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Dissertações |
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ANDRÉA KARLA DA SILVA SENA
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PERFIL NUTRICIONAL E FUNÇÃO REPRODUTIVA DO ESPERMATÓFORO EM CRYPTOLAEMUS MONTROUZIERI (COLEOPTERA: COCCINELLIDAE)
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Orientador : WENDEL JOSE TELES PONTES
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MEMBROS DA BANCA :
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MAURICIO SILVA DE LIMA
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PEDRO IVO SIMOES
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WENDEL JOSE TELES PONTES
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Data: 28/01/2025
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Muitas espécies de insetos produzem ejaculados nutritivos, que representam a contribuição do macho para a aptidão reprodutiva da fêmea. Estudos sobre a quantificação dessa contribuição masculina são realizados por meio de observações indiretas e de avaliações diretas dos efeitos pós-cópula no desempenho reprodutivo das fêmeas, como longevidade e fecundidade. Poucos estudos abordam diretamente o conteúdo nutritivo transferido pelos machos via espermatóforos. Em espécies com múltiplas cópulas, os machos produzem ejaculados cuja proporção de substâncias alocadas varia de acordo com a dieta do adulto. Nós hipotetizamos que os espermatóforos de C. montrouzieri apresentam variações significativas na composição de nutrientes quando ocorrem modificações dietéticas e que isso pode afetar a fecundidade e a fertilidade das fêmeas. Para testar essa hipótese, analisamos os macronutrientes proteínas, lipídios, açúcares e glicogênio utilizando métodos colorimétricos. Avaliamos mudanças quantitativas nesses macronutrientes em machos adultos bem alimentados com cochonilhas Planococcus citri, submetidos a quantidades limitadas de P. citri (escassez alimentar) e alimentados com mel. O perfil macronutrientes de um espermatóforo de C. montrouzieri bem alimentado é composto por aproximadamente 49,62 µg/ml de lipídios, 5,18 µg/ml de glicogênio, 3,25 µg/ml de açúcares e 0,27 µg/ml de proteínas. Quando comparado aos espermatóforos produzidos por machos submetidos à escassez alimentar ou alimentados com mel, nenhuma diferença significativa foi encontrada nos macronutrientes. A fecundidade não foi afetada, mas houve uma redução significativa na fertilidade das fêmeas que acasalaram com machos alimentados com mel. Nossos resultados contribuíram para compreender a dinâmica reprodutiva e o papel da alocação de recursos reprodutivos em Coccinelídeos.
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Muitas espécies de insetos produzem ejaculados nutritivos, que representam a contribuição do macho para a aptidão reprodutiva da fêmea. Estudos sobre a quantificação dessa contribuição masculina são realizados por meio de observações indiretas e de avaliações diretas dos efeitos pós-cópula no desempenho reprodutivo das fêmeas, como longevidade e fecundidade. Poucos estudos abordam diretamente o conteúdo nutritivo transferido pelos machos via espermatóforos. Em espécies com múltiplas cópulas, os machos produzem ejaculados cuja proporção de substâncias alocadas varia de acordo com a dieta do adulto. Nós hipotetizamos que os espermatóforos de C. montrouzieri apresentam variações significativas na composição de nutrientes quando ocorrem modificações dietéticas e que isso pode afetar a fecundidade e a fertilidade das fêmeas. Para testar essa hipótese, analisamos os macronutrientes proteínas, lipídios, açúcares e glicogênio utilizando métodos colorimétricos. Avaliamos mudanças quantitativas nesses macronutrientes em machos adultos bem alimentados com cochonilhas Planococcus citri, submetidos a quantidades limitadas de P. citri (escassez alimentar) e alimentados com mel. O perfil macronutrientes de um espermatóforo de C. montrouzieri bem alimentado é composto por aproximadamente 49,62 µg/ml de lipídios, 5,18 µg/ml de glicogênio, 3,25 µg/ml de açúcares e 0,27 µg/ml de proteínas. Quando comparado aos espermatóforos produzidos por machos submetidos à escassez alimentar ou alimentados com mel, nenhuma diferença significativa foi encontrada nos macronutrientes. A fecundidade não foi afetada, mas houve uma redução significativa na fertilidade das fêmeas que acasalaram com machos alimentados com mel. Nossos resultados contribuíram para compreender a dinâmica reprodutiva e o papel da alocação de recursos reprodutivos em Coccinelídeos.
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CLAUDIO HENRIQUE GOMES FIALHO
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MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O FUTURO DAS GORGÔNIAS RECIFAIS (ORDEM MALACALCYONACEA) EM COMUNIDADES RECIFAIS DO ATLÂNTICO SUL
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Orientador : RALF TARCISO SILVA CORDEIRO
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MEMBROS DA BANCA :
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ERIKA FLAVIA CRISPIM DE SANTANA
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GUILHERME ORTIGARA LONGO
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PAULA BRAGA GOMES
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RALF TARCISO SILVA CORDEIRO
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Data: 29/01/2025
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Neste estudo é investigada a vulnerabilidade de três espécies de gorgônias recifais do Atlântico Sul (Muriceopsis sulphurea, Phyllogorgia dilatata e Plexaurella grandiflora) frente a cenários de mudanças climáticas, em termos de aspectos de conservação, respostas ao estresse térmico e projeções de distribuição geográfica futura. No primeiro capítulo, foi desenvolvido e testado um protocolo de manutenção ex situ para Muriceopsis sulphurea em um experimento controlado de 150 dias. Fragmentos ramificados apresentaram uma taxa de sobrevivência de 96,1%, significativamente superior aos não ramificados (78,6%; p < 0,05), e um crescimento aumentado em 12% após suplementação alimentar com Artemia salina enriquecida. No segundo capítulo, a resposta fisiológica ao estresse térmico foi avaliada em três espécies submetidas a elevações de +2°C e +4°C. Muriceopsis sulphurea e Phyllogorgia dilatata apresentaram necrose tecidual acelerada e mortalidade, enquanto Plexaurella grandiflora demonstrou maior tolerância térmica, ainda que com elevação de 32% nos biomarcadores de estresse oxidativo (p < 0,01). O terceiro capítulo analisou a influência das gorgônias na estrutura de assembleias de peixes recifais em recifes marginais do Nordeste do Brasil. Embora a presença das gorgônias não tenha alterado significativamente a abundância e a riqueza de espécies (p > 0,05), foi constatada variação na composição, com maior abundância de Stegastes fuscus e Abudefduf saxatilis em áreas sem gorgônias, evidenciando um possível efeito na dinâmica de competição. No quarto capítulo, Modelos de Nicho Ecológico (ENMs) foram aplicados para projetar a distribuição futura das três espécies sob cenários climáticos para 2050 e 2100. Os resultados indicaram uma contração de 45% da área adequada para M. sulphurea, estabilidade relativa para P. dilatata e uma possível expansão de 27% para P. grandiflora ao sul da costa brasileira. Conclui-se que as gorgônias desempenham um papel ecológico fundamental como formadoras de habitat, mas apresentam vulnerabilidades distintas ao aquecimento global, exigindo estratégias de conservação específicas, como cultivo ex situ e modelagem preditiva de nicho ecológico.
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Neste estudo é investigada a vulnerabilidade de três espécies de gorgônias recifais do Atlântico Sul (Muriceopsis sulphurea, Phyllogorgia dilatata e Plexaurella grandiflora) frente a cenários de mudanças climáticas, em termos de aspectos de conservação, respostas ao estresse térmico e projeções de distribuição geográfica futura. No primeiro capítulo, foi desenvolvido e testado um protocolo de manutenção ex situ para Muriceopsis sulphurea em um experimento controlado de 150 dias. Fragmentos ramificados apresentaram uma taxa de sobrevivência de 96,1%, significativamente superior aos não ramificados (78,6%; p < 0,05), e um crescimento aumentado em 12% após suplementação alimentar com Artemia salina enriquecida. No segundo capítulo, a resposta fisiológica ao estresse térmico foi avaliada em três espécies submetidas a elevações de +2°C e +4°C. Muriceopsis sulphurea e Phyllogorgia dilatata apresentaram necrose tecidual acelerada e mortalidade, enquanto Plexaurella grandiflora demonstrou maior tolerância térmica, ainda que com elevação de 32% nos biomarcadores de estresse oxidativo (p < 0,01). O terceiro capítulo analisou a influência das gorgônias na estrutura de assembleias de peixes recifais em recifes marginais do Nordeste do Brasil. Embora a presença das gorgônias não tenha alterado significativamente a abundância e a riqueza de espécies (p > 0,05), foi constatada variação na composição, com maior abundância de Stegastes fuscus e Abudefduf saxatilis em áreas sem gorgônias, evidenciando um possível efeito na dinâmica de competição. No quarto capítulo, Modelos de Nicho Ecológico (ENMs) foram aplicados para projetar a distribuição futura das três espécies sob cenários climáticos para 2050 e 2100. Os resultados indicaram uma contração de 45% da área adequada para M. sulphurea, estabilidade relativa para P. dilatata e uma possível expansão de 27% para P. grandiflora ao sul da costa brasileira. Conclui-se que as gorgônias desempenham um papel ecológico fundamental como formadoras de habitat, mas apresentam vulnerabilidades distintas ao aquecimento global, exigindo estratégias de conservação específicas, como cultivo ex situ e modelagem preditiva de nicho ecológico.
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FRANCYANNE MARIA MARTINS DE SOUZA GODOY TORRES
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EFEITOS DO TAMANHO E COMPOSIÇÃO DE CARDUMES E DE ÁREAS MARINHAS PROTEGIDAS NA HERBIVORIA POR PEIXES RECIFAIS DO ATLÂNTICO SUDOESTE
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Orientador : JOAO LUCAS LEAO FEITOSA
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MEMBROS DA BANCA :
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DRÁUSIO PINHEIRO VÉRAS
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JOAO LUCAS LEAO FEITOSA
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LUISA VALENTIM MELO DE VASCONCELOS QUEIROZ VÉRAS
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Data: 30/01/2025
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Os peixes herbívoros desempenham um papel crucial nos recifes de corais, moldando a comunidade bentônica e regulando a competição entre algas e corais por meio da herbivoria. Com base em fatores como disponibilidade de recursos alimentares, tamanho corporal e presença de cardumes, seus comportamentos e padrões de forrageamento podem variar. No Brasil, a baixa diversidade e o alto grau de endemismo dos recifes tornam essas funções ainda mais relevantes, especialmente diante da redução das populações de herbívoros devido à pressão pesqueira. Uma solução para a recuperação dessas populações é a criação de Áreas Marinhas Protegidas (AMPs). Este estudo investigou dois aspectos principais: (1) como a formação de cardumes de diferentes tamanhos afeta o comportamento de forrageamento dos herbívoros, e (2) como diferentes estratégias de manejo de pesca em AMPs influenciam a herbivoria. A espécie Sparisoma axillare foi usada como modelo para analisar 303 vídeos de comportamento alimentar, avaliando se taxas de alimentação, mordidas e tempo de forrageamento variam conforme o tamanho do cardume. O estudo revelou que o tamanho do grupo influencia a intensidade da herbivoria e a escolha de habitats. Peixes em grupos maiores tendem a forragear em áreas mais expostas à predação. Estes achados oferecem uma nova perspectiva sobre a dinâmica alimentar dos peixes-papagaio e seus papéis ecossistêmicos. Em relação ao segundo ponto, o estudo comparou duas categorias de proteção em AMPs: no-take (sem pesca, como no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos) e desprotegidas (com pesca, como na Área de Proteção Ambiental Ponta da Baleia). Analisou-se como as taxas de alimentação e habitats utilizados para forrageamento por espécies-modelo de cada guilda (Scarus trispinosus, Sparisoma axillare, Acanthurus bahianus e Stegastes fuscus) mudam em diferentes tipos de AMPs. Observouse que áreas protegidas apresentam maior disponibilidade e variabilidade de recursos, enquanto áreas desprotegidas têm maior dominância de corais moles, que não são usados para alimentação. As densidades de peixes herbívoros são geralmente maiores em áreas protegidas da pesca. Indivíduos de herbívoros podadores (Acanthurus bahianus) e raspadores (Sparisoma axillare) apresentam maiores taxas de mordida e tempo de forrageamento em áreas desprotegidas, mas a pressão exercida pela herbivoria é semelhante entre as áreas, variando apenas nos habitats utilizados. Os herbívoros territorialistas (Stegastes fuscus) dedicam mais tempo ao forrageamento dentro das AMPs, onde sua abundância é seis vezes maior, aumentando a pressão de herbivoria. Os herbívoros escavadores (S. trispinosus, acima de 40 cm) apresentam densidades muito baixas fora das áreas protegidas, desempenhando seu papel funcional apenas em áreas de proteção. Esses padrões evidenciam a importância da conservação e do manejo adequado das AMPs para preservar os papéis funcionais dos peixes e a saúde dos recifes de corais.
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Os peixes herbívoros desempenham um papel crucial nos recifes de corais, moldando a comunidade bentônica e regulando a competição entre algas e corais por meio da herbivoria. Com base em fatores como disponibilidade de recursos alimentares, tamanho corporal e presença de cardumes, seus comportamentos e padrões de forrageamento podem variar. No Brasil, a baixa diversidade e o alto grau de endemismo dos recifes tornam essas funções ainda mais relevantes, especialmente diante da redução das populações de herbívoros devido à pressão pesqueira. Uma solução para a recuperação dessas populações é a criação de Áreas Marinhas Protegidas (AMPs). Este estudo investigou dois aspectos principais: (1) como a formação de cardumes de diferentes tamanhos afeta o comportamento de forrageamento dos herbívoros, e (2) como diferentes estratégias de manejo de pesca em AMPs influenciam a herbivoria. A espécie Sparisoma axillare foi usada como modelo para analisar 303 vídeos de comportamento alimentar, avaliando se taxas de alimentação, mordidas e tempo de forrageamento variam conforme o tamanho do cardume. O estudo revelou que o tamanho do grupo influencia a intensidade da herbivoria e a escolha de habitats. Peixes em grupos maiores tendem a forragear em áreas mais expostas à predação. Estes achados oferecem uma nova perspectiva sobre a dinâmica alimentar dos peixes-papagaio e seus papéis ecossistêmicos. Em relação ao segundo ponto, o estudo comparou duas categorias de proteção em AMPs: no-take (sem pesca, como no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos) e desprotegidas (com pesca, como na Área de Proteção Ambiental Ponta da Baleia). Analisou-se como as taxas de alimentação e habitats utilizados para forrageamento por espécies-modelo de cada guilda (Scarus trispinosus, Sparisoma axillare, Acanthurus bahianus e Stegastes fuscus) mudam em diferentes tipos de AMPs. Observouse que áreas protegidas apresentam maior disponibilidade e variabilidade de recursos, enquanto áreas desprotegidas têm maior dominância de corais moles, que não são usados para alimentação. As densidades de peixes herbívoros são geralmente maiores em áreas protegidas da pesca. Indivíduos de herbívoros podadores (Acanthurus bahianus) e raspadores (Sparisoma axillare) apresentam maiores taxas de mordida e tempo de forrageamento em áreas desprotegidas, mas a pressão exercida pela herbivoria é semelhante entre as áreas, variando apenas nos habitats utilizados. Os herbívoros territorialistas (Stegastes fuscus) dedicam mais tempo ao forrageamento dentro das AMPs, onde sua abundância é seis vezes maior, aumentando a pressão de herbivoria. Os herbívoros escavadores (S. trispinosus, acima de 40 cm) apresentam densidades muito baixas fora das áreas protegidas, desempenhando seu papel funcional apenas em áreas de proteção. Esses padrões evidenciam a importância da conservação e do manejo adequado das AMPs para preservar os papéis funcionais dos peixes e a saúde dos recifes de corais.
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DEBORA GENESIS DA SILVA
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USO DOS NEMATOIDES DO SOLO NA AVALIAÇÃO DA REGENERAÇÃO EM FLORESTA SECUNDÁRIA DA CAATINGA APÓS AGRICULTURA DE CORTE-E-QUEIMA
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Orientador : ANDRE MORGADO ESTEVES
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MEMBROS DA BANCA :
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ANDRE MORGADO ESTEVES
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FERNANDA MARIA PEREIRA DE OLIVEIRA
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JUVENIL ENRIQUE CARES
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PAULO JORGE PARREIRA DOS SANTOS
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Data: 31/01/2025
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A recuperação do solo após perturbações é influenciada por diversos fatores, como o tipo de solo, o tempo após a perturbação e o seu histórico. Na Caatinga, uma floresta tropical sazonalmente seca (FTSS), o crescimento populacional e a maior demanda por alimentos tendem a reduzir os períodos de pousio após práticas de corte e queima, intensificando preocupações com a degradação do solo. Este estudo objetivou avaliar a regeneração do solo na Caatinga pós-corte e queima, utilizando nematoides do solo como bioindicadores em uma cronossequência de 4 a 45 anos. As amostras foram coletadas no Parque Nacional do Catimbau - PE, que possui cerca de 607 km2 de vegetação nativa da Caatinga, em floresta secundária (9 áreas pós-perturbação) e floresta madura (3 áreas não afetadas). As áreas categorizadas nos estágios inicial, intermediário, avançado e final de regeneração. Nematoides foram extraídos de 300 mL de solo por flotação-sedimentação-centrifugação com solução de sacarose, identificados em nível de gênero e classificados segundo grupos tróficos, escala c-p e guildas tróficas. Propriedades do solo também foram analisadas. Ao todo, 37.717 nematoides pertencentes a 92 gêneros e 36 famílias foram identificados. A abundância, composição e diversidade de nematoides variaram ao longo do tempo, com predominância de bacteriófagos nos estágios mais avançados, afetando a biomassa de carbono e as pegadas metabólicas da comunidade. Embora as propriedades gerais do solo não tenham tido diferenças significativas, variações na densidade aparente, conteúdo de areia e umidade influenciaram a composição taxonômica. As interações entre as variáveis ambientais e os estágios da floresta foram significativas apenas para a biomassa de carbono dos bacteriófagos. No geral, os resultados sugerem que o prolongamento dos períodos de pousio até os 45 anos não garante o desenvolvimento de um solo mais estruturado e saudável na Caatinga após o distúrbio. A comunidade de nematoides se recupera rapidamente, no entanto, as cadeias alimentares do solo se tornam enriquecidas ao invés de estruturadas. O processo da regeneração do solo é predominantemente moldado por uma abundância de nematoides bacteriófagos, que desempenham papel central na estruturação e fornecimento dos principais serviços ecossistêmicos da comunidade.
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A recuperação do solo após perturbações é influenciada por diversos fatores, como o tipo de solo, o tempo após a perturbação e o seu histórico. Na Caatinga, uma floresta tropical sazonalmente seca (FTSS), o crescimento populacional e a maior demanda por alimentos tendem a reduzir os períodos de pousio após práticas de corte e queima, intensificando preocupações com a degradação do solo. Este estudo objetivou avaliar a regeneração do solo na Caatinga pós-corte e queima, utilizando nematoides do solo como bioindicadores em uma cronossequência de 4 a 45 anos. As amostras foram coletadas no Parque Nacional do Catimbau - PE, que possui cerca de 607 km2 de vegetação nativa da Caatinga, em floresta secundária (9 áreas pós-perturbação) e floresta madura (3 áreas não afetadas). As áreas categorizadas nos estágios inicial, intermediário, avançado e final de regeneração. Nematoides foram extraídos de 300 mL de solo por flotação-sedimentação-centrifugação com solução de sacarose, identificados em nível de gênero e classificados segundo grupos tróficos, escala c-p e guildas tróficas. Propriedades do solo também foram analisadas. Ao todo, 37.717 nematoides pertencentes a 92 gêneros e 36 famílias foram identificados. A abundância, composição e diversidade de nematoides variaram ao longo do tempo, com predominância de bacteriófagos nos estágios mais avançados, afetando a biomassa de carbono e as pegadas metabólicas da comunidade. Embora as propriedades gerais do solo não tenham tido diferenças significativas, variações na densidade aparente, conteúdo de areia e umidade influenciaram a composição taxonômica. As interações entre as variáveis ambientais e os estágios da floresta foram significativas apenas para a biomassa de carbono dos bacteriófagos. No geral, os resultados sugerem que o prolongamento dos períodos de pousio até os 45 anos não garante o desenvolvimento de um solo mais estruturado e saudável na Caatinga após o distúrbio. A comunidade de nematoides se recupera rapidamente, no entanto, as cadeias alimentares do solo se tornam enriquecidas ao invés de estruturadas. O processo da regeneração do solo é predominantemente moldado por uma abundância de nematoides bacteriófagos, que desempenham papel central na estruturação e fornecimento dos principais serviços ecossistêmicos da comunidade.
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JULIANA THAYS MOTA DE LIMA
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Estudo Taxonômico de Rhynchonema Cobb, 1920 (Xyalidae, Nematoda) na Bacia Potiguar – RN e proposição de novas ferramentas para a identificação das suas espécies
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Orientador : ANDRE MORGADO ESTEVES
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MEMBROS DA BANCA :
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ANDRE MORGADO ESTEVES
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TATIANA FABRICIO MARIA
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ULISSES DOS SANTOS PINHEIRO
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VIRÁG VENEKEY
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Data: 25/02/2025
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Nematoda é um dos filos mais abundantes e diversificados entre os metazoários. Seus representantes marinhos desempenham um papel essencial na meiofauna, tanto em termos de diversidade quanto de abundância, sendo fundamentais para a funcionalidade dos ecossistemas bentônicos. No entanto, dentro desse filo, os nematódeos de vida livre são os menos estudados, consequentemente, a abordagem taxonômica sob aspecto da biodiversidade ou ecológico dos nematódeos de vida livre, permanecem significativamente limitados de dados de pesquisa. No Brasil a quantidade de estudos sobre Nematoda ainda é insuficiente para refletir a real riqueza deste filo, especialmente quando se leva em consideração a grande extensão da costa e a sua heterogeneidade de ambientes, tornando a necessidade de estudos taxonômicos maior que nunca. Visando caracterizar a biodiversidade da costa brasileira, foram iniciados estudos preliminares na Bacia Potiguar, localizada entre Rio Grande do Norte e extremo oeste do Ceará, Brasil. Rhynchonema foi um gênero que se destacou em abundância nas amostras coletadas em várias malhas amostrais. O objetivo deste estudo foi descrever espécies do gênero Rhynchonema na costa brasileira, oriunda das amostras coletadas na Bacia Potiguar, além de elaborar uma chave ilustrada com desenhos da região cefálica e caudal para auxiliar na identificação das espécies do gênero. Após refinamento do material, nossos resultados levaram à descrição de seis novas espécies para ciência: Rhynchonema laminam sp. nov., Rhynchonema potiguar sp. nov., Rhynchonema cleoae sp. nov., Rhynchonema brasiliensis sp. nov., Rhynchonema nordestinus sp. nov., e Rhynchonema parvus sp. nov. Essas espécies são diferenciadas por uma combinação de características morfológicas relacionadas a cutícula, fóvea anfídial e estruturas copulatórias (espícula, gubernáculo e apófise). Adicionalmente, novos caracteres foram incluídos à diagnose deste gênero. Além disso, foi elaborada uma chave ilustrada com as espécies distribuídas em grupos. Esses agrupamentos foram formados com base nas principais características morfológicas, como fóvea anfidial e morfologia das espículas e gubernáculo, por exemplo. Em seguida, as características diagnósticas de todas as espécies foram consideradas e utilizadas para a construção de uma tabela comparativa.
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Nematoda é um dos filos mais abundantes e diversificados entre os metazoários. Seus representantes marinhos desempenham um papel essencial na meiofauna, tanto em termos de diversidade quanto de abundância, sendo fundamentais para a funcionalidade dos ecossistemas bentônicos. No entanto, dentro desse filo, os nematódeos de vida livre são os menos estudados, consequentemente, a abordagem taxonômica sob aspecto da biodiversidade ou ecológico dos nematódeos de vida livre, permanecem significativamente limitados de dados de pesquisa. No Brasil a quantidade de estudos sobre Nematoda ainda é insuficiente para refletir a real riqueza deste filo, especialmente quando se leva em consideração a grande extensão da costa e a sua heterogeneidade de ambientes, tornando a necessidade de estudos taxonômicos maior que nunca. Visando caracterizar a biodiversidade da costa brasileira, foram iniciados estudos preliminares na Bacia Potiguar, localizada entre Rio Grande do Norte e extremo oeste do Ceará, Brasil. Rhynchonema foi um gênero que se destacou em abundância nas amostras coletadas em várias malhas amostrais. O objetivo deste estudo foi descrever espécies do gênero Rhynchonema na costa brasileira, oriunda das amostras coletadas na Bacia Potiguar, além de elaborar uma chave ilustrada com desenhos da região cefálica e caudal para auxiliar na identificação das espécies do gênero. Após refinamento do material, nossos resultados levaram à descrição de seis novas espécies para ciência: Rhynchonema laminam sp. nov., Rhynchonema potiguar sp. nov., Rhynchonema cleoae sp. nov., Rhynchonema brasiliensis sp. nov., Rhynchonema nordestinus sp. nov., e Rhynchonema parvus sp. nov. Essas espécies são diferenciadas por uma combinação de características morfológicas relacionadas a cutícula, fóvea anfídial e estruturas copulatórias (espícula, gubernáculo e apófise). Adicionalmente, novos caracteres foram incluídos à diagnose deste gênero. Além disso, foi elaborada uma chave ilustrada com as espécies distribuídas em grupos. Esses agrupamentos foram formados com base nas principais características morfológicas, como fóvea anfidial e morfologia das espículas e gubernáculo, por exemplo. Em seguida, as características diagnósticas de todas as espécies foram consideradas e utilizadas para a construção de uma tabela comparativa.
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JOÃO MIGUEL RIBEIRO COSTA
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Ácaros astigmatídeos (Acari: Astigmata) como presa alternativa para Amblyseius largoensis (Acari: Phytoseiidae): Implicações biológicas e práticas
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Orientador : JOSE WAGNER DA SILVA MELO
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MEMBROS DA BANCA :
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JOSE WAGNER DA SILVA MELO
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MANOEL GUEDES CORREA GONDIM JUNIOR
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WENDEL JOSE TELES PONTES
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Data: 26/02/2025
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Ácaros predadores, particularmente aqueles da família Phytoseiidae, são importantes agentes no manejo sustentável de pragas, reduzindo suas populações e minimizando a dependência de pesticidas químicos. Entre estes, Amblyseius largoensis Muma (Acari: Phytoseiidae) se destaca por seu potencial de controle de importantes pragas tropicais, como as espécies Raoiella indica Hirst (Acari: Tenuipalpidae) e Aleurodicus cocois Curtis (Hemiptera: Sternorrhyncha: Aleyrodidae). Apesar de seu potencial, a produção em larga escala de A. largoensis continua desafiadora. Este estudo objetivou selecionar uma espécie de presa alternativa da ordem Astigmata capaz de promover a criação massal de A. largoensis. Quatro espécies de Astigmata (Carpoglyphus lactis Linnaeus (Carpoglyphidae), Thyreophagus crasentiseta Barbosa, OConnor & Moraes (Acaridae), Tyrophagus putrescentiae Schrank (Acaridae) e Glycycometus aff. molitor Volgin & amp; Akimov (Aeroglyphidae)) foram avaliadas em condições controladas quanto à sua capacidade de sustentar o desenvolvimento, a sobrevivência e a reprodução do predador. Tetranychus urticae Kock (Acari: Tetranychidae), uma presa natural, foi usada como controle. Inicialmente, A. largoensis foi alimentado exclusivamente com cada espécie de presa por cinco dias para avaliar as taxas de crescimento populacional. Os demais bioensaios monitoraram o desenvolvimento imaturo e o desempenho reprodutivo quando alimentado com as duas melhores espécies de presas, determinadas com base na taxa de crescimento populacional do predador. Os resultados mostraram que C. lactis promoveu sobrevivência e reprodução comparáveis a T. urticae, com taxas de desenvolvimento e reprodução favoráveis à criação massal. Carpoglyphus lactis oferece vantagens práticas, sendo fácil de multiplicar em dietas simples, permitindo a produção contínua de predadores. Isso se alinha com a demanda global por controle sustentável de pragas, reduzindo o uso de pesticidas, a contaminação ambiental e apoiando a biodiversidade nativa. Pesquisas futuras devem se concentrar na otimização de protocolos de criação e na avaliação da eficácia em campo para aprimorar estratégias de manejo de pragas em regiões tropicais e subtropicais.
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Ácaros predadores, particularmente aqueles da família Phytoseiidae, são importantes agentes no manejo sustentável de pragas, reduzindo suas populações e minimizando a dependência de pesticidas químicos. Entre estes, Amblyseius largoensis Muma (Acari: Phytoseiidae) se destaca por seu potencial de controle de importantes pragas tropicais, como as espécies Raoiella indica Hirst (Acari: Tenuipalpidae) e Aleurodicus cocois Curtis (Hemiptera: Sternorrhyncha: Aleyrodidae). Apesar de seu potencial, a produção em larga escala de A. largoensis continua desafiadora. Este estudo objetivou selecionar uma espécie de presa alternativa da ordem Astigmata capaz de promover a criação massal de A. largoensis. Quatro espécies de Astigmata (Carpoglyphus lactis Linnaeus (Carpoglyphidae), Thyreophagus crasentiseta Barbosa, OConnor & Moraes (Acaridae), Tyrophagus putrescentiae Schrank (Acaridae) e Glycycometus aff. molitor Volgin & amp; Akimov (Aeroglyphidae)) foram avaliadas em condições controladas quanto à sua capacidade de sustentar o desenvolvimento, a sobrevivência e a reprodução do predador. Tetranychus urticae Kock (Acari: Tetranychidae), uma presa natural, foi usada como controle. Inicialmente, A. largoensis foi alimentado exclusivamente com cada espécie de presa por cinco dias para avaliar as taxas de crescimento populacional. Os demais bioensaios monitoraram o desenvolvimento imaturo e o desempenho reprodutivo quando alimentado com as duas melhores espécies de presas, determinadas com base na taxa de crescimento populacional do predador. Os resultados mostraram que C. lactis promoveu sobrevivência e reprodução comparáveis a T. urticae, com taxas de desenvolvimento e reprodução favoráveis à criação massal. Carpoglyphus lactis oferece vantagens práticas, sendo fácil de multiplicar em dietas simples, permitindo a produção contínua de predadores. Isso se alinha com a demanda global por controle sustentável de pragas, reduzindo o uso de pesticidas, a contaminação ambiental e apoiando a biodiversidade nativa. Pesquisas futuras devem se concentrar na otimização de protocolos de criação e na avaliação da eficácia em campo para aprimorar estratégias de manejo de pragas em regiões tropicais e subtropicais.
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ÍTALO IAN MONTEIRO DA SILVA
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A COMUNIDADE DE NEMATOIDES E SUAS FUNÇÕES ECOSSISTÊMICAS EM UMA FLORESTA SECA DA CAATINGA: UM EXPERIMENTO SOBRE O EFEITO DOS CAPRINOS NO SOLO
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Orientador : PEDRO MURILO SALES NUNES
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MEMBROS DA BANCA :
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ANDRE MORGADO ESTEVES
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PAULO JORGE PARREIRA DOS SANTOS
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LARISSA DE BRITO CAIXETA VASCONCELOS
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DAVID JOSE DOS SANTOS
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Data: 10/04/2025
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Os ecossistemas terrestres enfrentam pressões antrópicas, principalmente devido às mudanças no uso do solo, afetando a biodiversidade e a estrutura das comunidades. A agropecuária, especialmente a criação de animais, é uma das principais formas de uso da terra, cobrindo metade da superfície terrestre disponível. Esse uso intensivo altera a vegetação, densidade populacional das plantas e biota do solo, comprometendo os serviços ecossistêmicos e aumentando a vulnerabilidade biológica. A Caatinga, a maior floresta tropical seca das Américas, suporta a exploração de seus recursos, principalmente através da criação de caprinos, uma das principais causas de degradação da vegetação e do solo. No entanto, seus impactos sobre a biota do solo ainda são pouco estudados. Os nematoides, por sua diversidade e abundância, são bioindicadores da estrutura trófica e funcionamento ecossistêmico. Sua contribuição varia conforme abundância, diversidade e atividade metabólica, permitindo mensurar e avaliar os possíveis impactos como o pastejo de caprino e outras perturbações ambientais. Nesse contexto, a presente dissertação tem como objetivo avaliar os possíveis efeitos dos caprinos sobre a comunidade de nematoides, atividade microbiana e atributos do solo na floresta seca da caatinga. Nossas hipóteses são de que: a abundância, diversidade, composição trófica e a pegada metabólica dos nematoides serão afetadas negativamente pelo pastoreio dos caprinos (1), bem como as propriedades físicas e químicas (2) e a atividade microbiana do solo (3). O estudo foi conduzido no Parque Nacional do Catimbau, o qual cobre uma área de 62,300 ha localizado no estado de Pernambuco, nordeste do Brasil. Embora o local seja uma unidade de conservação, ainda está sujeito a diferentes interferências dos habitantes cujas atividades principais são criação de caprinos e agricultura de subsistência. Nesse contexto, o Catimbau representa uma oportunidade valiosa para investigar os impactos dos distúrbios antrópicos na comunidade de nematoides da Caatinga. Nossos achados foram descritos em um capítulo único, onde analisamos a comunidade de nematoides em relação a abundância, diversidade e estrutura trófica, bem como as pegadas metabólicas e índices baseados em nematoides. Os parâmetros físico-químicos do solo como pH, densidade e teores de macro e micronutrientes, também foram avaliados. Em adição a isso, foi avaliado a atividade microbiana usando como proxy a taxa de respiração basal do solo. Os parâmetros físicos e químicos do solo, apenas a argila respondeu significativamente, sendo maior nas áreas pastejadas, já o parâmetro biológico, analisados através da atividade microbiana, foi observado uma resposta positiva ao pastejo dos caprinos. Referente à comunidade de nematoides, verificamos que o tempo de pastejo e a intensidade não foram suficientes para modificar a abundância, diversidade e estrutura trófica da comunidade de nematoides. Os parasitas de planta dominaram em ambos os tratamentos, sendo a biomassa de C e pegada metabólica superior aos demais grupos tróficos nas áreas de pastejo, dos índices aplicados apenas índice e parasitas de planta (PPI) respondeu ao tratamento sendo maior também nas áreas com caprinos. Através desses resultados, concluímos que a intensidade e o tempo que são preditores de mudança nas teias tróficas em áreas de pastagem dos caprinos são considerados baixos na Caatinga. Mas a descoberta principal do nosso trabalho é o possível estímulo do efeito priming, ocasionado pelo aumento da atividade microbiana do solo e nematoides parasitas de plantas, que podem contrabalançar os efeitos negativos ocasionados pelos caprinos.
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Os ecossistemas terrestres enfrentam pressões antrópicas, principalmente devido às mudanças no uso do solo, afetando a biodiversidade e a estrutura das comunidades. A agropecuária, especialmente a criação de animais, é uma das principais formas de uso da terra, cobrindo metade da superfície terrestre disponível. Esse uso intensivo altera a vegetação, densidade populacional das plantas e biota do solo, comprometendo os serviços ecossistêmicos e aumentando a vulnerabilidade biológica. A Caatinga, a maior floresta tropical seca das Américas, suporta a exploração de seus recursos, principalmente através da criação de caprinos, uma das principais causas de degradação da vegetação e do solo. No entanto, seus impactos sobre a biota do solo ainda são pouco estudados. Os nematoides, por sua diversidade e abundância, são bioindicadores da estrutura trófica e funcionamento ecossistêmico. Sua contribuição varia conforme abundância, diversidade e atividade metabólica, permitindo mensurar e avaliar os possíveis impactos como o pastejo de caprino e outras perturbações ambientais. Nesse contexto, a presente dissertação tem como objetivo avaliar os possíveis efeitos dos caprinos sobre a comunidade de nematoides, atividade microbiana e atributos do solo na floresta seca da caatinga. Nossas hipóteses são de que: a abundância, diversidade, composição trófica e a pegada metabólica dos nematoides serão afetadas negativamente pelo pastoreio dos caprinos (1), bem como as propriedades físicas e químicas (2) e a atividade microbiana do solo (3). O estudo foi conduzido no Parque Nacional do Catimbau, o qual cobre uma área de 62,300 ha localizado no estado de Pernambuco, nordeste do Brasil. Embora o local seja uma unidade de conservação, ainda está sujeito a diferentes interferências dos habitantes cujas atividades principais são criação de caprinos e agricultura de subsistência. Nesse contexto, o Catimbau representa uma oportunidade valiosa para investigar os impactos dos distúrbios antrópicos na comunidade de nematoides da Caatinga. Nossos achados foram descritos em um capítulo único, onde analisamos a comunidade de nematoides em relação a abundância, diversidade e estrutura trófica, bem como as pegadas metabólicas e índices baseados em nematoides. Os parâmetros físico-químicos do solo como pH, densidade e teores de macro e micronutrientes, também foram avaliados. Em adição a isso, foi avaliado a atividade microbiana usando como proxy a taxa de respiração basal do solo. Os parâmetros físicos e químicos do solo, apenas a argila respondeu significativamente, sendo maior nas áreas pastejadas, já o parâmetro biológico, analisados através da atividade microbiana, foi observado uma resposta positiva ao pastejo dos caprinos. Referente à comunidade de nematoides, verificamos que o tempo de pastejo e a intensidade não foram suficientes para modificar a abundância, diversidade e estrutura trófica da comunidade de nematoides. Os parasitas de planta dominaram em ambos os tratamentos, sendo a biomassa de C e pegada metabólica superior aos demais grupos tróficos nas áreas de pastejo, dos índices aplicados apenas índice e parasitas de planta (PPI) respondeu ao tratamento sendo maior também nas áreas com caprinos. Através desses resultados, concluímos que a intensidade e o tempo que são preditores de mudança nas teias tróficas em áreas de pastagem dos caprinos são considerados baixos na Caatinga. Mas a descoberta principal do nosso trabalho é o possível estímulo do efeito priming, ocasionado pelo aumento da atividade microbiana do solo e nematoides parasitas de plantas, que podem contrabalançar os efeitos negativos ocasionados pelos caprinos.
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BRUNA RAFAELA MONTEIRO CAMPELO
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PODE ACARICIDAS MODULAR INTERACOES ENTRE ESPECIES DE ACAROS PREDADORES?
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Orientador : DEBORA BARBOSA DE LIMA MELO
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MEMBROS DA BANCA :
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DEBORA BARBOSA DE LIMA MELO
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LUCIANA IANNUZZI
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PAULO FELLIPE CRISTALDO
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Data: 29/07/2025
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A predação intraguilda é um fenômeno natural em ecossistemas que pode impactar diretamente a eficácia do controle biológico de pragas. Este estudo teve como objetivo avaliar a ocorrência de predação intraguilda e investigar de que forma resíduos de abamectina e a presença de pólen modulam as interações entre os ácaros predadores Amblyseius largoensis (Muma) e Euseius alatus De Leon. Este é o primeiro registro experimental de predação intraguilda entre essas duas espécies. Para os bioensaios, unidades experimentais foram montadas com discos de folhas de feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) dispostos sobre algodão umedecido. Fêmeas adultas de ambas as espécies foram submetidas a 3 horas de jejum, e posteriormente, uma fêmea adulta de A. largoensis ou E. alatus, juntamente com 5 ovos e 5 larvas da espécie heteroespecífica, foram introduzidas nas arenas, com ou sem resíduos de abamectina e pólen. Após 24 horas, foi avaliado o número de presas consumidas (ovos e larvas) e a oviposição por fêmea. Para os testes de dinâmica populacional, dez fêmeas adultas de cada espécie foram liberadas nas arenas contendo pólen (reposto a cada dois dias), com a população monitorada até a extinção de uma das espécies. As avaliações foram realizadas a cada 48h no tratamento sem resíduos e a cada 24h com resíduos de abamectina. Os resultados indicaram que: (1) a predação intraguilda foi recíproca entre A. largoensis e E. alatus; (2) na ausência de resíduos, o consumo foi maior quando o pólen não estava disponível; (3) a oviposição aumentou na presença de pólen para ambas as espécies; (4) o consumo foi diferencialmente afetado pela presença de abamectina; (5) a oviposição foi reduzida sob exposição ao acaricida; e (6) nos experimentos de dinâmica populacional, A. largoensis demonstrou dominância, levando à extinção de E. alatus, embora os resíduos de abamectina tenham reduzido a longevidade de ambos os predadores. Os resultados evidenciam que tanto o pólen quanto os resíduos de abamectina são fatores moduladores importantes nas interações tritróficas entre ácaros predadores.
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A predação intraguilda é um fenômeno natural em ecossistemas que pode impactar diretamente a eficácia do controle biológico de pragas. Este estudo teve como objetivo avaliar a ocorrência de predação intraguilda e investigar de que forma resíduos de abamectina e a presença de pólen modulam as interações entre os ácaros predadores Amblyseius largoensis (Muma) e Euseius alatus De Leon. Este é o primeiro registro experimental de predação intraguilda entre essas duas espécies. Para os bioensaios, unidades experimentais foram montadas com discos de folhas de feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) dispostos sobre algodão umedecido. Fêmeas adultas de ambas as espécies foram submetidas a 3 horas de jejum, e posteriormente, uma fêmea adulta de A. largoensis ou E. alatus, juntamente com 5 ovos e 5 larvas da espécie heteroespecífica, foram introduzidas nas arenas, com ou sem resíduos de abamectina e pólen. Após 24 horas, foi avaliado o número de presas consumidas (ovos e larvas) e a oviposição por fêmea. Para os testes de dinâmica populacional, dez fêmeas adultas de cada espécie foram liberadas nas arenas contendo pólen (reposto a cada dois dias), com a população monitorada até a extinção de uma das espécies. As avaliações foram realizadas a cada 48h no tratamento sem resíduos e a cada 24h com resíduos de abamectina. Os resultados indicaram que: (1) a predação intraguilda foi recíproca entre A. largoensis e E. alatus; (2) na ausência de resíduos, o consumo foi maior quando o pólen não estava disponível; (3) a oviposição aumentou na presença de pólen para ambas as espécies; (4) o consumo foi diferencialmente afetado pela presença de abamectina; (5) a oviposição foi reduzida sob exposição ao acaricida; e (6) nos experimentos de dinâmica populacional, A. largoensis demonstrou dominância, levando à extinção de E. alatus, embora os resíduos de abamectina tenham reduzido a longevidade de ambos os predadores. Os resultados evidenciam que tanto o pólen quanto os resíduos de abamectina são fatores moduladores importantes nas interações tritróficas entre ácaros predadores.
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MARIA ISABEL DE OLIVEIRA LOPES GOMES
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COMUNICACAO QUIMICA E ESTRATEGIAS DE ACASALAMENTO EM Raoiella indica HIRST (ACARI: TENUIPALPIDAE)
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Orientador : DEBORA BARBOSA DE LIMA MELO
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MEMBROS DA BANCA :
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DEBORA BARBOSA DE LIMA MELO
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MANOEL GUEDES CORREA GONDIM JUNIOR
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WENDEL JOSE TELES PONTES
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Data: 30/07/2025
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A espécie Raoiella indica Hirst (Acari: Tenuipalpidae), recentemente introduzida no Brasil, é um ácaro fitófago associado a mais de 100 espécies vegetais. Apesar da importância econômica e ecológica, aspectos básicos de sua biologia reprodutiva permanecem pouco conhecidos. Este trabalho teve como objetivo investigar os mecanismos de comunicação sexual em R. indica, com ênfase na descrição do comportamento de acasalamento, na identificação das pistas utilizadas pelos machos para localizar as fêmeas e na influência do estado reprodutivo feminino (virgens ou acasaladas) sobre sua atratividade. Para isso, foram conduzidas observações comportamentais com o objetivo de descrever, em até quatro horas, a sequência completa do acasalamento, além de experimentos para avaliar a atratividade de diferentes pistas (voláteis e rastros) deixadas por fêmeas em distintas fases reprodutivas. Os resultados mostraram que o comportamento de acasalamento de R. indica apresenta uma sequência estável composta por quatro etapas: aproximação, guarda, postura pré-copulatória e cópula, com duração média de 24 minutos. Verificou-se que os machos são capazes de localizar fêmeas tanto por voláteis quanto por rastros químicos, porém apenas as fêmeas virgens foram atrativas nos testes realizados. Estes achados indicam que o comportamento sexual da espécie segue um padrão bem definido e que a comunicação química desempenha papel central na mediação dessas interações, contribuindo para o entendimento das estratégias reprodutivas adotadas por R. indica.
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A espécie Raoiella indica Hirst (Acari: Tenuipalpidae), recentemente introduzida no Brasil, é um ácaro fitófago associado a mais de 100 espécies vegetais. Apesar da importância econômica e ecológica, aspectos básicos de sua biologia reprodutiva permanecem pouco conhecidos. Este trabalho teve como objetivo investigar os mecanismos de comunicação sexual em R. indica, com ênfase na descrição do comportamento de acasalamento, na identificação das pistas utilizadas pelos machos para localizar as fêmeas e na influência do estado reprodutivo feminino (virgens ou acasaladas) sobre sua atratividade. Para isso, foram conduzidas observações comportamentais com o objetivo de descrever, em até quatro horas, a sequência completa do acasalamento, além de experimentos para avaliar a atratividade de diferentes pistas (voláteis e rastros) deixadas por fêmeas em distintas fases reprodutivas. Os resultados mostraram que o comportamento de acasalamento de R. indica apresenta uma sequência estável composta por quatro etapas: aproximação, guarda, postura pré-copulatória e cópula, com duração média de 24 minutos. Verificou-se que os machos são capazes de localizar fêmeas tanto por voláteis quanto por rastros químicos, porém apenas as fêmeas virgens foram atrativas nos testes realizados. Estes achados indicam que o comportamento sexual da espécie segue um padrão bem definido e que a comunicação química desempenha papel central na mediação dessas interações, contribuindo para o entendimento das estratégias reprodutivas adotadas por R. indica.
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THALES ALMEIDA BARROS
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ESPONJAS MARINHAS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DO RECIFE, PERNAMBUCO
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Orientador : ULISSES DOS SANTOS PINHEIRO
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MEMBROS DA BANCA :
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ALEXANDRE OLIVEIRA DE ALMEIDA
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EDUARDO CARLOS MEDUNA HAJDU
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JOANA CAROLINA FREIRE SANDES SANTOS
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ULISSES DOS SANTOS PINHEIRO
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Data: 30/07/2025
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As esponjas formam um grupo abundante no ambiente marinho, desempenhando importantes funções na manutenção da biodiversidade e na estruturação física do ecossistema, servindo de refúgio, alimento e substrato para a colonização de diversos grupos de organismos. São conhecidas 598 espécies para o Brasil, sendo Recife a segunda localidade com maior registro (68). A maior parte do material foi coletada na expedição Oceanográfica do Navio Calypso e algumas coletas foram realizadas pontualmente, mas sem focar no litoral recifense. Além disso, parte dos registros realizados trazem consigo problemas de identificação, como registros duvidosos e táxon inquirendum. O acesso à espongiofauna recifense traz desafios, já que nos ambientes mais rasos existe o risco de ataques de tubarões, enquanto que nos ambientes mais profundos, a geomorfologia dificulta a realização de arrastos. Entretanto, recentemente foram realizados três arrastos ao largo de Recife, resultando na coleta de 174 espécimes. Com isso, o objetivo deste trabalho foi realizar um estudo taxonômico de esponjas da plataforma continental do Recife. Para tanto, foram utilizadas técnicas correntes para preparação e identificação das esponjas estabelecidas por Hajdu et al. (2011). Foram identificadas 30 espécies dentro de 21 gêneros e 17 famílias. Dentre as quais, seis são prováveis novas espécies para a ciência, três são novos registros para o Brasil, onze são novos registros para Pernambuco, cinco para Recife e seis espécies já conhecidas para a região. Com esses resultados pudemos ampliar o conhecimento a respeito da espongiofauna pernambucana e brasileira, salientando a importância de novos estudos em áreas pouco amostradas.
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As esponjas formam um grupo abundante no ambiente marinho, desempenhando importantes funções na manutenção da biodiversidade e na estruturação física do ecossistema, servindo de refúgio, alimento e substrato para a colonização de diversos grupos de organismos. São conhecidas 598 espécies para o Brasil, sendo Recife a segunda localidade com maior registro (68). A maior parte do material foi coletada na expedição Oceanográfica do Navio Calypso e algumas coletas foram realizadas pontualmente, mas sem focar no litoral recifense. Além disso, parte dos registros realizados trazem consigo problemas de identificação, como registros duvidosos e táxon inquirendum. O acesso à espongiofauna recifense traz desafios, já que nos ambientes mais rasos existe o risco de ataques de tubarões, enquanto que nos ambientes mais profundos, a geomorfologia dificulta a realização de arrastos. Entretanto, recentemente foram realizados três arrastos ao largo de Recife, resultando na coleta de 174 espécimes. Com isso, o objetivo deste trabalho foi realizar um estudo taxonômico de esponjas da plataforma continental do Recife. Para tanto, foram utilizadas técnicas correntes para preparação e identificação das esponjas estabelecidas por Hajdu et al. (2011). Foram identificadas 30 espécies dentro de 21 gêneros e 17 famílias. Dentre as quais, seis são prováveis novas espécies para a ciência, três são novos registros para o Brasil, onze são novos registros para Pernambuco, cinco para Recife e seis espécies já conhecidas para a região. Com esses resultados pudemos ampliar o conhecimento a respeito da espongiofauna pernambucana e brasileira, salientando a importância de novos estudos em áreas pouco amostradas.
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MARIA BEATRIZ NUNES DE SOUZA
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Uma interacao negligenciada Rhynchophorus palmarum - acaros foreticos
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Orientador : JOSE WAGNER DA SILVA MELO
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MEMBROS DA BANCA :
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JOSE WAGNER DA SILVA MELO
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LUCIANA IANNUZZI
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PAULO FELLIPE CRISTALDO
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Data: 30/07/2025
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A forésia é uma interação ecológica temporária na qual um organismo menor (forético) se fixa a um organismo maior (portador) para fins de dispersão. Entre os artrópodes, os ácaros são os organismos que mais recorrem a esse comportamento, utilizando uma ampla diversidade de hospedeiros, como insetos e vertebrados. Apesar da forésia ser amplamente registrada, há uma lacuna significativa sobre os fatores ecológicos que moldam essas interações, especialmente no que se refere à composição e estrutura das comunidades de ácaros foréticos. Rhynchophorus palmarum (broca-do-olho-do-coqueiro) é uma praga de grande importância econômica na cultura do coqueiro, responsável por danos diretos às plantas e pela transmissão de patógenos. Embora esse besouro seja reconhecido como vetor de diversos organismos, as interações com ácaros foréticos permanecem negligenciadas no Brasil. Este estudo teve como objetivo caracterizar a diversidade e composição da acarofauna associada a R. palmarum em áreas de cultivo de coqueiro, além de avaliar se fatores como o sexo, tamanho corporal do hospedeiro e condições ambientais influenciam na presença e abundância dos ácaros. Para isso, foram realizadas coletas sistemáticas em diferentes localidades, com extração e identificação dos ácaros presentes. Este trabalho busca ampliar o entendimento das relações ecológicas entre besouros e ácaros foréticos, contribuindo para a compreensão dos processos de dispersão desses organismos, dos padrões de associação e, potencialmente, para o desenvolvimento de estratégias de manejo mais sustentáveis. Os resultados obtidos fornecem uma base relevante para estudos futuros em ecologia, biodiversidade e controle biológico.
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A forésia é uma interação ecológica temporária na qual um organismo menor (forético) se fixa a um organismo maior (portador) para fins de dispersão. Entre os artrópodes, os ácaros são os organismos que mais recorrem a esse comportamento, utilizando uma ampla diversidade de hospedeiros, como insetos e vertebrados. Apesar da forésia ser amplamente registrada, há uma lacuna significativa sobre os fatores ecológicos que moldam essas interações, especialmente no que se refere à composição e estrutura das comunidades de ácaros foréticos. Rhynchophorus palmarum (broca-do-olho-do-coqueiro) é uma praga de grande importância econômica na cultura do coqueiro, responsável por danos diretos às plantas e pela transmissão de patógenos. Embora esse besouro seja reconhecido como vetor de diversos organismos, as interações com ácaros foréticos permanecem negligenciadas no Brasil. Este estudo teve como objetivo caracterizar a diversidade e composição da acarofauna associada a R. palmarum em áreas de cultivo de coqueiro, além de avaliar se fatores como o sexo, tamanho corporal do hospedeiro e condições ambientais influenciam na presença e abundância dos ácaros. Para isso, foram realizadas coletas sistemáticas em diferentes localidades, com extração e identificação dos ácaros presentes. Este trabalho busca ampliar o entendimento das relações ecológicas entre besouros e ácaros foréticos, contribuindo para a compreensão dos processos de dispersão desses organismos, dos padrões de associação e, potencialmente, para o desenvolvimento de estratégias de manejo mais sustentáveis. Os resultados obtidos fornecem uma base relevante para estudos futuros em ecologia, biodiversidade e controle biológico.
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LETICIA DE OLIVEIRA MARTINS
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EFEITO DO ENRIQUECIMENTO SENSORIAL ACUSTICO SOBRE PAPAGAIOS-VERDADEIROS (Amazona aestiva) EM PROCESSO DE REABILITACAO
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Orientador : BRUNA MARTINS BEZERRA
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MEMBROS DA BANCA :
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BRUNA MARTINS BEZERRA
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MARIA ADELIA BORSTELMANN DE OLIVEIRA
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PAULO BRAGA MASCARENHAS JUNIOR
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WENDEL JOSE TELES PONTES
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Data: 31/07/2025
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O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) é uma das espécies mais comuns nos Centros de Triagem de Animais Silvestres do Brasil, tornando urgente a realização de estudos sobre comportamento e enriquecimento ambiental para aprimorar sua reabilitação. Este estudo avaliou os efeitos de diferentes tipos de enriquecimento sensorial acústico sobre o comportamento de papagaios-verdadeiros em reabilitação, considerando a influência de fatores como personalidade e sexo. A personalidade foi avaliada por meio de testes de apresentação de objetos novos, enquanto os testes com enriquecimento acústico foram divididos em quatro tratamentos: controle (sem som), sons da caatinga, música clássica e rock and roll. As observações comportamentais foram realizadas por amostragem focal e varredura. Verificamos papagaios-verdadeiros fêmeas e machos com personalidade ousada ou tímida com base na reação destes aos objetos novos apresentados. Verificamos que o enriquecimento sensorial acústico influenciou significativamente o comportamento de papagaios-verdadeiros, sendo os efeitos modulados pela personalidade dos indivíduos. O padrão comportamental variou entre os diferentes tipos de estímulos, com o som da caatinga gerando respostas mais semelhantes ao tratamento controle, mas ainda assim provocando mudanças significativas no comportamento dos papagaios-verdadeiros. A personalidade dos papagaios foi um fator consistentemente influente durante todos os tratamentos. Indivíduos ousados apresentaram respostas comportamentais mais variáveis e reativas aos estímulos, enquanto os tímidos mantiveram um padrão mais estático. Essa diferença pode estar relacionada à tendência dos tímidos a apresentarem menor atividade geral. Ainda dentro desse aspecto, observou-se que indivíduos com temperamentos semelhantes tendiam a formar pares ou interagir mais entre si. No que diz respeito às vocalizações, foi registrada uma maior incidência de vocalizações aprendidas de humanos durante o enriquecimento com rock and roll, enquanto os sons da caatinga e a música clássica não apresentaram esse efeito. No geral, os resultados confirmam que o enriquecimento sensorial acústico impacta o comportamento dos papagaios-verdadeiros e que variáveis individuais como personalidade e sexo devem ser consideradas no planejamento de protocolos de reabilitação.
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O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) é uma das espécies mais comuns nos Centros de Triagem de Animais Silvestres do Brasil, tornando urgente a realização de estudos sobre comportamento e enriquecimento ambiental para aprimorar sua reabilitação. Este estudo avaliou os efeitos de diferentes tipos de enriquecimento sensorial acústico sobre o comportamento de papagaios-verdadeiros em reabilitação, considerando a influência de fatores como personalidade e sexo. A personalidade foi avaliada por meio de testes de apresentação de objetos novos, enquanto os testes com enriquecimento acústico foram divididos em quatro tratamentos: controle (sem som), sons da caatinga, música clássica e rock and roll. As observações comportamentais foram realizadas por amostragem focal e varredura. Verificamos papagaios-verdadeiros fêmeas e machos com personalidade ousada ou tímida com base na reação destes aos objetos novos apresentados. Verificamos que o enriquecimento sensorial acústico influenciou significativamente o comportamento de papagaios-verdadeiros, sendo os efeitos modulados pela personalidade dos indivíduos. O padrão comportamental variou entre os diferentes tipos de estímulos, com o som da caatinga gerando respostas mais semelhantes ao tratamento controle, mas ainda assim provocando mudanças significativas no comportamento dos papagaios-verdadeiros. A personalidade dos papagaios foi um fator consistentemente influente durante todos os tratamentos. Indivíduos ousados apresentaram respostas comportamentais mais variáveis e reativas aos estímulos, enquanto os tímidos mantiveram um padrão mais estático. Essa diferença pode estar relacionada à tendência dos tímidos a apresentarem menor atividade geral. Ainda dentro desse aspecto, observou-se que indivíduos com temperamentos semelhantes tendiam a formar pares ou interagir mais entre si. No que diz respeito às vocalizações, foi registrada uma maior incidência de vocalizações aprendidas de humanos durante o enriquecimento com rock and roll, enquanto os sons da caatinga e a música clássica não apresentaram esse efeito. No geral, os resultados confirmam que o enriquecimento sensorial acústico impacta o comportamento dos papagaios-verdadeiros e que variáveis individuais como personalidade e sexo devem ser consideradas no planejamento de protocolos de reabilitação.
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MARIA GABRIELLA RUFINO MADRUGA
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USO DE SITIO DE QUEBRA PELO MACACO-PREGO-GALEGO (Sapajus flavius) NA CAATINGA
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Orientador : JOAO PEDRO DE SOUZA ALVES
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MEMBROS DA BANCA :
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KATARINA ALMEIDA WARREN
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JOAO PEDRO DE SOUZA ALVES
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PATRICIA IZAR
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PEDRO IVO SIMOES
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Data: 13/08/2025
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O macaco-prego-galego (Sapajus flavius) é uma espécie Ameaçada e endêmica do Nordeste do Brasil. Embora sua distribuição inicialmente estivesse restrita à Mata Atlântica, atualmente sabe-se da ocorrência de populações também na Caatinga, onde exibem o comportamento de uso de pedra como ferramenta. Esta dissertação teve como objetivo investigar o padrão de uso dessas ferramentas pelo macaco-prego-galego na Caatinga alagoana e compreender como características da paisagem local influenciam o reuso dos sítios de quebra. Durante dez meses de trabalho de campo, duas trilhas foram percorridas, resultando no mapeamento e quantificação de 215 bigornas e 247 martelos utilizados pelo macaco-prego-galego. Em média, as bigornas apresentaram um comprimento de 470 (± 57 cm) cm e largura de 600 (± 500 cm). Já os martelos, o comprimento médio foi de 91 (± 36mm) cm, largura média 66 (±36 mm), espessura 41 (± 52 mm), e peso média de 337 (± 483 g). As bigornas foram significativamente mais compridas que os martelos, todavia não houve diferença significativa para a largura. A maioria dos restos de alimento utilizados pelo macaco-prego-galego encontrados nas bigornas foram classificados como antigos (91%); e as espécies mais comuns foram Cnidoscolus quercifolius (77,3%) e Terminalia catappa (22,7%). Os martelos utilizados para quebrar T. catappa apresentaram largura, espessura e peso significativamente maiores do que os usados para C. quercifolius. Para compreender o reuso dos sítios, foram delimitadas áreas de amostragem ao redor dos sítios a partir de 10 transectos medindo 50 m. Nestes, foi registrada a densidade de árvores (793,33 indivíduos/ha), área basal (20,54 m2/ha), disponibilidade de frutos comestíveis no solo (média = 4 ± 7), pedras disponíveis no solo (média = 307 ± 172 un.) e distância de fontes de água (média = 181,6 ± 161,1 m). A abundância total de sítios reutilizados foi 72, com média de 2,05 ± 1,74 por área amostrada. Modelos Lineares Generalizados (GLM) revelaram que a área basal das árvores correlacionou positivamente com a abundância de sítios reutilizados. Portanto, áreas com árvores que apresentam uma alta quantidade de alimento disponível favorecem a abundância de sítios reutilizados pelo macaco-prego-galego. Esses resultados evidenciam que a estrutura da vegetação influencia diretamente o comportamento. Esse estudo fornece subsídios importantes para estratégias de conservação, destacando a relevância da estrutura da vegetação e da disponibilidade de recursos na manutenção do comportamento de uso de ferramentas pelo grupo de macaco-prego-galego na Caatinga.
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O macaco-prego-galego (Sapajus flavius) é uma espécie Ameaçada e endêmica do Nordeste do Brasil. Embora sua distribuição inicialmente estivesse restrita à Mata Atlântica, atualmente sabe-se da ocorrência de populações também na Caatinga, onde exibem o comportamento de uso de pedra como ferramenta. Esta dissertação teve como objetivo investigar o padrão de uso dessas ferramentas pelo macaco-prego-galego na Caatinga alagoana e compreender como características da paisagem local influenciam o reuso dos sítios de quebra. Durante dez meses de trabalho de campo, duas trilhas foram percorridas, resultando no mapeamento e quantificação de 215 bigornas e 247 martelos utilizados pelo macaco-prego-galego. Em média, as bigornas apresentaram um comprimento de 470 (± 57 cm) cm e largura de 600 (± 500 cm). Já os martelos, o comprimento médio foi de 91 (± 36mm) cm, largura média 66 (±36 mm), espessura 41 (± 52 mm), e peso média de 337 (± 483 g). As bigornas foram significativamente mais compridas que os martelos, todavia não houve diferença significativa para a largura. A maioria dos restos de alimento utilizados pelo macaco-prego-galego encontrados nas bigornas foram classificados como antigos (91%); e as espécies mais comuns foram Cnidoscolus quercifolius (77,3%) e Terminalia catappa (22,7%). Os martelos utilizados para quebrar T. catappa apresentaram largura, espessura e peso significativamente maiores do que os usados para C. quercifolius. Para compreender o reuso dos sítios, foram delimitadas áreas de amostragem ao redor dos sítios a partir de 10 transectos medindo 50 m. Nestes, foi registrada a densidade de árvores (793,33 indivíduos/ha), área basal (20,54 m2/ha), disponibilidade de frutos comestíveis no solo (média = 4 ± 7), pedras disponíveis no solo (média = 307 ± 172 un.) e distância de fontes de água (média = 181,6 ± 161,1 m). A abundância total de sítios reutilizados foi 72, com média de 2,05 ± 1,74 por área amostrada. Modelos Lineares Generalizados (GLM) revelaram que a área basal das árvores correlacionou positivamente com a abundância de sítios reutilizados. Portanto, áreas com árvores que apresentam uma alta quantidade de alimento disponível favorecem a abundância de sítios reutilizados pelo macaco-prego-galego. Esses resultados evidenciam que a estrutura da vegetação influencia diretamente o comportamento. Esse estudo fornece subsídios importantes para estratégias de conservação, destacando a relevância da estrutura da vegetação e da disponibilidade de recursos na manutenção do comportamento de uso de ferramentas pelo grupo de macaco-prego-galego na Caatinga.
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BRUNA RAFAELA SOUSA DE OLIVEIRA
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Efeito experimental da elevacao da temperatura sobre a comunidade da meiofauna de ambientes recifais
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Orientador : PAULO JORGE PARREIRA DOS SANTOS
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MEMBROS DA BANCA :
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PAULO JORGE PARREIRA DOS SANTOS
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TACIANA KRAMER DE OLIVEIRA PINTO
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TATIANA FABRICIO MARIA
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ULISSES DOS SANTOS PINHEIRO
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Data: 25/08/2025
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Os recifes de corais são fortemente impactados pelas mudanças climáticas, sendo essa a principal ameaça a estes ecossistemas em escala global. Em todo o mundo, a frequência, intensidade e duração das ondas de calor marinhas têm aumentado. Novos cenários exigem pesquisas adicionais que caracterizem a sensibilidade das comunidades bentônicas (não corais) aos eventos extremos de ondas de calor. Neste estudo, a meiofauna foi utilizada como bioindicador no ambiente recifal, devido à sua alta sensibilidade a mudanças nas condições abióticas e sua rápida dinâmica para avaliar em experimentos manipulativos e observacionais a sua resposta ao estresse térmico causado por picos de temperatura. Através de uma amostragem temporal (2012 a 2024), analisamos a resposta dos grandes grupos da meiofauna a três situações: Sem Estresse (≤ 27 °C), Estresse Moderado (> 27 °C a 28 °C) e Estresse Elevado (> 28 °C até 29,5 °C), associados ao Fator Área (correspondendo a uma Piscina Recifal e uma Área Aberta). Também foi realizada avaliação da resposta da comunidade de meiofauna a uma simulação de estresse térmico, através de um experimento de mesocosmo com três tratamentos: Controle, DHW8 e DHW 10,5. Ambos os estudos foram realizados na bancada de recifes de coral localizada na Praia de Serrambi, litoral Sul de Pernambuco, Brasil, utilizando Unidades Artificiais de Substrato (UAS). No estudo observacional, foram detectadas diferenças significativas para ambos os fatores Área (F= 4,6157; p(perm)= 0,0073) e Situação aninhada em Área (F= 3,3364; p(perm)= 0,0005).Três principais resultados destacam-se: (1) Copepoda e seus estágios larvais (Nauplius) mostraram sensibilidade, com redução de abundância dos Nauplius mesmo sob aumentos moderados de temperatura, tornando- se menos representativos em condições mais extremas; (2) Nematoda, Ostracoda e Peracarida demonstraram aumento na densidade sob estresse térmico elevado, sugerindo maior tolerância ou possível vantagem ecológica nesse cenário; e (3) “Turbellaria” apresentou sensibilidade acentuada, adotando padrões diferentes quanto a associação dos fatores Temperatura e Área. Além disso, sob a condição de Estresse Elevado, a Área Aberta apresentou maior abundância em comparação à Piscina Recifal, indicando possível intensificação dos efeitos do estresse nesse ambiente. No estudo experimental, 12 grupos da meiofauna foram encontrados, dos quais os mais abundantes foram: Copepoda Harpacticoida, Nauplius de Copepoda, Annelida, Nematoda e Ostracoda. Diferenças significativas entre os tratamentos foram encontradas (p(perm)=0,0247). Annelida, Tardigrada e Nematoda foram os grupos que mais contribuíram para a dissimilaridade entre tratamentos. Sendo os dois últimos favorecidos com a elevação da temperatura. Apesar de outros autores abordarem os eventos de branqueamento, ao nosso conhecimento este é o primeiro estudo relatando os efeitos de ondas de calor em comunidades bentônicas (não corais), resultados importantes para o entendimento destes impactos nas relações ecossistêmicas do ambiente recifal em cenários de elevação de temperatura.
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Os recifes de corais são fortemente impactados pelas mudanças climáticas, sendo essa a principal ameaça a estes ecossistemas em escala global. Em todo o mundo, a frequência, intensidade e duração das ondas de calor marinhas têm aumentado. Novos cenários exigem pesquisas adicionais que caracterizem a sensibilidade das comunidades bentônicas (não corais) aos eventos extremos de ondas de calor. Neste estudo, a meiofauna foi utilizada como bioindicador no ambiente recifal, devido à sua alta sensibilidade a mudanças nas condições abióticas e sua rápida dinâmica para avaliar em experimentos manipulativos e observacionais a sua resposta ao estresse térmico causado por picos de temperatura. Através de uma amostragem temporal (2012 a 2024), analisamos a resposta dos grandes grupos da meiofauna a três situações: Sem Estresse (≤ 27 °C), Estresse Moderado (> 27 °C a 28 °C) e Estresse Elevado (> 28 °C até 29,5 °C), associados ao Fator Área (correspondendo a uma Piscina Recifal e uma Área Aberta). Também foi realizada avaliação da resposta da comunidade de meiofauna a uma simulação de estresse térmico, através de um experimento de mesocosmo com três tratamentos: Controle, DHW8 e DHW 10,5. Ambos os estudos foram realizados na bancada de recifes de coral localizada na Praia de Serrambi, litoral Sul de Pernambuco, Brasil, utilizando Unidades Artificiais de Substrato (UAS). No estudo observacional, foram detectadas diferenças significativas para ambos os fatores Área (F= 4,6157; p(perm)= 0,0073) e Situação aninhada em Área (F= 3,3364; p(perm)= 0,0005).Três principais resultados destacam-se: (1) Copepoda e seus estágios larvais (Nauplius) mostraram sensibilidade, com redução de abundância dos Nauplius mesmo sob aumentos moderados de temperatura, tornando- se menos representativos em condições mais extremas; (2) Nematoda, Ostracoda e Peracarida demonstraram aumento na densidade sob estresse térmico elevado, sugerindo maior tolerância ou possível vantagem ecológica nesse cenário; e (3) “Turbellaria” apresentou sensibilidade acentuada, adotando padrões diferentes quanto a associação dos fatores Temperatura e Área. Além disso, sob a condição de Estresse Elevado, a Área Aberta apresentou maior abundância em comparação à Piscina Recifal, indicando possível intensificação dos efeitos do estresse nesse ambiente. No estudo experimental, 12 grupos da meiofauna foram encontrados, dos quais os mais abundantes foram: Copepoda Harpacticoida, Nauplius de Copepoda, Annelida, Nematoda e Ostracoda. Diferenças significativas entre os tratamentos foram encontradas (p(perm)=0,0247). Annelida, Tardigrada e Nematoda foram os grupos que mais contribuíram para a dissimilaridade entre tratamentos. Sendo os dois últimos favorecidos com a elevação da temperatura. Apesar de outros autores abordarem os eventos de branqueamento, ao nosso conhecimento este é o primeiro estudo relatando os efeitos de ondas de calor em comunidades bentônicas (não corais), resultados importantes para o entendimento destes impactos nas relações ecossistêmicas do ambiente recifal em cenários de elevação de temperatura.
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LAIS RAMOS BARCELLOS
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Reconstrução da captura do tubarão-azul (Prionace glauca) e fauna acompanhante no Oceano Atlântico Sul
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Orientador : ROSANGELA PAULA TEIXEIRA LESSA
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MEMBROS DA BANCA :
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MARIA LUCIA GOES DE ARAUJO
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GETULIO RINCON FILHO
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FABIO DOS SANTOS MOTTA
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BRUNA MARTINS BEZERRA
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FRANCISCO MARCANTE SANTANA DA SILVA
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ROSANGELA PAULA TEIXEIRA LESSA
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Data: 31/01/2025
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A pesca no Oceano Atlântico Sul começou com uma abordagem exploratória, marcada por incentivos fiscais e arrendamentos de frotas internacionais, sem uma visão conservacionista, o que causou lacunas nos registros de dados pesqueiros. Na década de 1990, espécies antes raramente capturadas passaram a ser exploradas como captura acessória, devido à mudança nos petrechos da pesca espinheleira, que substituíram o multifilamento pelo monofilamento. Essa alteração permitiu maior captura de peixes-espada em detrimento de atuns, atendendo à demanda do mercado e fornecendo subprodutos. O tubarão-azul passou a ser classificado como “captura incidental previsível” pela Instrução Normativa 10/2011 (MPA/MMA), sendo frequentemente capturado na pesca direcionada a atuns e peixes-espada. Alguns estoques da espécie já apresentavam declínio devido à sobrepesca. A avaliação do estoque do Atlântico Sul feita pela Comissão Internacional para a Conservação dos Atuns e de Espécies Afins do Atlântico (ICCAT) indicou que, embora improvável que estivesse sobrepescado ou sujeito à sobrepesca, a pesca insustentável ocorreu durante anos, sem dados pesqueiros confiáveis. Nos últimos 30 anos, o tubarão-azul foi capturado mais que as espécies-alvo em diversos períodos. Índices de abundância confiáveis são essenciais para ajustes nas avaliações dos estoques pesqueiros. A implementação de melhores índices em áreas de proteção ambiental é necessária para aprimorar futuros levantamentos e apoiar medidas de gestão. Este estudo contribui para a gestão da pesca nacional, tanto do tubarão-azul quanto de outras espécies capturadas incidentalmente no Atlântico Sul.
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A região Nordeste do Brasil corresponde a maior taxa de produção pesqueira do país. Ainda há pouco conhecimento sobre predadores oceânicos extintos, mas a exploração esgota as populações de peixes marinhos em 50% a 70%, e a gestão atual da pesca depende de avaliações de estoque para estimar parâmetros populacionais de espécies focais com o histórico da estrutura de capturas, biomassa, esforço pesqueiro e inspecções de pesca independentes. O papel da avaliação pesqueira é encontrar o melhor suporte técnico voltado para questões políticas, sociais e econômicas. O objetivo principal do presente estudo foi reconstruir a captura da fauna alvo e acessória, avaliando se houve variações na abundância e tamanho no tempo e no espaço para seis espécies mais capturadas. Os resultados evidenciaram, comparando três programas de pesca, que o aparelho utilizado para as capturas promoveram mudanças nos aspectos populacionais, principalmente para Prionace glauca (tubarão azul). Medidas para o manejo pesqueiro da fauna alvo e acessória no Oceano Atlântico Sul devem ser seguidas para evitar o colapso das populações.
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WHANDENSON MACHADO DO NASCIMENTO
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O AMBIENTE PODE INFLUENCIAR A MORFOLOGIA DAS QUELAS DOS CAMARÕES DO GÊNERO Alpheus Fabricius, 1798 (DECAPODA: ALPHEIDAE)? UMA ABORDAGEM COM O USO DA MORFOMETRIA GEOMÉTRICA
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Orientador : ALEXANDRE OLIVEIRA DE ALMEIDA
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MEMBROS DA BANCA :
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RAFAEL CAMPOS DUARTE
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ALEXANDRE OLIVEIRA DE ALMEIDA
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ALEXANDRE VARASCHIN PALAORO
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DOUGLAS FERNANDES RODRIGUES ALVES
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PAULA BRAGA GOMES
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Data: 06/02/2025
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Esta tese investigou a influência do tipo de habitat na morfologia da quela dos camarões-de-estalo do gênero Alpheus. Ao longo de três capítulos, foram examinados aspectos específicos relacionados à evolução, ao dimorfismo sexual e às adaptações das quelas desses camarões. Ferramentas de morfometria geométrica foram utilizadas para explorar como a alometria estática, as diferenças sexuais e as características do habitat afetam a forma das quelas em várias espécies de Alpheus. No primeiro capítulo, analisou-se o papel da alometria estática na amplificação do dimorfismo sexual na forma das quelas em A. angulosus, A. carlae e A. nuttingi. Os resultados indicaram que a maior taxa de crescimento das quelas nos machos favorece a robustez do pólex, uma característica associada a vantagens em disputas agonísticas. Em contraste, as fêmeas apresentam uma palma mais robusta, possivelmente relacionada à eficiência funcional. Esses achados destacam como habitats de entremarés de praias, caracterizados por altas densidades populacionais e frequentes disputas, podem estar associados à seleção sexual em camarões-de-estalo. No segundo capítulo, o estudo investigou se a adaptação a habitats de planícies de maré estuarinas influencia a forma das quelas em Alpheus estuariensis. A similaridade ambiental dos habitats de planícies de lama dos estuários, pelo menos no nordeste do Brasil, pode limitar a variação morfológica nas quelas de A. estuariensis, promovendo formas semelhantes entre sexos e populações. Propõe-se que a uniformidade morfológica das quelas de A. estuariensis pode ser modulada pelo comportamento de escavação, essencial para a construção e manutenção de tocas nesses ambientes estuarinos. O terceiro capítulo abordou a diversidade morfológica nas quelas de quatro espécies de Alpheus, investigando a influência de fatores ecológicos e comportamentais de dois tipos de habitats: entremarés de praia e planícies de lama de estuários. Comparações entre espécies sugeriram que a morfologia das quelas é uma característica altamente plástica, moldada pelas interações em cada tipo de habitat analisado, sendo mais robustas em habitats de entremarés de praia do que em planícies de lama estuarinas. Os achados desta tese revelam que a interação entre fatores ecológicos, comportamentais e evolutivos pode influenciar a morfologia das quelas em Alpheus. As diferenças nos padrões de dimorfismo sexual, a similaridade morfológica em habitats estuarinos e as distinções na forma das quelas entre habitats demonstram como pressões seletivas dinâmicas atuam na evolução desses armamentos. Esses resultados contribuem para a compreensão das forças evolutivas que moldam a diversidade morfológica em Alpheus, fornecendo uma base para investigações futuras sobre a evolução morfológica e funcional das quelas de camarões em diferentes contextos ecológicos.
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Mostrar Abstract
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Os camarões-de-estalo são famosos pela morfologia de suas quelas, principalmente da quela maior, que possui o mecanismo de dente-cavidade. Esse mecanismo é considerado uma inovação chave para a evolução desses camarões. Nesse estudo, foi analisado o dimorfismo sexual de forma das quelas maior e menor em Alpheus angulosus, A. carlae e A. nuttingi. Foi avaliada também a influência da alometria estática sobre a variação da forma das quelas entre os sexos. Para isso, foram utilizados os métodos de morfometria geométrica. Inicialmente, comparamos as configurações de forma das quelas entre os sexos para cada espécie, por meio da Análise de Componentes Principais (PCA). Em seguida, utilizamos a ANOVA de Procrustes, para inferência estatística da variação da forma entre os sexos. Testes de permutação também foram utilizados para comparar as formas entre os sexos, por meio da Análise de Função Discriminante. Por fim, foi utilizada a análise de regressão multivariada para verificar a influência da alometria estática sobre a variação da forma das quelas entre os sexos. Dessa forma, foram utilizados os valores residuais da regressão para visualizar a variação da forma entre os sexos sem a influência da alometria estática, no morfoespaço da PCA. Como resultados, observamos que os machos possuem quelas mais robusta do que as fêmeas nas três espécies estudadas. Sendo observado que a alometria estática possui influência sobre a variação da forma das quelas entre os sexos. Esses resultados sugerem que há um padrão na variação da forma da quela entre os sexos nas três espécies de nosso estudo. Além disso, há uma seleção sexual direcionada a favorecer quelas mais robustas nos machos, enquanto as fêmeas apresentam quelas mais cônicas.
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JOSE HENRIQUE DE ANDRADE LIMA
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DIVERSIDADE GENÉTICA EM POPULAÇÕES DE ESPÉCIES COOCORRENTES DE ANUROS DA MATA ATLÂNTICA DE ALTITUDE AO NORTE DO RIO SÃO FRANCISCO: PRESSÕES DO PLEISTOCENO
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Orientador : PEDRO IVO SIMOES
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MEMBROS DA BANCA :
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DIEGO JOSÉ SANTANA SILVA
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ELIANA FARIA DE OLIVEIRA
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FELIPE DE MEDEIROS MAGALHÃES
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PEDRO IVO SIMOES
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PEDRO MURILO SALES NUNES
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Data: 19/02/2025
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As montanhas desempenham um papel fundamental na evolução de diversos táxons, influenciando a diversidade biológica em seus diferentes níveis, padrões de distribuição e endemismos. No Nordeste do Brasil, ao norte do rio São Francisco, enclaves de florestas úmidas situam-se no topo de cadeias montanhosas, cercados por uma matriz de vegetação seca da Caatinga. Esses enclaves resultam de múltiplos eventos de expansão e retração das florestas úmidas ao longo do Quaternário e devido sua relativa estabilidade climática ao longo daquele período, acredita-se que tenham funcionado como refúgios climáticos no Pleistoceno. No entanto, ainda há incertezas sobre como populações de diferentes espécies responderam às variações climáticas e como a paisagem atual influencia a sua variação fenotípica e genética. Nesta tese, utilizei dados acústicos, morfológicos e genéticos de duas espécies de anuros coocorrentes nos enclaves florestais da região que diferem em relação a seus habitats de reprodução: Dendropsophus oliveirai, um habitat-especialista, e Physalaemus cuvieri, um habitat-generalista. Investiguei como fatores geográficos e ambientais ao longo do Planalto da Borborema influenciam a variação fenotípica e genética dessas espécies, e como ciclos climáticos e vegetacionais influenciaram processos populacionais, como divergência, migração e variação no tamanho populacional. Para isso, analisei características biológicas como canto de anúncio, tamanho corporal e variação genética (marcador mitocondrial 16S e dados genômicos), em relação a elementos da paisagem (distância geográfica, latitude, longitude, variáveis bioclimáticas, vegetação e estabilidade climática) e fatores históricos (ciclos climáticos e vegetacionais da região). Usei métodos estatísticos para analisar as associações entre caracteres biológicos e variáveis da paisagem, por fim, apliquei filogeografia estatística combinada à approximate Bayesian Computation (ABC) e Supervised Machine-Learning (SML) para investigar a influência de fatores históricos na dinâmica demográfica populacional das espécies. No primeiro capítulo, demonstrei que a variação acústica em P. cuvieri é maior e fortemente influenciada pelo ambiente, mas também pela distância geográfica entre populações. Em D. oliveirai, o ambiente foi o principal fator determinante da variação acústica, seguido pela influência genética e morfológica, havendo uma possível influência indireta da distância geográfica. No segundo capítulo, observei menor diferenciação genética em P. cuvieri, principalmente associada à distância geográfica latitudinalmente e pouca influência da variação ambiental. Em D. oliveirai, a diferenciação genética foi maior e associada à distância geográfica longitudinalmente, variação ambiental e estabilidade climática. No terceiro capítulo, estimei o tempo de divergência populacional nas duas espécies, a qual data do Pleistoceno Médio, com aumento da migração e do tamanho populacional após o Último Máximo Glacial, seguidos de possíveis reduções no Holoceno. Considerados em conjunto, os resultados demonstram como caracteres distintos evoluem de forma desacoplada e como traços ecológicos espécie-específicos influenciam a história evolutiva das espécies. Além disso, ressaltam o papel dos ciclos climáticos do Pleistoceno e da complexidade topográfica na estruturação genética da biota de uma região. Minha tese contribui para uma melhor compreensão da diversidade e estruturação genética, assim como da dinâmica demográfica das espécies do Planalto da Borborema, destacando a importância dos enclaves florestais do norte da Mata Atlântica para a conservação da biodiversidade do Nordeste brasileiro.
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Montanhas são ambientes excepcionais para estudar processos evolutivos devido a sua capacidade singular de gerar e manter biodiversidade. Os enclaves de floresta em elevadas altitudes ao norte do rio São Francisco são remanescentes de Floresta Atlântica cercados por Caatinga, que tiveram sua vegetação estabelecida durante as várias mudanças climáticas do Quaternário. Tais montanhas atuaram como refúgios florestais para a biota de biomas florestais como a Floresta Atlântica. As populações de anuros dessas áreas foram relativamente estudadas quanto aos seus padrões de diversidade e estruturação genética. Contudo, investigações sobre variação fenotípica e mecanismos evolutivos que atuam na evolução desses caracteres permanecem inexplorados. Nesse trabalho investigamos variação acústica em populações de duas espécies de anuros coocorrentes em florestas serranas do Planalto da Borborema, testando associações dessa variação com variação ambiental, distância geográfica e tamanho corporal. Nossos achados demonstram que todos os fatores testados influenciam na variação acústica das populações estudadas, porém, com importâncias relativas diferentes em cada espécie devido suas diferenças ecológicas. Assim, tanto processos seletivos quanto neutros podem estar atuando conjuntamente sobre a diferenciação acústica de populações de anuros de florestas serranas.
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MARINA DE SIQUEIRA BARROSO
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AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DO AUMENTO DO NÍVEL DO MAR SOBRE A MEIOFAUNA DE AMBIENTE RECIFAL
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Orientador : PAULO JORGE PARREIRA DOS SANTOS
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MEMBROS DA BANCA :
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PAULO JORGE PARREIRA DOS SANTOS
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ANDRE MORGADO ESTEVES
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ULISSES DOS SANTOS PINHEIRO
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EVERTHON DE ALBUQUERQUE XAVIER
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TACIANA KRAMER DE OLIVEIRA PINTO
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Data: 24/02/2025
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O aumento do nível do mar (SRL) é causado principalmente pela expansão térmica dos oceanos e pelo derretimento das geleiras terrestres, em casos de emissões de carbono mais elevadas, existe a possibilidade de o aumento do nível do mar no século XXI se aproximar ou até mesmo ultrapassar 2 metros. O objetivo deste estudo foi investigar experimentalmente como a meiofauna bentônica responde ao possível impacto do aumento do nível do mar em ambientes recifais. Foram conduzidos dois experimentos in situ: o primeiro com um desenho amostral visando avaliar a zonação vertical em pequena escala (centímetros) da meiofauna bentônica, e o segundo envolvendo a translocação da maiofauna do mediolitoral para o infralitoral, simulando a submersão contínua e representando um cenário de afogamento do recife. Os experimentos foram realizados em um recife costeiro na Praia de Serrambi, litoral Sul de Pernambuco, Brasil, utilizando Unidades de Substrato Artificial (UAS) para simular tufos de algas naturais, um micro- habitat predominante no ecossistema recifal. Nosso estudo indica evidencias muito altas de difernças na composição da estrutura da comunidade da meiofauna ao comparar as microzonas do mediolitoral com as do infralitoral. Diferenças na estrutura da comunidade também ocorreram entre microzonas muito próximas (ou seja, 25 a 30 cm) dentro das microzonas do meio-litoral ou do infralitoral, indicando que a distribuição de organismos meiofaunísticos varia em escalas verticais de nível de centimetros dentro de um habitat recifal complexo. Também foi identificada uma mudança a nível de comunidade meiofaunística em caso de afogamento das zonas de médiolitoral pelo SLR, incluindo perdas de espécies de mediolital, . Essa mudança multivariada foi ainda mais evidente em caso de uma subida próxima a 40cm.
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Apresentamos o primeiro conjunto de dados sobre a microzonação vertical da meiofauna dos recifes de corais tropicais do Atlântico Sudoeste. Nesses recifes costeiros, o nivel superior (da zona mediolitoral), comumente exposta durante a maré baixa, apresenta uma fauna bentônica distinta quando em comparação com os organismos do infralitoral, devido a diferentes condições físicas e pressões ecológicas, tais como, disponibilidade de habitat, a competição e a predação. Aqui estudamos a distribuição espacial de grandes grupos taxonômicos da meiofauna, das espécies de Copepoda e de Nematoda, ao longo do eixo vertical de uma parede recifal costeira. Observamos uma diminuição na abundância da meiofauna nas partes mais altas do recife (Mediolitoral +60 e +50 cm) em comparação às densidades encontradas no infralitoral. Apontamos as diferenças significativas entre a composição das espécies da comunidade de Copepoda e Nematoda entre o mediolitoral e o infralitoral. Evidenciamos ainda, diferenças na estrutura da comunidade inclusive entre microzonas muito próximas, dentro de infralitoral (Infralitoral -15 versus -40 cm), o que indica que a distribuição dos organismos meiofaunais, mesmo em grandes grupos taxonômicos, está organizada em microzonas e sofre variação ao longo de escalas verticais pequenas, de poucos centímetros. A zonação em pequena escala vertical detectada indica a forte sensibilidade da meiofauna e potencial perda de diversidade em cenário de aumento do nível do mar.
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ANDREZA CAMPOS DE MOURA
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Padrões de distribuição dos atributos funcionais de hidroides (Cnidaria, Hydrozoa) influenciados pela salinidade na costa atlântica da América Do Sul
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Orientador : CARLOS DANIEL PEREZ
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MEMBROS DA BANCA :
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AMANDA FERREIRA CUNHA
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CARLOS DANIEL PEREZ
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GABRIEL NESTOR GENZANO
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RALF TARCISO SILVA CORDEIRO
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ULISSES DOS SANTOS PINHEIRO
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Data: 25/02/2025
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Hidroides são cnidários hidrozoários das superordens “Anthoathecata” (atecados) e Leptothecata (tecados), caracterizados por uma fase de vida séssil dominante, ampla distribuição geográfica e batimétrica, além de elevada plasticidade fenotípica. Pioneiros na colonização de substratos consolidados, inconsolidados e artificiais, esses organismos desempenham um papel ecológico significativo. A biogeografia e a macroecologia oferecem ferramentas importantes para investigar os padrões de distribuição das espécies em relação a fatores evolutivos e ambientais. Entretanto, no ambiente marinho, a complexidade inerente à diversidade de habitats, fatores abióticos e biológicos, bem como barreiras sazonais, torna esses estudos desafiadores e ainda escassos. A costa Atlântica da América do Sul, que abrange diversos habitats, grandes sistemas fluviais, condições climáticas variáveis e correntes oceânicas, influencia diretamente a composição e distribuição dos hidroides. No entanto, há lacunas significativas no conhecimento sobre as relações entre atributos funcionais e fatores ambientais, como batimetria e salinidade, os quais podem modular a morfologia, os hábitos e o ciclo de vida desses organismos, especialmente em ambientes estuarinos. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivos: (1) identificar padrões dos atributos funcionais de hidroides em relação à salinidade ao longo do gradiente latitudinal da costa do Brasil, Uruguai e Argentina; (2) analisar os padrões de distribuição de hidroides nessa mesma região; e (3) listar as espécies de hidroides presentes nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Através dessas análises, buscou-se ampliar o entendimento sobre os processos ecológicos que modulam a distribuição e a diversidade funcional dos hidroides, contribuindo para preencher as lacunas no conhecimento biogeográfico e macroecológico desses organismos na costa Atlântica sul-americana. (1) O comprimento das colônias é influenciado por salinidade, temperatura, substrato e ciclo de vida, com colônias ma iores associadas a menor salinidade. Altas salinidades influenciam negativamente tamanho de hidrantes e tentáculos de hidroides atecados. (2) As assembleias de hidroides do Caribe e Brasil compartilham 26,74% das espécies, com a foz do rio Amazonas atuando como barreira semipermeável e corredor de dispersão. O Sudeste brasileiro apresenta maior riqueza devido à zona de ressurgência. Na Patagônia, correntes das Malvinas influenciam a distribuição, enquanto a salinidade é a principal variável nas regiões brasileiras e caribenhas. (3) Foram identificadas 59 espécies de hidroides de 32 gêneros e 14 famílias. Áreas com mais estações de coleta apresentaram maior riqueza de espécies, reforçando a necessidade de estudos em áreas negligenciadas. A riqueza de espécies diminui com a profundidade, com maior diversidade entre 0–50 m. Substratos biogênicos, como esponjas, são importantes habitats para hidroides epizoicos.
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Os hidroides são cnidários bentônicos pioneiros na colonização de ecossistemas marinhos, desde zonas tropicais até os pólos, que exibem estágios de vida sésseis (pólipos) e livres natantes (medusas). As costas do Brasil, Uruguai e Argentina somam mais de 14 mil km de extensão, apresentando habitats e condições ambientais distintas. O presente trabalho é baseado nas seguintes hipóteses: (1) as assembleias de hidroides da região Norte e Nordeste são distintas das do sudeste e sul do brasil; (2) as assembleias das ecorregiões brasileiras são mais semelhantes entre si, do que em relação às ecorregiões da província Magalhânica, devido a influências de correntes marítimas. O objetivo deste estudo foi analisar o agrupamento de assembleias de hidroides em relação ao gradiente latitudinal tendo como base modelo para organismos marinhos. Para as nossas análises foram compilados dados de 4.546 espécimes oriundos de dados de coleções e artigos científicos para hidroides do oceano Atlântico Sul Ocidental. Foram utilizadas 172 fontes de bases de dados, compilando 317 espécies distribuídas em 11 ecorregiões e quatro províncias. Para verificar os padrões de agrupamentos das espécies foram usados agrupamentos UPGMA, com análise do perfil de similaridade (SIMPROF) e ordenação NMDS. O SIMPER foi usado para verificar a contribuição de dissimilaridade e o diagrama de Venn para observar o compartilhamento de espécies entre as ecorregiões. Os índices de Distinção taxonômica média (AVTD) e Variação na distinção taxonômica (VarTD) foram utilizados para a análise da distinção taxonômica. A assembleia da ecorregião Leste do Brasil se assemelha mais a ecorregião Sudeste, indicando que a presença da bifurcação da corrente sul equatorial influencia na composição de espécies nesta região. A ecorregião Sudeste apresenta pico de riqueza de espécies corroborando estudos anteriores para outros taxa. Esta região sofre influência da zona de ressurgência. A região do Rio da Prata não agrupou com as demais ecorregiões, e apresenta uma assembleia de espécies heterogênea, que pode ser afetada pela diferença de salinidade promovida pela desembocadura do rio, que serve como uma barreira flexível e um potencial influenciador na composição de espécies. As assembleias de espécies de hidroides do Oceano Atlântico Sul Ocidental não se agrupam de acordo com as províncias propostas por Spalding e colaboradores.
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ALAN DIAS CAVALCANTI
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BIODIVERSIDADE DE ESPONJAS DA PLUMA DO RIO AMAZONAS: UMA NOVA FRONTEIRA PARA A TAXONOMIA E BIOGEOGRAFIA
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Orientador : ULISSES DOS SANTOS PINHEIRO
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MEMBROS DA BANCA :
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CARLOS DANIEL PEREZ
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EDUARDO CARLOS MEDUNA HAJDU
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JOANA CAROLINA FREIRE SANDES SANTOS
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LUDIMILA CALHEIRA LAURINDO
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ULISSES DOS SANTOS PINHEIRO
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Data: 26/02/2025
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Apesar da espongiofauna brasileira ser composta por 642 espécies válidas, ela ainda é considerada subestimada quando se leva em consideração o baixo esforço amostral e o estágio de desenvolvimento taxonômico de cada região. Mesmo para a Região Nordeste, a mais diversa, o conhecimento é fragmentário com maior número de espécies de esponjas conhecidas para Bahia (95) e Pernambuco (76) enquanto pouco se sabe para o Maranhão (23) e o Piauí (3). Pouco conhecida também é a diversidade da Região Norte com 38 espécies válidas, sendo 17 para o Amapá e 23 para o Pará. A região Norte possui grande importância em relação aos processos biogeográficos que explicam a diversidade de poríferos da costa brasileira. Collette & Rutzler (1977) iniciaram o questionamento sobre a relação entre as espongiofaunas brasileira e caribenha, os autores discutiram sobre uma descontinuidade da fauna marinha, inclusive a espongiofauna, entre Caribe e Brasil causado pelo alto fluxo de água doce proveniente do Amazonas, associado a forte Corrente das Guianas, e consideraram a área como uma barreira para dispersão de espécies. Neste sentido, se torna urgente não só um inventário mais atualizado da espongiofauna, para um melhor entendimento sobre a biodiversidade local, como também uma análise biogeográfica das espongiofaunas caribenhas e brasileiras com o intuito de identificar uma possível atuação da Pluma do Rio Amazonas como barreira de dispersão. O presente estudo conta com 160 espécimes identificados, resultando em 40 descrições de espécies, 1 possível espécie nova e um espécime em gênero. Dentre os resultados, destacamos a descrição de Awhiowhio saci Dias, Kelly & Pinheiro, 2023, primeiro registro do gênero para o Oceano Atlântico. Além disso foram feitos 23 novos registros para o Estado do Maranhão, 6 para o Estado do Pará e 6 para o Estado do Amapá. Nossas análises biogeográficas mostram grupamentos com altos índices de suporte, destacando inicialmente os grupamentos que correspondem a fauna caribenha e brasileira com 98% e 73% de suporte, respectivamente. Adicionalmente, foram observados outros grupamentos que dignos de nota, como por exemplo, o grupamento formado pelos estados que sofrem influência mais direta do Rio Amazonas, Amapá e Pará, com 73% de suporte e, no grupamento caribenho, o grupo formado pelas localidades que estão sob influência direta do Mar do Caribe. Com estes resultados fica evidente que existe uma separação entre as faunas caribenhas e brasileiras, com o grupamento formado por Amapá e Pará sendo um forte indício que o Rio Amazonas seja sim uma variável importante que causa esta separação entre as faunas. Porém, ainda é necessário um aumento no esforço amostral em certos tipos de localidades, nestes e em outros estados, não só para contribuir em futuras análises biogeográficas, mas também para aumentar o conhecimento sobre uma biodiversidade que exibe um potencial enorme e é bastantesubestimada.
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Apesar da espongiofauna brasileira ser composta por 642 espécies válidas, ela ainda é considerada subestimada quando se leva em consideração o baixo esforço amostral e o estágio de desenvolvimento taxonômico de cada região. Mesmo para a Região Nordeste, a mais diversa, o conhecimento é fragmentário com maior número de espécies de esponjas conhecidas para Bahia (95) e Pernambuco (76) enquanto pouco se sabe para o Maranhão (23) e o Piauí (3). Pouco conhecida também é a diversidade da Região Norte com 38 espécies válidas, sendo 17 para o Amapá e 23 para o Pará. A região Norte possui grande importância em relação aos processos biogeográficos que explicam a diversidade de poríferos da costa brasileira. Collette & Rutzler (1977) iniciaram o questionamento sobre a relação entre as espongiofaunas brasileira e caribenha, os autores discutiram sobre uma descontinuidade da fauna marinha, inclusive a espongiofauna, entre Caribe e Brasil causado pelo alto fluxo de água doce proveniente do Amazonas, associado a forte Corrente das Guianas, e consideraram a área como uma barreira para dispersão de espécies.
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JOAO CARLOS DA SILVEIRA REGUEIRA
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REVISÃO TAXONÔMICA E ANÁLISE MORFOMÉTRICA DE Blepharotoma BLANCHARD, 1850 (COLEOPTERA: SCARABAEIDAE: SERICOIDINAE)
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Orientador : LUCIANA IANNUZZI
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MEMBROS DA BANCA :
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ANDRE DA SILVA FERREIRA
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ALINE DE OLIVEIRA LIRA
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LUCIANA IANNUZZI
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PATRICIA PILATTI ALVES
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PAULA BRAGA GOMES
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Data: 28/02/2025
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Blepharotoma Blanchard, 1850 é um gênero de besouros fitófagos descrito por Blanchard, 1850. Atualmente pertencem à tribo Sericoidini (Scarabaeidae, Sericoidinae), tendo sido classificado em diversas outras ao longo dos anos. O táxon é composto por 20 espécies distribuídas na Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Peru. Desde a sua descrição, Blepharotoma passou por diversos atos taxonômicos, tendo um total de nove novas espécies descritas no gêneros e dez transferências, sendo a mais recente a espécie Blepharotoma nitida (Mannerheim, 1829), transferida de Omaloplia Schönherr , 1817. Tais mudanças, levaram a um certo enfraquecimento dos seus limites internos. Para solucionar este tipo de problema, uma revisão taxonômica, tem sido indicada por autores como necessária para o grupo. Além disso, integrá-la a análises filogenética morfológica e morfométrica forneceria um maior suporte aos resultados obtidos. Portanto, é proposta neste trabalho a revisão taxonômica, análise filogenética e morfométrica do gênero Blepharotoma. Com isso, será possível determinar o real posicionamento tribal, bem como determinar os limites internos do gênero e das espécies que o compõem. A morfometria geométrica corroborou o atual posicionamento do gênero em Sericoidini. Porém, em relação à forma das espécies, apesar de terem uma variação significativa, não foi possível observar agrupamento específico. Ainda assim, os resultados das espécies mostram-se eficazes para a diferenciação de algumas delas em uma comparação par-a-par . Quanto à filogenia, a análise permitiu a recuperação da monofilia de Blepharotoma, corroborando os resultados da morfometria quanto ao posicionamento do grupo em Sericoidini. Por fim, a revisão taxonômica resultou na redescrição de 19 espécies do gênero e uma precisa definição dos taxa envolvidos.
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Scarabaeidae is one of the most diverse Coleoptera families with more than 11000 species. Such richness can lead to certain problems like taxonomic uncertainties in their inner groups. Blepharothoma (Melolonthinae: Sericoidini) is an example, since the genus already has been in five distinct tribes and possesses fragile inner limits due to lots of new descriptions and transferences along the years. A current method that has been helping identify patterns among groups of organisms is the geometric morphometrics. The technique identifies variations among specimens shape through comparison of landmarks coordinates. In this study, our aim was to test if there is a significant morphometric variation among species of Blepharothoma and among the genera of Sericoidini that could allow us to identify their taxa. We compared 18 Blepharothoma species among them and all the genus of Sericoidini (Apterodemidea, Blepharotoma, Manonychus, Ovomanonychus and Sericoides). The structures chosen were clypeus, pronotum and elytra. A photographic matrix was created with images of the structures and a series of 2 landmarks were plotted in each image. Then a Procrustes superimposition was made, and the data was analyzed through Principal Component Analysis, ANOVA de Procrustes and Canonical Variate Analysis. Our results showed that besides the values of Blepharothoma could act as a useful tool to differentiate species, it does not seem to have any pattern among them. The only exception is a small group of beetles from Buenos Aires that remain unidentified and possibly could be a new species. On the contrary, the genus of Sericoidini have well defined groups, and seem to be very characteristic shapes for each one. In conclusion, geometric morphometric seems to be a good support tool when it comes to taxonomic classification of Blepharotoma. Since when used independently there is no satisfactory result, maybe combined with other methods, this technique could at least help to corroborate future hypotheses.
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MARIA GISLAINE PEREIRA
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Estudo da resistência à radiação ionizante natural e induzida em Drosophila melanogaster residentes de cidades do nordeste brasileiro com alto nível de 222Rn.
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Orientador : PEDRO MURILO SALES NUNES
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MEMBROS DA BANCA :
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ANTONIO MARCOS DE OLIVEIRA SANTOS
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ANA MARIA MENDONCA DE ALBUQUERQUE MELO
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ANDRE MORGADO ESTEVES
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ARTUR CAMPOS DALIA MAIA
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CRISTIANO APARECIDO CHAGAS
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Data: 31/03/2025
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A radiação ionizante é capaz de provocar alterações biológicas graves nos organismos expostos, decorrentes de mutações no material genético que podem culminar em danos irreparáveis e morte celular. Contudo, os seres vivos possuem sistemas de reparo genéticos para manutenção da integridade do DNA, a depender da dose e tempo de exposição a agentes mutagênicos. Este trabalho buscou investigar como a radiação ionizante presente em dois municípios da região semiárida do Nordeste do Brasil afeta o organismo-modelo Drosophila melanogaster (Insecta, Diptera). Após a busca por locais com níveis alterados de radiação natural, monitorados pela presença de partículas alfa emanadas do solo, foram escolhidos os municípios de Cerro Corá e Parelhas, no Rio Grande do Norte, para serem obtidas amostras de indivíduos D. melanogaster, denominadas CC-res (Cerro Corá residente) e PAR-res (Parelhas residente). Em laboratório, essas linhagens foram mantidas nas mesmas condições de cultivo que a linhagem controle Oregon-R. Decorridos sete e 13 meses, três réplicas de cada linhagem foram expostas por seis dias em Cerro Corá e em Parelhas, junto com Oregon-R. Larvas e adultos expostos retornaram ao laboratório para serem processados pelo Ensaio cometa, que quantifica os danos no DNA (efeito genotóxico) pelo Índice de Dano (ID) e Frequência de Dano (FD%). Para ampliar os resultados obtidos em campo (exposição crônica), uma segunda abordagem foi feita com as mesmas populações, e com a linhagem controle ambiental procedente de Vitória de Santo Antão (VSA-res), local com níveis normais de radiação (< 200 Bq.m -3 ). Três réplicas de larvas CC-res, PAR-res, Oregon-R e VSA-res foram submetidas a doses controladas de radiação gama (10, 30, 50 e 70 Gray), induzida por fonte de 60 Cobalto. Os efeitos genotóxicos foram avaliados pelo Ensaio cometa após 1 hora da irradiação, e após 24 horas, visando observar o efeito celular de recuperação aos danos. Os resultados dos experimentos crônicos e agudos estão apresentados nos Artigos 1 e 2 desta Tese. O primeiro artigo apresenta as medidas de radiação alpha em Cerro Corá (acima de 2800 Bq.m -3 ), quantificadas em duas estações do ano (seca e chuvosa), juntamente com os resultados da exposição crônica e aguda de CC-res e Oregon-R (OR 1 ). São apresentadas evidências da presença de adaptação genética em CC-res, com baixas medidas de ID e FD% em comparação com OR 1 . Os resultados de radiorresistência foram corroborados pelos testes de exposição aguda, com baixos ID e FD% em CC-res (exceto na dose 10 Gray), ao contrário de OR 1 , com danos crescentes (efeito dose-dependente). Esses resultados se mantiveram mesmo após 24 horas da irradiação gama, sugerindo que os danos são permanentes em OR 1 (efeito mutagênico). No artigo 2 foi avaliada a população natural de D. melanogaster proveniente de Parelhas, um local com níveis moderados de radiação natural (entre 400 e 900 Bq.m -3 ). Como os experimentos foram realizados nas mesmas datas em Parelhas e Cerro Corá, o Artigo 2 apresenta, além dos resultados da exposição crônica e aguda, a comparação entre todas as populações, incluindo Vitória de Santo Antão (VSA-res), que se comportou como grupo controle ambiental após exposição à radiação gama. Os resultados confirmam a hipótese inicial de que apenas as populações D. melanogaster residentes de locais com níveis anormais de radiação natural desenvolveram a capacidade adaptativa de controlar os danos ao DNA, provavelmente devido a um aprimoramento das vias de reparo do DNA. Os resultados apontam para a necessidade de serem realizados mais estudos nos ambientes da Caatinga onde há níveis anormais de radiação, e avaliar outros organismos, visando compreender como ocorrem os processos genético-adaptativos decorrentes da exposição à radiação natural.
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Ionizing radiation can cause profound deleterious effects on cells, depending on the dose and exposure time, because it is capable of penetrating the living organisms, where it induces the ionization of both organic and inorganic compounds. However, studies demonstrate the relevance of adaptive intrinsic genetic and epigenetic characteristics to repair the damages and maintain the integrity of DNA. The Northeast region of Brazil is an ideal place for studies on this topic, in its environments rich in natural radioactivity that comes from rocky outcrops rich in Uranium and Thorium. This work highlights the presence of radioresistance in a natural population of Drosophila melanogaster resident in Cerro Corá (CC-res), a small, sparsely urbanized municipality with high levels of Radon (> 2800 Bq.m-3). The genotoxic effects associated with natural radiation and gamma radiation induced by 60Co (10, 30, 50 and 70 Gray), were evaluated by the Comet assay in CC-res, after seven and 13 months of laboratory cultivation, and in D. melanogaster Oregon-R (group control). The results show low rates of damage to CC-res larvae and adults (radioresistance), regardless of the climatic season of exposure (dry or rainy) or the time of cultivation in the laboratory. Likewise, CC-res was more tolerant to the effects of gamma radiation and only Oregon-R presented high damages with a dose-response effect. The results open perspectives for new studies of in vivo exposure of wildlife in order to correlate radiation dose with known radiological effects.
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CÉLIO FREIRE MARIZ JR
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Peixes sentinela Eugerres brasilianus e Danio rerio para avaliação da toxicidade crônica do derrame de óleo em manguezais e rios do litoral pernambucano
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Orientador : PAULO SERGIO MARTINS DE CARVALHO
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MEMBROS DA BANCA :
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LILIAN LUND AMADO
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AFONSO CELSO DIAS BAINY
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LILIA PEREIRA DE SOUZA SANTOS
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MONICA LUCIA ADAM
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PAULO SERGIO MARTINS DE CARVALHO
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Data: 09/05/2025
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A costa brasileira foi afetada por um derramamento de óleo que causou impactos nos ecossistemas aquáticos costeiros entre 2019 e 2020. A toxicidade, baseada em parâmetros de desenvolvimento, morfológicos, bioquímicos e comportamentais, foi medida em laboratório em estágios embriolarvais de Danio rerio expostos a hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) presentes em frações acomodadas em água (FAAs) de amostras do óleo que atingiu a costa. Também foram avaliados em campo biomarcadores de exposição, bioquímicos e de genotoxicidade na carapeba Eugerres brasilianus residente em 3 estuários impactados pelo derrame de óleo. Uma primeira abordagem em laboratório avaliou a toxicidade em D. rerio expostos a FAAs decorrentes do óleo que atingiu a costa em três níveis de intemperismo natural, óleo emulsificado submerso semelhante a “mousse” (FAA-OM) da Praia do Paiva, e duas amostras após 51 dias de intemperismo adicional depositados na areia da Praia da Ponta do Xaréu (FAA-OS) e aderidos a rochas (FAA-OR). A análise da composição de HPAs das FAAs indicou uma tendência clara de diminuição de naftalenos parentais e alquilados e aumento de fenantrenos comparando FAA-OM menos intemperizado e FAA-OS e FAA-OR mais intemperizados. A exposição a FAA-OS e FAA-OR mais intemperizadas foram indutores mais potentes de atraso no desenvolvimento do zebrafish, sugerindo que fenantrenos parentais e alquilados são relevantes para este atraso. No entanto, a exposição a FAA-OM menos intemperizada foi um indutor mais potente de falha no enchimento da bexiga natatória do que a FAA-OS e FAA-OR mais intemperizados, sugerindo que naftalenos parentais e alquilados são relevantes como causa desta falha. Diminuições nas frequências cardíacas e aumento nas deformidades cardíacas e esqueléticas foram observados em larvas expostas a todas FAAs. As menores concentrações de efeito observadas (CEO) para diferentes parâmetros de toxicidade de desenvolvimento estão dentro das concentrações de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos ambientalmente relevantes e espécies locais podem ter sido afetadas. Uma segunda abordagem em laboratório abordou potenciais mecanismos de expressão gênica cruciais para o desenvolvimento da bexiga natatória afetados pela exposição das fases embriolarvais de Danio rerio a FAA-OM. A exposição a concentrações de 4,49 e 17,9 μg-ΣHPAt L-1 resultou na diminuição em 48 horas após a fertilização (hpf) da expressão dos genes responsáveis pelo desenvolvimento do tecido do epitélio (hb9 e sox2), mesênquima (has2), mesotélio (elovl1a) da bexiga natatória, e pelo comportamento de “swim-up” quando a larva enche a bexiga inicialmente abocanhando ar (sox2). Essa diminuição da expressão destes genes correlacionou-se com alta frequência de bexigas natatórias não infladas em 96 e 168 hpf, chegando a 100% em larvas expostas a concentrações mais altas (35,9 e 71,8 μg-ΣHPAt L-1). Os níveis de enzimas antioxidantes SOD e CAT foram inibidos, enquanto GST e GSH aumentaram nas larvas expostas. A velocidade e distância média de natação também foram reduzidas em larvas expostas à menor concentração testada. Os resultados sugerem que a FAA-OM pode inibir a transcrição de genes envolvidos no desenvolvimento da bexiga natatória e no comportamento de natação adequado, impactando potencialmente a viabilidade e o sucesso das larvas em desenvolvimento e, consequentemente, o recrutamento de peixes. Uma terceira abordagem em laboratório avaliou o efeito na toxicidade para as fases iniciais de vida do Danio rerio após exposição a combinação da radiação ultra-violeta (UV) natural solar que é intensa na região equatorial onde ocorreu o derrame de óleo, em conjunto com os HPAs presentes na FAA-OM. A radiação UV da luz solar aumentou o potencial tóxico da exposição a FAA-OM, sendo que a concentração letal para 20% dos organismos expostos (LC20) diminuiu de 29,11 μg-ΣHPAt L-1 na ausência de radiação UV (FAAOM) para 8,42 μg-ΣHPAt L-1 na exposição combinada (FAA-OM-UV). A exposição combinada à FAA-OM-UV também aumentou a toxicidade baseada em efeitos subletais, reduzindo a CEO, expressos por atrasos no desenvolvimento embriolarval, pelo aumento da frequência de patologias e deformidades, pela diminuição do comprimento total e da área ocular. Os parâmetros bioquímicos indicaram indução de estresse oxidativo, possivelmente correlacionado com o aumento na frequência de patologias e atraso no desenvolvimento dos peixes. Na abordagem de campo focada em juvenis da espécie Eugerres brasilianus coletados em 3 complexos estuarinos impactados pelo derrame de óleo dois anos após o pico do acidente, foram observados diferentes padrões de exposição a HPAs provenientes do óleo avaliada com base nos HPAs biliares, e de alterações biológicas com base em biomarcadores bioquímicos e de genotoxicidade. EROD e GST, relacionados à biotransformação de fase 1 e 2, respectivamente, apresentaram maior atividade em peixes do estuário de Barra de Catuama (BCEC), onde foi verificada menor bioconcentração de HPAs biliares. Por outro lado, EROD e GST apresentaram menor atividade em peixes dos estuários de Suape (SEC) e Rio Formoso (FRES), onde foi verificada maior bioconcentração de HPAs biliares. Foi verificada uma maior similaridade de efeitos nos peixes de FRES e SEC. A enzima SOD, importante na defesa antioxidante, mostrou-se inversamente proporcional às alterações nucleares, sugerindo que tais alterações podem estar relacionadas à inibição dessa enzima.
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The Brazilian coast was affected by an oil spill that caused impacts on coastal aquatic ecosystems between 2019 and 2020. Toxicity based on developmental, morphological, biochemical and behavioral endpoints were measured in embryo-larval stages of Danio rerio exposed to polycyclic polycyclic aromatic hydrocarbons (PAH) in oil water accommodated fractions (WAFs) prepared from three oil samples with different levels of weathering. Masses of submerged emulsified oil as they reached Paiva Beach on October 3 rd , 2019, characterized oil mousse samples (OM). Two other samples were collected 50 days later at Ponta do Xaréu Beach, named oil in sand (OS) which was characterized by OM deposited on sand after reaching the supralittoral strip, and oil in rock (OR) characterized by OM that adhered to rocks on the shore. Significant changes in the relative concentration of parent and alkylated PAHs were verified in oil WAFs from the differentially weathered oil samples. Alkylated naphthalenes in less weathered WAF-OM represented 40.8% of total PAHs, and decreased to 15.9% and 6.2% in WAF-OS and WAF-OR, respectively, suggesting losses of alkylated 2 ring PAHs by evaporation after the emulsified oil reached the coast. Phenanthrene and alkylated phenanthrenes + anthracenes increased from 23.9% of total PAHs in WAF-OM to 43% and 46% in WAF-OS and WAF-OR, respectively. Increases in the proportion of 3, 4 and 5 ring parent and alkylated PAHs in WAF-OS and WAF-OR compared to WAF-OM were also verified. Zebrafish embryo- larval development until 96 hours post fertilization (hpf) was retarded based on global morphology score decreases after exposure to oil WAF-OM, WAF-OS and WAF-OR, with lowest effect concentrations (LOEC) of 2.2, 3.6 and 1.6 µg total PAHs L -1 , respectively. WAF-OM coast was a more potent inducer of developmental delays in zebrafish than unweathered WAFs from Oman and Merey crude oils in other studies. Decreases in heart rate on larvae exposed to WAF-OM and WAF-OS and high frequencies of heart deformities in larvae exposed to WAF-OM and WAF-OR were observed. WAF-OM was more potent to induce larval failure in swim bladder inflation with median effect concentration (EC50) of 1.62 µg total PAHs L -1 , and WAF-OM was also more potent to induce reduced swimming speeds of larvae (LOEC of 1.1 µg total PAHs L -1 ). The higher potency of WAF-OM to induce developmental delay, failure in swim bladder inflation and reduced swimming speeds was associated with higher concentrations of alkylated naphthalenes. LOECs for developmental delay, failure in yolk sac absorption, swim bladder inflation, and mouth development are within environmental PAH concentrations detected in field samples, and indicate that toxicity could be observed in the field.
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PATRICIA MARQUES DO AMARAL OLIVEIRA
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ASPECTOS ECOFISIOLOGICOS ASSOCIADOS AO ESTADO HIDRICO E A ECOLOGIA TERMICA DE LAGARTOS DA CAATINGA DE PERNAMBUCO, BRASIL
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Orientador : PEDRO MURILO SALES NUNES
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MEMBROS DA BANCA :
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FABIO CURY DE BARROS
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LUISA MARIA DIELE VIEGAS COSTA SILVA
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MARCO JACINTO KATZENBERGER BAPTISTA NOVO
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MARJORIANE DE AMARAL
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PEDRO MURILO SALES NUNES
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Data: 29/07/2025
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Ambientes semiáridos, como a Caatinga brasileira, impõem desafios significativos à fauna local, especialmente aos organismos ectotérmicos, que dependem das condições do ambiente para regulação térmica e manutenção do equilíbrio hídrico. Nesta tese, investigaram-se aspectos ecofisiológicos associados ao estado hídrico e à ecologia térmica de três espécies de lagartos da Caatinga pernambucana: Ameivula ocellifera, Tropidurus cocorobensis e Tropidurus semitaeniatus. O estudo teve como objetivos principais caracterizar a absorção de água dessas espécies, avaliar a influência da alimentação na condição hídrica e corporal de indivíduos desidratados, examinar a escolha de temperaturas preferidas e de atividade, e projetar a distribuição potencial das espécies sob cenários futuros de mudanças climáticas. Os dados foram obtidos por meio de coletas em campo, experimentos de hidratação induzida, de alimentação e modelagem ecológica. Os resultados mostraram diferenças significativas entre as espécies quanto ao índice de absorção de água, influenciado por fatores ecológicos como microhabitat e modo de forrageamento. Ameivula ocellifera, espécie de forrageamento ativo e mais exposta à radiação solar, apresentou maior desidratação em campo e, consequentemente, maior absorção de água nos experimentos. Tropidurus semitaeniatus, espécie saxícola, demonstrou menor desidratação, possivelmente devido às características do habitat rochoso que favorecem a retenção de umidade. Os testes indicaram que o consumo de alimentos, em vez de contribuir para a reidratação, pode acentuar a desidratação em algumas situações, revelando um possível custo fisiológico da digestão em condições de escassez hídrica. A modelagem de distribuição das espécies sob cenários climáticos futuros apontou para um potencial deslocamento de áreas adequadas, com redução significativa de habitats favoráveis para T. semitaeniatus. Conclui-se que o estado hídrico e a ecologia térmica dos lagartos da Caatinga estão intrinsecamente relacionados, sendo modulados por fatores ambientais e ecológicos. Compreender essas interações é essencial para prever os impactos das mudanças climáticas sobre a herpetofauna semiárida e propor estratégias de conservação mais eficazes.
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O artigo aborda os efeitos das mudanças climáticas na região semiárida da Caatinga, no Brasil, especificamente sobre três espécies de lagartos: Ameivula ocellifera, Tropidurus cocorobensis e Tropidurus semitaeniatus. Essas mudanças climáticas, como o aumento da temperatura e a diminuição das chuvas, podem levar ao estresse hídrico nos lagartos, afetando sua fisiologia e ecologia. O estudo, conduzido no Parque Nacional de Catimbau, revela que o balanço hídrico dessas espécies é influenciado por fatores ambientais como a temperatura do solo e a temperatura corporal. Embora haja variações nas respostas das diferentes espécies, as temperaturas do solo e corporal emergem como determinantes significativos. Além disso, o estudo destaca que as diferenças no balanço hídrico não estão diretamente ligadas ao índice de condição corporal das espécies, sugerindo que outros fatores podem estar envolvidos na adaptação desses lagartos às condições climáticas em mudança. Essas descobertas fornecem insights importantes sobre como os lagartos respondem às mudanças ambientais e destacam a complexidade das interações entre as condições climáticas e a ecologia das espécies em ambientes semiáridos.
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NIDIA CRISTIANE DE MELO MARINHO
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Macrofauna em areas com e sem estruturas de defesa costeira
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Orientador : PAULO JORGE PARREIRA DOS SANTOS
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MEMBROS DA BANCA :
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CARLINDA RAILLY FERREIRA MEDEIROS
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ADRIANE PEREIRA WANDENESS
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EVERTHON DE ALBUQUERQUE XAVIER
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PAULO JORGE PARREIRA DOS SANTOS
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ULISSES DOS SANTOS PINHEIRO
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Data: 31/07/2025
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Mostrar Resumo
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As zonas costeiras, por sua complexidade natural e relevância socioeconômica, vêm sendo alvo de crescentes intervenções para conter a erosão, especialmente diante do agravamento provocado pelas mudanças climáticas e a elevação do níveldo mar. No Brasil, o problema é particularmente evidente no Nordeste, com destaque para o estado de Pernambuco, onde cerca de um terço do litoral apresenta processos erosivos. Municípios como Paulista, Olinda, Recife e Jaboatão dos Guararapes têm adotado diversas obras de defesa costeira, muitas vezes sem o devido conhecimento sobre seus impactos ecológicos. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a resposta da macrofauna bentônica à implantação dessas estruturas no litoral pernambucano, sendo desenvolvido em três fases. A primeira fase, por meio de uma revisão sistemática, bibliométrica e meta-análise, mapeou o conhecimento científico global sobre os efeitos de estruturas de defesa costeira (EDCs) na macrofauna bentônica entre 2002 e 2024, revelando um aumento expressivo das publicações após 2015 e evidenciando que os quebra-mares de concreto são os mais comuns, com impactos negativos significativos na abundância e densidade da macrofauna. Também foram identificadas lacunas importantes, como a ausência de informações sobre materiais utilizados e sobre variáveis abióticas. Na segunda fase, foram avaliadas nove áreas do litoral de Pernambuco, incluindo ecossistemas artificiais, recifes naturais e praias abertas. Os resultados confirmaram padrões globais, mostrando que as EDCs favorecem sedimentos mais finos e comunidades dominadas por espécies oportunistas, enquanto ambientes naturais mantêm comunidades mais equilibradas. Por fim, na terceira fase, foi realizada uma comparação entre os conjuntos de quebra-mares do Janga e de Casa Caiada, evidenciando que características específicas do projeto das estruturas influenciam diretamente seus efeitos. Janga, com estruturas mais próximas a costa e com menor distância entre elas, apresentou maior deposição sedimentar e homogeneização biológica, enquanto Casa Caiada, com estruturas mais afastadas e mais distantes entre si, demonstrou impactos inferiores aos de Janga e maior heterogeneidade das áreas. O estudo conclui que, embora os efeitos negativos das EDCs sobre os ecossistemas bentônicos sejam predominantes, os resultados obtidos evidenciam a importância de compreender como diferentes configurações dessas estruturas influenciam a resposta biológica local. Ao integrar abordagens globais e análises locais detalhadas, este trabalho contribui significativamente para o avanço do conhecimento sobre os impactos ecológicos das obras de defesa costeira, oferecendo subsídios valiosos para o planejamento de intervenções mais sustentáveis e fundamentadas na conservação ambiental.
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Mostrar Abstract
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Com base em artigos científicos disponíveis no banco de dados Scopus sobre a influência de obras de engenharia costeira na macrofauna bentônica entre os anos de 2003 e 2022, este artigo analisa qualitativamente a produção científica global através de uma revisão sistemática e bibliométrica. Uma análise detalhada foi feita para compreender o crescimento da bibliografia, tendências de publicação, padrões de autoria, palavras-chave, distribuição da produção entre países, principais tipos de estruturas de defesa, os materiais mais usados, principais efeitos, além dos desafios futuros para esse tema. Foi observado um crescimento no número de publicações nos últimos anos, além do aumento de citações. Uma proporção significativa de artigos sobre as obras de defesa costeira foi publicada em revistas de alto impacto, demonstrando a relevância do tema. O tipo de obra mais frequente foram os quebra-mares e o material mais utilizado foi o concreto. Embora a produção científica sobre o tema tenha avançado ao longo dos últimos anos, existe uma forte heterogeneidade dos dados disponíveis nos trabalhos, além da ausência de dados fundamentais, o que dificulta a sua integração para a obtenção de uma compreensão conjunta dos impactos causados por essas estruturas sobre a macrofauna bentônica. A maioria dos trabalhos (mais de 75%), indicaram impactos ambientais importantes com diminuições ou aumentos superiores a 30% da abundância ou riqueza da macrofauna nos sedimentos de áreas com a presença de obras de defesa costeira.
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ALEX MANOEL DA SILVA
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A biodiversidade da nematofauna marinha ao longo da plataforma continental do Nordeste do Brasil, dentro do contexto do derramamento de oleo ocorrido no ano de 2019
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Orientador : PAULO JORGE PARREIRA DOS SANTOS
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MEMBROS DA BANCA :
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CAROLINE CIBELLE CORREIA CLEMENTE
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PAULO JORGE PARREIRA DOS SANTOS
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TACIANA KRAMER DE OLIVEIRA PINTO
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TATIANA FABRICIO MARIA
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ULISSES DOS SANTOS PINHEIRO
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Data: 31/07/2025
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O Filo Nematoda é considerado um dos grupos zoológicos mais abundantes e de maior diversidade específica dentre os metazoários. Estima-se que existam entre 500 mil e 10 milhões de espécies pertencentes a este grupo. Representantes marinhos de vida livre podem ser encontrados ocorrendo desde a área costeira até as zonas abissais. Por serem ubíquos, bem estudados e apresentarem boa capacidade indicadora, estes organismos são frequentemente utilizados como bioindicadores. Em agosto de 2019, manchas de óleo começaram a chegar ao litoral nordeste do Brasil. O óleo se espalhou por cerca de 3.000 km, representando o maior desastre ambiental, tanto em extensão quanto em severidade, para a costa brasileira. O presente estudo visou estudar a nematofauna presente na plataforma continental ao longo da costa nordestina, identificar as espécies e descrever os possíveis novos táxons, no intuito de ampliar o conhecimento acerca da biodiversidade do filo presente nesse hábitat. Além disso, a resposta desta comunidade a características ambientais da plataforma continental e a potenciais contaminantes (HPAs) oriundos do derramamento de óleo ocorrido em 2019 foi investigada. A malha amostral foi composta por 23 estações dispostas ao longo da quebra da plataforma continental, estendendo-se do Rio Grande do Norte até a Bahia, em profundidades entre 44 e 87 m. O sedimento foi coletado utilizando um box-corer e as amostras da meiofauna foram obtidas com um corer com dimensões de 10 x 10 cm. No total foram encontrados 36.734 espécimes, classificados em 9 ordens, 43 famílias, 178 gêneros e 356 espécies, sendo Microlaimus, Sabatieria, Tricoma, Desmodorella e Laimella os mais abundantes. Nossos resultados sugerem que modificações pontuais na dominância foram evidenciadas através do favorecimento de espécies ou de gêneros tolerantes à poluição por óleo/HPAs. As principais variáveis que determinaram modificações na diversidade, densidade ou estrutura da comunidade foram a profundidade e aquelas ligadas à estrutura do sedimento. O aprofundamento taxonômico possibilitou a realização da descrição de novas espécies para a ciência, sendo estas classificadas nos gêneros Microlaimus, Spirobolbolaimus, Ixonema, Molgolaimus e Desmodorella. Além disso, um novo gênero posicionado na Família Desmodoridae foi estabelecido
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A rich assemblage of members of Microlaimidae has been found in samples sediments collected in the South Atlantic, along the Continental Shelf break of Northeastern Brazil. Five new species of the family Microlaimidae (Nematoda, Microlaimida) are described. Microlaimus paraundulatus sp. n. and Microlaimus modestus sp. n. are among the smallest species described for the genus. Microlaimus nordestinus sp. n. is characterized by combination of the following features: relatively long body; eight rows of hypodermal glands that extend longitudinally along of the body; the size and position of the amphidial fovea and the shape of the gubernaculum. New species of the genera Spirobolbolaimus and Ixonema are described for the first time from the South Atlantic. Spirobolbolaimus pernambucanus sp. n. it has six external labial setae and four cephalic setae of approximately the same length. Ixonema gracieleae sp. n. differs from other species of Ixonema by having setae on peduncles. The amendment of the diagnosis is proposed for the three genera.
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MARIA CLARA GONÇALVES DE QUEIROZ BRITO
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Genomica populacional, conectividade e conservacao do bonito listrado (Katsuwonus pelamis; Scombridae) no Oceano Atlantico
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Orientador : RODRIGO AUGUSTO TORRES
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MEMBROS DA BANCA :
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RODRIGO SANT'ANA
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GRACIELA GARCIA
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RODRIGO RODRIGUES DOMINGUES
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RODRIGO AUGUSTO TORRES
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ROSANGELA PAULA TEIXEIRA LESSA
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Data: 06/08/2025
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O bonito listrado Katsuwonus pelamis, representa um dos recursos marinhos mais explorados ao redor do mundo, sendo a espécie de atum economicamente mais importante principalmente para as indústrias de enlatados. Durante este processo, ocorre a descaracterização morfológica, facilitando a ocorrência de fraudes. Apesar de a identificação das espécies ainda ser possível através do DNA, o processamento leva à degradação do material genético e a adição de diferentes substâncias dificulta a obtenção de um DNA de qualidade. O bonito listrado apresenta hábito migratório e distribuição cosmopolita, podendo ser encontrada em águas tropicais e subtropicais dos Oceanos Pacífico, Índico e Atlântico. De ciclo de vida rápido e alta fecundidade, sustenta altos tamanhos populacionais efetivos. Para fins de manejo, são considerados dois estoques pesqueiros no Oceano Atlântico coordenados pela ICCAT (Comissão Internacional para Conservação de Atuns do Atlântico): (1) Leste e (2) Oeste. Em termos de produtividade, o estoque Leste movimenta um volume significativamente maior de bonitos listrados (~ 271 mil toneladas em 2022) que o estoque Oeste (~21,4 mil toneladas em 2022). Entretanto, pouco se sabe acerca da conectividade genética entre essas regiões, o que pode comprometer o sucesso das estratégias de manejo atuais, principalmente em regiões com produtividade tão distintas. Desta forma, foi realizada uma revisão de literatura sobre os estudos genéticos do bonito listrado ao redor do mundo, indicando que, exceto pelo Oceano Índico, o bonito listrado apresenta populações altamente conectadas, havendo um gap de informação para o Oceano Atlântico. A estrutura populacional entre os dois estoques da espécie no Oceano Atlântico, definidos pela ICCAT, foi investigada a partir de dados genéticos [mitocondriais (região controle) e nucleares (íntron S7)] e genômicos (ddRADSeq). Quanto à estruturação genética, os resultados foram similares entre os marcadores, indicando altos níveis de conectividade tanto dentro do Atlântico Oeste e Leste quanto entre eles, com valores baixos e não significativos de FST, revelando que a espécie é composta por uma única população panmítica ao longo do Oceano Atlântico. A exceção foram as amostras da zona temperada, representada por Açores. Porém como os valores foram muito sutis, não há evidência para indicar um manejo separado. A biblioteca de 6271 SNPs, apresentou resultados similares aos marcadores de sequência. Por fim, foi testado um protocolo de pré-tratamento com a solução Phosphate Buffered Saline (PBS) para otimizar a qualidade do DNA extraído a partir de amostras de atum enlatados comercializados no Brasil. As amostras de atuns enlatados pré-tratadas apresentaram valores significativamente maiores (p<0,01) tanto de concentrações de DNA (média de 59,28 ng/μL) quanto de pureza (A260/A280; média de 1,81), quando comparadas com aquelas que não passaram pelo pré-tratamento (concentração média de 9,67 ng/μL; A260/A280 média de 1,52). Além disso, foram obtidas PCRs para 8 das 13 amostras, com sequenciamento de 650 pb da região barcode COI para 4 delas. Todas as amostras sem pré-tratamento falharam. Estes resultados revelam uma resposta positiva ao tratamento proposto, sugerindo sucesso em remover substâncias utilizadas no processo de enlatamento.
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The skipjack tuna Katsuwonus pelamis is the most economically important tuna species around the world. In the Atlantic Ocean, the ICCAT management plans include the presence of two stocks: (a) eastern and (b) western Atlantic. However, the genetic cohesiveness between them remains poorly understood. Here, we access this information using a mitonuclear approach through mitochondrial [control region d-loop (CR)] and nuclear (intron S7) data. High genetic diversity was found from both CR and S7 data, supporting the Least Concern IUCN classification, which is reinforced by the demographic data that revealed strong evidence of recent population expansions events and stability in effective population sizes of the skipjack tuna along the Atlantic. Also, these data reveal the species resilience in spite of the fisheries pressure. In general, no signal of geographic structure was recovered, which may be explained by the life history strategies of the species, such as a high population effective sizes and migratory habits, that act in reducing the isolation, endogamy and genetic drift effects. However, some weak to moderate signals of genetic differentiation were observed by pairwise FST within and between the Atlantic ICCAT stocks. Such evidence involved especially the Azores (SJ01 ICCAT area) and Saint Peter and Saint Paul Archipelago (SJ07 ICCAT area). It’s important to highlight that the major differentiation levels were found between sites from different stocks. Also, the CR data recovered a weak but significant genetic differentiation between the eastern and western stocks (FST=0.0008). These results can be used to improve and support the ICCAT management strategies of skipjack tuna stocks. However, an integrative approach using ecological and genomic data is strongly recommended in order to better understand the observed patterns, especially the genetic differentiation in Rio Grande do Norte, Azores and Saint Peter and Saint Paul Archipelago.
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PEDRO HENRIQUE DA PAIXAO E SILVA
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Taxonomia integrativa de camaroes-de-estalo do genero Synalpheus Spence Bate, 1888 (Decapoda: Alpheidae) do Nordeste do Brasil
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Orientador : ALEXANDRE OLIVEIRA DE ALMEIDA
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MEMBROS DA BANCA :
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JESSICA COLAVITE
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ALEXANDRE OLIVEIRA DE ALMEIDA
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ISABELA RIBEIRO ROCHA DE MORAES
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PATRICIA SOUZA DOS SANTOS
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PAULA BRAGA GOMES
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Data: 07/08/2025
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Os camarões-de-estalo do Synalpheus formm um dos grupos mais numericamente abundantes e taxonomicamente diversos a habitar recifes de coral ao redor do mundo. Grande parte de sua diversidade conhecida encontra-se no Mar do Caribe, onde uma série de estudos sobre o grupo vem sendo realizados ao longo das últimas décadas. No Brasil, estudos sobre o gênero iniciaram com Spence Bate (1888), passando por vários outros. Uma série de estudos aponta a necessidade de revisão taxonômica em alguns grupos problemáticos, muito devido ao conjunto de espécies crípticas no gênero. A presente tese está dividida em três capítulos que tem por objetivo revisar a sistemática de camarões do gênero Synalpheus no litoral do Nordeste do Brasil. No primeiro capítulo, que objetivou elaborar um checklist com as espécies de Synalpheus no Nordeste do Brasil. um total de 1010 indivíduos de 26 espécies foram analisadas, havendo seis novos registro para o Atlântico Sul Ocidental (S. barahonensis, S. belizensis, S. brevidactylus, S. corallinus, S. hoetjesi e S. kensleyi) e treze extensões de distribuição/novos registros (S. agelas, S. androsi, S. antillensis, S. dardeaui, S. fritzmuelleri, S. hemphilli, S. herricki, S. pandionis, S. ruetzleri, S. tenuispina, S. townsendi, S. ubatuba e S. yano) para a região, bem como a exclusão de registros duvidosos (S. filidigitus, S. longicarpus, S. paraneptunus e S. rathbunae). Com isso, a diversidade conhecida de Synalpheus para a região Nordeste passou de 27 para 29 espécies, enquanto a do Brasil foi de 29 para 31 espécies. No segundo capítulo, duas novas espécies de Synalpheus foram descritas baseadas em dados morfológicos e moleculares (gene 16S). Synalpheus sp. nov. 1 é morfologicamente semelhante a S. herricki, com uma diferenciação molecular de 0,05 entre ambas, enquanto Synalpheus sp. nov. 2 é similar morfologicamente a S. ruetzleri, com uma diferenciação molecular de 0,04—0,05 entre ambas espécies. O terceiro capítulo visou avaliar o grau de estruturação populacional entre populações de S. hoetjesi do Brasil e do Mar do Caribe, onde as análises de Máxima Verossimilhança, número, rede e diversidade haplotípicas, diversidade nucleotídica e variação genética usando o gente COI, mostraram distinção entre ambas populações. Os resultados desse estudo mostram a importância de abordagens integrativas para estudos sistemáticos e taxonômicos dentro do gênero.
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O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão taxonômica das espécies de camarões-de-estalo do gênero Synalpheus do nordeste do Brasil. O material examinado é proveniente de coletas em diversos pontos da costa do estado de Pernambuco, nos arquipélagos de Fernando de Noronha e São Pedro e São Paulo. Além disso, também foram analisados os espécimes depositados na coleção de crustáceos do Museu de Oceanografia Prof. Petrônio Alves Coelho (MOUFPE) e do Laboratório de Biologia de Crustáceos (LBC) da Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. Foram analisados 1040 indivíduos pertencentes a 25 espécies, com um total de seis novos registros, alguns dos quais confirmados por dados moleculares (gene 16S ribossomal), para o Atlântico Sul (Synalpheus barahonensis, S. belizensis, S. brevidactylus, S. corallinus, S. hoetjesi e S. kensleyi), além de várias ampliações de distribuição de espécies já registradas no Brasil. Ademais, a diversidade conhecida para a região nordeste passa a ser de 28 espécies e, a do Brasil, 32 espécies, com a exclusão de S. filidigitus, S. longicarpus, S. paraneptunus e S. rathbunae da lista de espécies da região.
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EMERSON GONCALVES DIAS
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ONTOGENIA E COMUNICACAO VOCAL EM Physalaemus caete POMBAL & MADUREIRA, 1997: ASPECTOS AUTOECOLOGICOS DE UMA RA ENDEMICA DA MATA ATLANTICA NORDESTINA
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Orientador : PEDRO IVO SIMOES
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MEMBROS DA BANCA :
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IGOR JOVENTINO ROBERTO
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MARCELO NOGUEIRA DE CARVALHO KOKUBUM
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ALEXANDRE PINHEIRO DE ALMEIDA
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MANOELA WOITOVICZ CARDOSO
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PEDRO IVO SIMOES
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Data: 20/08/2025
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Physalaemus caete é uma pequena rã de folhiço que deposita seus ovos em ninhos espuma, endêmica de remanescentes da Mata Atlântica do nordeste brasileiro, e criticamente ameaçada. Apesar de sua condição de ameaça, aspectos fundamentais sobre seu desenvolvimento e comunicação permaneciam desconhecidos. Esta tese teve como objetivo ampliar o conhecimento sobre a biologia dessa espécie, por meio da descrição de seu desenvolvimento ontogenético e da caracterização do seu repertório vocal, visando fornecer subsídios para futuras ações de conservação. Para isso, os dados foram organizados em dois estudos complementares. No primeiro capítulo, foi realizada a descrição completa do desenvolvimento embrionário-larval da espécie, desde a fertilização até a metamorfose, com observações cronológicas de indivíduos mantidos em condições de laboratório. No segundo capítulo, realizamos gravações em campo dos cantos emitidos por machos em contexto reprodutivo e demais interações sociais. As vocalizações foram categorizadas por meio da análise visual da estrutura de seus espectrogramas, da análise quantitativa de suas propriedades temporais e espectrais, e da aplicação de análises estatísticas multivariadas (Análise de Componentes Principais – PCA, Análise de Variância Multivariada Permutacional – PERMANOVA e análise de cluster) sobre estas variáveis.Os resultados revelaram um desenvolvimento embrionário rápido, com eclosão em cerca de 24 horas após a fertilização e metamorfose concluída em aproximadamente 2,5 meses em condições de laboratório. A sequência ontogenética apresentou características compartilhadas com outras espécies do gênero, mas também particularidades notáveis, como embriões maiores, maior reserva de vitelo e brânquias externas menos desenvolvidas. Foi feita a redescrição da morfologia larval com base no estágio de senvolvimento 37 de Gosner, incluindo a descrição detalhada da estrutura oral, com correções em relação à descrição original. No segundo estudo, foram identificados oito tipos de cantos, agrupados em seis categorias funcionais. Fenômenos não lineares (NLPs) – sons irregulares, como sub-harmônicos e caos determinístico – foram detectados em contextos sociais agressivos. As análises estatísticas revelaram diferenças significativas entre cantos com e sem NLPs, especialmente em relação a parâmetros espectrais. Os resultados indicam um repertório vocal complexo para um anuro do gênero Physalaemus, apontando maior sofisticação na comunicação acústica de P. caete do que previamente reconhecido. A discussão amplia o conhecimento existente sobre a ecologia reprodutiva de Physalaemus, com ênfase no clado P. signifer, sugerindo que os traços ontogenéticos e acústicos observados em P. caete podem representar adaptações específicas, inclusive sob influência de sua ocorrência a ambientes restritos e possivelmente degradados. A presença de NLPs e a variação intraindividual nos cantos indicam plasticidade vocal potencialmente relevante para interações sociais e reconhecimento de interindividual. Este estudo contribui com informações úteis para o planejamento da conservação da espécie, por exemplo, através da caracterização de seu modo reprodutivo e locais de reprodução, da identificação taxonômica correta de embirões e girinos em campo e em coleções zoológicas, e de dados que permitem a criação de protocolos de monitoramento acústico automatizado de suas vocalizações. Esta tese também enfatiza a importância de estudos aoutoecológicos e integrativos em anuros neotropicais ameaçados, especialmente aqueles com distribuição restrita e vulneráveis à degradação ambiental.
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The complexity of the vocal repertoire varies across anuran species, with some species using a single call type to mediate both aggressive and sexual interactions and other species using different acoustic signals to mediate specific behavioral interactions in reproductive, aggressive or defensive contexts. Understanding the full array of sound signals that form the vocal repertoire of a species is a crucial first step towards more comprehensive studies about its behavioral ecology and natural history. In this study, we describe the complex acoustic repertoire of Physalaemus caete, an endangered ground-dwelling frog distributed in small remnants of the northern Atlantic Forest of Brazil. We characterize the call types that form its vocal repertoire in terms of shape of the sound envelope, harmonic structure, temporal and spectral call properties, based on recordings of 24 males recorded in two forest fragments. Additionally, we evaluate similarity among different call types using cluster analyses, investigate advertisement call traits potentially useful for individual recognition based on analyses of coefficients of variation and test for effects of body-size, temperature and humidity on advertisement call variation. We identified 11 call types, assigned to six behavioral subcategories distributed among reproductive, aggressive (territorial) and defensive contexts. Cluster analysis indicated advertisement calls and some territorial calls as moderately similar in relation to temporal and spectral parameters, suggesting gradation between these call types. The fundamental frequency and the position of the most emphasized harmonic were considered the parameters potentially most useful for individual discrimination among males. However, variation of the fundamental frequency was influenced by variation in temperature and humidity, which may end up affecting its use for individual recognition. We discuss our findings in the light of future implementation of passive acoustic monitoring protocols which have been increasingly used in conservation of endangered species.
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RAFAEL ANTONIO BRANDÃO
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Conectividade e biologia reprodutiva da anemona do sargaco Anemonia sargassensis Hargitt, 1908 (Cnidaria:Actiniaria) na porcao Ocidental do Oceano Atlantico Sul
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Orientador : CARLOS DANIEL PEREZ
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MEMBROS DA BANCA :
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CARLOS DANIEL PEREZ
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FELIPE FERREIRA CAMPOS
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MARX OLIVEIRA DE LIMA
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RALF TARCISO SILVA CORDEIRO
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ULISSES DOS SANTOS PINHEIRO
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Data: 22/08/2025
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As anêmonas-do-mar são cnidários bentônicos solitários pertencentes à ordem Actiniaria, comumente encontrados nos oceanos ao redor do planeta, de águas rasas até zonas abissais. Apesar do plano corporal aparentemente “simples”, pouco se sabe sobre as dinâmicas populacionais e fluxo gênico das diferentes espécies. Com o avanço e popularização de novos métodos genômicos, além da crescente disponibilidade de dados, torna-se urgente reavaliar nossa compreensão sobre tais dinâmicas populacionais e sobre a delimitação de espécies na Ordem Actiniaria. Técnicas de sequenciamento de baixa cobertura, como o genome skimming, permitem a obtenção de dados de múltiplos loci (por exemplo, SNPs), que podem ser utilizados para entender o fluxo gênico e a conectividade populacional. Essa mesma técnica de sequenciamento de baixa cobertura também possibilita a recuperação do genoma mitocondrial completo das espécies estudadas, que pode fornecer informações complementares para estudos de delimitação de espécies. A anêmonado-mar-do-sargaço, formalmente conhecida como Anemonia sargassensis Hargitt, 1908, apresenta-se como um modelo interessante para estudos de conectividade ao longo da costa do Atlântico Sul Ocidental. Sua distribuição vai de Woods Hole (latitude 40°N) até Santa Catarina, Brasil (latitude 26°S), com populações documentadas em locais diversos, incluindo o Golfo do México e o Caribe. Assim, o principal objetivo desta Tese é compreender os padrões de distribuição da espécie Anemonia sargassensis, o fluxo gênico entre diferentes populações e descrever seu genoma mitocondrial completo. A dissertação está dividida em três capítulos, já no formato de artigos científicos. O Capítulo 1 apresenta uma revisão de escopo de 65 estudos sobre gametogênese e ciclo reprodutivo em anêmonas-do-mar, revelando forte viés geográfico de amostragem, com prioridade a regiões temperadas do Hemisfério Norte e um foco maior na família Actiniidae. O Capítulo 2 utiliza sequenciamento genômico de baixa cobertura com marcadores SNP para avaliar a estrutura populacional de A. sargassensis no Atlântico Sul Ocidental, indicando fluxo gênico limitado e estruturação genética significativa entre populações, sugerindo barreiras à dispersão larval, apesar do potencial de transporte passivo via substratos flutuantes. O Capítulo 3 apresenta os genomas mitocondriais completos de duas populações geograficamente distintas de A. sargassensis, discutindo que embora a ordem e a estrutura gênica sejam conservadas entre diferentes espécies de Actiniaria, existem diferenças na composição de nucleotídeos e nas regiões de controle. Como conclusão, este estudo evidencia a importância de integrar dados reprodutivos e genômicos para melhorar nossa compreensão sobre conectividade entre populações em táxons ainda pouco estudados.
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A ordem Actiniaria (anêmonas-do-mar) apresenta uma ampla diversidade de modos reprodutivos, o que pode explicar sua ampla distribuição. Apesar disso, os dados sobre o ciclo reprodutivo e a gametogênese dessas espécies são esparsos e metodologicamente heterogêneos. Nosso trabalho apresenta uma revisão sistemática de escopo sobre a gametogênese e reprodução sexual em anêmonas-do-mar, compilando informações de 65 estudos publicados entre 1964 e 2023. A revisão abordou aspectos taxonômicos, metodológicos, espaciais e ambientais, identificando padrões e lacunas no conhecimento atual. Os resultados indicam que a maioria dos estudos foi conduzida em regiões temperadas do Hemisfério Norte, com poucas informações de espécies tropicais e do Hemisfério Sul. A temperatura foi apontada como o principal fator ambiental associado ao pico reprodutivo, embora outras variáveis também tenham sido citadas. Por fim, destacamos a necessidade de padronização metodológica e de novos estudos em regiões sub-representadas.
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