originam de sua operação, seja esta positiva ou negativa. Para tanto, tomaremos como base filosófica de nossa reflexão o maior expoente da filosofia patrística: Santo Agostinho de Hipona. Demonstraremos que na filosofia moral de Agostinho o amor é o elemento chave para a compreensão das ações humanas, pois constitui a força motriz que direciona o homem ao objeto desejado. É necessária, previamente, a análise do objeto verdadeiro buscado pelo homem, a saber, a verdadeira felicidade, o próprio Deus. Explicaremos quais as causas que separam o homem da vida beata, bem como a necessidade de uma reflexão ético-moral empreendida pelo indivíduo. Após, distinguiremos as diversas significações empregadas pelos antigos na antiguidade do termo amor e como Santo Agostinho alarga seu sentido. Ademais: falaremos de como o amor incita as relações entre os indivíduos. Principiaremos uma reflexão sobre a obra De Doctrina Christiana e a ordem estabelecida por Deus que deve ser amada pelo homem. Entronizando no trabalho a ideia de que a moral cristã é o meio purificador do amor humano e de sua conversão ao amor divino para o bem viver, intuindo que o homem pode viver segundo Deus ou sob seus instintos. Por fim, apontaremos como Agostinho elabora na obra supracitada uma regra moral para a promoção do bem viver: o uti-frui, que, unida à moral cristã, reordenará o amor humano.
-
Mostrar Abstract
-
A presente dissertação visa esquadrinhar o problema do agir humano e as diversas consequências que se originam de sua operação, seja esta positiva ou negativa. Para tanto, tomaremos como base filosófica de nossa reflexão o maior expoente da filosofia patrística: Santo Agostinho de Hipona. Demonstraremos que na filosofia moral de Agostinho o amor é o elemento chave para a compreensão das ações humanas, pois constitui a força motriz que direciona o homem ao objeto desejado. É necessária, previamente, a análise do objeto verdadeiro buscado pelo homem, a saber, a verdadeira felicidade, o próprio Deus. Explicaremos quais as causas que separam o homem da vida beata, bem como a necessidade de uma reflexão ético-moral empreendida pelo indivíduo. Após, distinguiremos as diversas significações empregadas pelos antigos na antiguidade do termo amor e como Santo Agostinho alarga seu sentido. Ademais: falaremos de como o amor incita as relações entre os indivíduos. Principiaremos uma reflexão sobre a obra De Doctrina Christiana e a ordem estabelecida por Deus que deve ser amada pelo homem. Entronizando no trabalho a ideia de que a moral cristã é o meio purificador do amor humano e de sua conversão ao amor divino para o bem viver, intuindo que o homem pode viver segundo Deus ou sob seus instintos. Por fim, apontaremos como Agostinho elabora na obra supracitada uma regra moral para a promoção do bem viver: o uti-frui, que, unida à moral cristã, reordenará o amor humano.
|
|
13
|
-
WALDEMIR FERREIRA LOPES NETO
-
Fenomenologia e metafenomenologia em Emmanuel Levinas: da sensibilidade a metafisica da alteridade
-
Orientador : SANDRO COZZA SAYAO
-
MEMBROS DA BANCA :
-
PAULO SERGIO DE JESUS COSTA
-
SANDRO COZZA SAYAO
-
SANDRO MARCIO MOURA DE SENA
-
Data: 21/07/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
Nosso trabalho pretende analisar e expor a maneira como o filósofo franco-lituano, Emmanuel Levinas (1905-1995) recepciona de forma crítica a fenomenologia husserliana e procura entrever, a partir dessa recepção, uma radicalização da Sensibilidade/Afetividade, como afecção e abertura, que proporciona uma passagem para uma metafenomenologia ou uma metafísica da alteridade. Aos olhos levinasiano, a fenomenologia husserliana conseguiu proporcionar uma abertura para um novo e diferente caminho, ensejo que não se enxergou como possibilidade possível na tradição filosófica, imodicamente hermética no “eu”, no Conatus do Ser ou na Gnose. Em razão do exposto, Levinas entendeu a Fenomenologia husserliana como método que permitiria, após radicalização, uma afecção e uma afetividade anterior ao Saber e ao Ser que reivindica uma novidade na relação da subjetividade com o Outro metafísico. Neste percurso, Levinas radicaliza a sensibilidade husserliana e encontra na fruição e na vulnerabilidade, inflamadas a partir da transcendência metafísica, elementos sensíveis que, entre outras razões, servem na defesa de uma subjetividade traumática, i.e., já desde sempre afetada e responsável por outrem. Esta nova forma de conceber a sensibilidade/afetividade, a consciência e a própria subjetividade, e derivado disto, as relações intersubjetivas, principia a investigação das fronteiras do Ser e do Saber, norteia e procura a passagem da intencionalidade à ética e/ou do fenômeno à recepção do enigma humano, ou ainda, da fenomenologia eidética e genética à fenomenologia do Rosto, metafenomenologia, como metafísica da alteridade. Neste percurso, pretendemos dar resposta a uma das mais significativas discussões em torno do filósofo franco-lituano, a saber, se a Metafenomenologia exclui a Fenomenologia abordada inicialmente por Levinas ou não.
-
Mostrar Abstract
-
Nosso trabalho pretende analisar e expor a maneira como o filósofo franco-lituano, Emmanuel Levinas (1905-1995) recepciona de forma crítica a fenomenologia husserliana e procura entrever, a partir dessa recepção, uma radicalização da Sensibilidade/Afetividade, como afecção e abertura, que proporciona uma passagem para uma metafenomenologia ou uma metafísica da alteridade. Aos olhos levinasiano, a fenomenologia husserliana conseguiu proporcionar uma abertura para um novo e diferente caminho, ensejo que não se enxergou como possibilidade possível na tradição filosófica, imodicamente hermética no “eu”, no Conatus do Ser ou na Gnose. Em razão do exposto, Levinas entendeu a Fenomenologia husserliana como método que permitiria, após radicalização, uma afecção e uma afetividade anterior ao Saber e ao Ser que reivindica uma novidade na relação da subjetividade com o Outro metafísico. Neste percurso, Levinas radicaliza a sensibilidade husserliana e encontra na fruição e na vulnerabilidade, inflamadas a partir da transcendência metafísica, elementos sensíveis que, entre outras razões, servem na defesa de uma subjetividade traumática, i.e., já desde sempre afetada e responsável por outrem. Esta nova forma de conceber a sensibilidade/afetividade, a consciência e a própria subjetividade, e derivado disto, as relações intersubjetivas, principia a investigação das fronteiras do Ser e do Saber, norteia e procura a passagem da intencionalidade à ética e/ou do fenômeno à recepção do enigma humano, ou ainda, da fenomenologia eidética e genética à fenomenologia do Rosto, metafenomenologia, como metafísica da alteridade. Neste percurso, pretendemos dar resposta a uma das mais significativas discussões em torno do filósofo franco-lituano, a saber, se a Metafenomenologia exclui a Fenomenologia abordada inicialmente por Levinas ou não.
|
|
14
|
-
QUENIA AGNES DE FRANCA SILVA
-
ONTOLOGIA DO CANDOMBLE: um estudo sobre Aṣe e existencia.
-
Orientador : ROGERIO FABIANNE SAUCEDO CORREA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ELEONOURA ENOQUE DA SILVA
-
GABRIELA DA NOBREGA CARREIRO
-
ROGERIO FABIANNE SAUCEDO CORREA
-
Data: 15/09/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
Compreender o culto aos Òrìṣàs é igualmente necessário para um entendimento sobre a representação material do Àṣẹ da Natureza. O transe mediúnico é uma demonstração física de uma experiência metafísica que se dá através do Àṣẹ. Logo, os Òrìṣàs, o transe e o Àṣẹ são a ontologia de base do Candomblé. Sendo assim, a composição metafísica do existir é o Òrìṣà e o transe é a expressão do Àṣẹ no mundo físico. Consideraremos que a oralidade é a constituição fundamental tanto da mitologia quanto da epistemologia do Candomblé, os itãs - histórias sagradas – são a espinha dorsal do desvelamento filosófico africano do Candomblé brasileiro. O Àṣẹ é um dos fundamentos primordiais deste culto, por isso, buscaremos compreender a ontologia do candomblé. Analisando então, esse conceito dentro da filosofia afrodiaspórica e Yoruba. Para compreendermos o culto aos Òrìṣàs é igualmente necessário para um entendimento sobre a representação material do Àṣẹ da Natureza. No candomblé o transe mediúnico, processo pelo qual o médium vira sua Natureza, é uma demonstração física de uma experiência metafísica que se dá através do Àṣẹ. Logo, os Òrìṣàs, o transe e o Àṣẹ constituem a ontologia de base do Candomblé. Sendo assim, a composição metafísica do existir é o Òrìṣà e o transe é a expressão do Àṣẹ no mundo físico. Nesse sentido, o estudo se desdobrará sobre como os Òrìṣàs carregam consigo o Àṣẹ e assim, são considerados transportadores da natureza motriz de tudo que existe a partir da perspectiva do transe. Esta natureza primeira foi feita através do Àṣẹ de Olódùmarè, ou seja, foi por meio do Àṣẹ de Olódùmarè que tudo começou a existir, e, a partir Dele, tudo que tem vida carrega este Àṣẹ. Dessa forma, os Òrìṣàs são como uma atualização e manutenção do Àṣẹ de Olódùmarè na terra (Àiyé). Sendo assim, os Òrìṣàs são o caminho para nos conectarmos com o Àṣẹ divino, com o Àṣẹ de criação. É por meio do Àṣẹ que permeia a existência que os Òrìṣà conseguem ter contato com os devotos nas casas de Candomblé, pois o Àṣẹ é vida e movimento, ou seja, é a vida que se movimenta constante e fluidamente. A religiosidade do candomblé, é feita a partir da troca da movimentação do Àṣẹ com o candomblecista. Esta troca se apresenta como uma presença que se propaga continuamente e fluidamente possibilitando uma conexão entre o mundo metafísico (Orun) e do mundo material imanentemente. Sendo assim, o Àṣẹ é uma existência que se mantém, constitui e permanece. O contato entre Òrìṣà e Ọmọ oriṣá ocorre por meio de uma troca momentânea da vida do candomblecista pela existência do Òrìṣà no mundo. Nos terreiros de Candomblé, assim como em algumas nações em território africano que se culta Òrìṣàs, é possível ver pessoas em transe com seu Òrìṣà dançando, festejando com uma força e energia que aparenta ser sobre-humana, pois não parece haver cansaço. Essa força é a força do Òrìṣà que é expressa por meio dos seus filhos. A troca entre o candomblecista e o Òrìṣà é chamada de transe nos vodunsis que cultuam o Candomblé. Ela nada mais é do que a demonstração física do Àṣẹ do Òrìṣà na natureza material em sua Essência de tal forma que ela é única e individual. Por meio da troca o Àṣẹ do Òrìṣà demonstra-se para o mundo material e possibilita autoconhecimento e re-ligação do iniciado ao Àṣẹ divino. Isso se efetiva por intermédio dos batuques e louvações dentro de um Ilé. Portanto, compreender o processo do transe é essencial para entender como se dá a ligação direta do humano com o divino. É com o transe, proporcionado pelo Àṣẹ, que o 5 humano e o divino se reconectam e que os Òrìṣàs se apresentam ao mundo. Por isso, é necessário entender os conceitos afrocêntricos no campo metafísico e epistemológico que possibilitaram uma base para o culto aos Òrìṣà no Candomblé. A dissertação se dará a partir de conceitos filosóficos Yorubas e afro-diaspóricos, como constituição do pensamento da estrutura do candomblé. Expondo que existe e existiu uma filosofia africana que contempla o saber africano. Construiremos assim, uma visão de cosmogonia divergente e anterior ao pensamento greco-europeu de concepção de mundo que persiste até hoje e está viva dentro dos terreiros do Brasil. Propomos estabelecer o Àṣẹ como conceito ontológico do existir. Para tal, nos apoiaremos da referência cosmogônica Yorubá sobre o conceito de criação do mundo através de Olódùmarè. No primeiro capítulo analisaremos a filosofia Yorubá expondo e aplicando seus conceitos cosmogônicos. O intuito será construirmos um conhecimento acerca da relação do sagrado com o mundo material. Assim, demonstrando as possibilidades de construções ontológicas para além da visão eurocêntrica. No segundo capítulo, analisaremos os conceitos sobre a estrutura física da vida humana. Partindo da compreensão Youruba sobre Ará, Emí e Orí. Ou seja, os conceitos de corpo, da alma e do espírito na perspectiva do Candomblé. Sendo condição necessária para se entender como se dá a composição do corpo, da vida e do espírito das criaturas humanas de acordo com a cosmovisão metafísica afro-brasileira. Utilizaremos da perspectiva das explicações sobre a gênese do mundo do ponto de vista afrocêntrico dos itàns. No terceiro capítulo, desenvolveremos o conceito da individualização da vida humana, a partir da conceituação e construção do arquétipo de Eṣú. Primeiro tratando sobre Yangí, o primeiro a existir, para dissertar sobre o início da existência individual. Trataremos também como se dá a relação de Eṣú com os Òrìṣàs e como eles atuam no Àiyé e na vida humana de forma imanente, se correlacionando com o Orun. Para por fim, estabeleceremos a compreensão do culto aos Òrìṣàs como forma de entendimento para o Àṣẹ material da Natureza. No Candomblé, o culto se dá a partir da reaproximação do iniciado com sua energia primordial, seu Àṣẹ através do seu Òrìṣà. Essa força primeira, é apresentada fisicamente através do momento do transe mediúnico. Sendo o momento em que o médium vira sua Natureza, a partir de louvações e invocações específicas aos Òrìṣàs. Dessa forma, veremos que o transe é uma demonstração física de uma experiência metafísica que se dá através do Àṣẹ.Por esse motivo que a presente dissertação defende que Eṣú, od Òrìṣàs, o transe e o Àṣẹ constituem a ontologia de base do Candomblé. Sendo assim, eles exprimem que a composição metafísica do existir é o Òrìṣà e o transe é a expressão do Àṣẹ no mundo físico.
-
Mostrar Abstract
-
Compreender o culto aos Òrìṣàs é igualmente necessário para um entendimento sobre a representação material do Àṣẹ da Natureza. O transe mediúnico é uma demonstração física de uma experiência metafísica que se dá através do Àṣẹ. Logo, os Òrìṣàs, o transe e o Àṣẹ são a ontologia de base do Candomblé. Sendo assim, a composição metafísica do existir é o Òrìṣà e o transe é a expressão do Àṣẹ no mundo físico. Consideraremos que a oralidade é a constituição fundamental tanto da mitologia quanto da epistemologia do Candomblé, os itãs - histórias sagradas – são a espinha dorsal do desvelamento filosófico africano do Candomblé brasileiro. O Àṣẹ é um dos fundamentos primordiais deste culto, por isso, buscaremos compreender a ontologia do candomblé. Analisando então, esse conceito dentro da filosofia afrodiaspórica e Yoruba. Para compreendermos o culto aos Òrìṣàs é igualmente necessário para um entendimento sobre a representação material do Àṣẹ da Natureza. No candomblé o transe mediúnico, processo pelo qual o médium vira sua Natureza, é uma demonstração física de uma experiência metafísica que se dá através do Àṣẹ. Logo, os Òrìṣàs, o transe e o Àṣẹ constituem a ontologia de base do Candomblé. Sendo assim, a composição metafísica do existir é o Òrìṣà e o transe é a expressão do Àṣẹ no mundo físico. Nesse sentido, o estudo se desdobrará sobre como os Òrìṣàs carregam consigo o Àṣẹ e assim, são considerados transportadores da natureza motriz de tudo que existe a partir da perspectiva do transe. Esta natureza primeira foi feita através do Àṣẹ de Olódùmarè, ou seja, foi por meio do Àṣẹ de Olódùmarè que tudo começou a existir, e, a partir Dele, tudo que tem vida carrega este Àṣẹ. Dessa forma, os Òrìṣàs são como uma atualização e manutenção do Àṣẹ de Olódùmarè na terra (Àiyé). Sendo assim, os Òrìṣàs são o caminho para nos conectarmos com o Àṣẹ divino, com o Àṣẹ de criação. É por meio do Àṣẹ que permeia a existência que os Òrìṣà conseguem ter contato com os devotos nas casas de Candomblé, pois o Àṣẹ é vida e movimento, ou seja, é a vida que se movimenta constante e fluidamente. A religiosidade do candomblé, é feita a partir da troca da movimentação do Àṣẹ com o candomblecista. Esta troca se apresenta como uma presença que se propaga continuamente e fluidamente possibilitando uma conexão entre o mundo metafísico (Orun) e do mundo material imanentemente. Sendo assim, o Àṣẹ é uma existência que se mantém, constitui e permanece. O contato entre Òrìṣà e Ọmọ oriṣá ocorre por meio de uma troca momentânea da vida do candomblecista pela existência do Òrìṣà no mundo. Nos terreiros de Candomblé, assim como em algumas nações em território africano que se culta Òrìṣàs, é possível ver pessoas em transe com seu Òrìṣà dançando, festejando com uma força e energia que aparenta ser sobre-humana, pois não parece haver cansaço. Essa força é a força do Òrìṣà que é expressa por meio dos seus filhos. A troca entre o candomblecista e o Òrìṣà é chamada de transe nos vodunsis que cultuam o Candomblé. Ela nada mais é do que a demonstração física do Àṣẹ do Òrìṣà na natureza material em sua Essência de tal forma que ela é única e individual. Por meio da troca o Àṣẹ do Òrìṣà demonstra-se para o mundo material e possibilita autoconhecimento e re-ligação do iniciado ao Àṣẹ divino. Isso se efetiva por intermédio dos batuques e louvações dentro de um Ilé. Portanto, compreender o processo do transe é essencial para entender como se dá a ligação direta do humano com o divino. É com o transe, proporcionado pelo Àṣẹ, que o 5 humano e o divino se reconectam e que os Òrìṣàs se apresentam ao mundo. Por isso, é necessário entender os conceitos afrocêntricos no campo metafísico e epistemológico que possibilitaram uma base para o culto aos Òrìṣà no Candomblé. A dissertação se dará a partir de conceitos filosóficos Yorubas e afro-diaspóricos, como constituição do pensamento da estrutura do candomblé. Expondo que existe e existiu uma filosofia africana que contempla o saber africano. Construiremos assim, uma visão de cosmogonia divergente e anterior ao pensamento greco-europeu de concepção de mundo que persiste até hoje e está viva dentro dos terreiros do Brasil. Propomos estabelecer o Àṣẹ como conceito ontológico do existir. Para tal, nos apoiaremos da referência cosmogônica Yorubá sobre o conceito de criação do mundo através de Olódùmarè. No primeiro capítulo analisaremos a filosofia Yorubá expondo e aplicando seus conceitos cosmogônicos. O intuito será construirmos um conhecimento acerca da relação do sagrado com o mundo material. Assim, demonstrando as possibilidades de construções ontológicas para além da visão eurocêntrica. No segundo capítulo, analisaremos os conceitos sobre a estrutura física da vida humana. Partindo da compreensão Youruba sobre Ará, Emí e Orí. Ou seja, os conceitos de corpo, da alma e do espírito na perspectiva do Candomblé. Sendo condição necessária para se entender como se dá a composição do corpo, da vida e do espírito das criaturas humanas de acordo com a cosmovisão metafísica afro-brasileira. Utilizaremos da perspectiva das explicações sobre a gênese do mundo do ponto de vista afrocêntrico dos itàns. No terceiro capítulo, desenvolveremos o conceito da individualização da vida humana, a partir da conceituação e construção do arquétipo de Eṣú. Primeiro tratando sobre Yangí, o primeiro a existir, para dissertar sobre o início da existência individual. Trataremos também como se dá a relação de Eṣú com os Òrìṣàs e como eles atuam no Àiyé e na vida humana de forma imanente, se correlacionando com o Orun. Para por fim, estabeleceremos a compreensão do culto aos Òrìṣàs como forma de entendimento para o Àṣẹ material da Natureza. No Candomblé, o culto se dá a partir da reaproximação do iniciado com sua energia primordial, seu Àṣẹ através do seu Òrìṣà. Essa força primeira, é apresentada fisicamente através do momento do transe mediúnico. Sendo o momento em que o médium vira sua Natureza, a partir de louvações e invocações específicas aos Òrìṣàs. Dessa forma, veremos que o transe é uma demonstração física de uma experiência metafísica que se dá através do Àṣẹ.Por esse motivo que a presente dissertação defende que Eṣú, od Òrìṣàs, o transe e o Àṣẹ constituem a ontologia de base do Candomblé. Sendo assim, eles exprimem que a composição metafísica do existir é o Òrìṣà e o transe é a expressão do Àṣẹ no mundo físico.
|
|