Análise de aspectos técnicos e clínicos da eletromiografia de superfície dos músculos respiratórios em pacientes com COVID-19 sob oxigenoterapia
COVID-19; Oxigenioterapia; Unidade de terapia intensiva; Eletromiografia de superfície; Software.
Resumo em Português: A avaliação do trabalho respiratório de indivíduos
hipoxêmicos afetados pela COVID-19 é relevante para o diagnóstico funcional e
planejamento terapêutico. A Eletromiografia de superfície (EMGs) é um método não
invasivo que fornece informações valiosas sobre o trabalho respiratório qualificando o
padrão de recrutamento muscular pelo grau de ativação dos músculos respiratórios. O
objetivo geral desta dissertação foi analisar aspectos técnicos e clínicos da EMGs dos
músculos respiratórios em pacientes com COVID-19 sob oxigenoterapia. Foi conduzido
um estudo transversal (ClinicalTrials.gov NCT05572853), envolvendo adultos admitidos
na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com COVID-19 que necessitavam de
oxigenoterapia de baixo fluxo por cateter nasal ou máscara não-reinalante, submetidos
a avaliação de EMGs dos músculos esternocleidomastoideo, escalenos, diafragma e
reto abdominal. Esses sinais elétricos foram processados com utilização das filtragens
de sinais com um notch de 60Hz e uma banda passante entre 20-500Hz. Os resultados
desta dissertação são apresentados em três produtos, um artigo e dois manuscritos
originais. ARTIGO: É uma revisão sistemática que resume os músculos respiratórios
mais avaliados por EMGs no ambiente de cuidados intensivos e os detalhes do
procedimento de avaliação empregados nesses músculos em relação ao
posicionamento dos eletrodos, aquisição do sinal e análise de dados, publicada na
revista “PLOS ONE” (10.1371/journal.pone.0284911). MANUSCRITO 1: Comparou os
valores de Root Mean Square (RMS) entre dois métodos (pré/pós filtragem digital),
envolvendo 71 pacientes. Foi observado que o padrão de ativação muscular não se
alterou independente da filtragem de sinal apesar da atenuação de valores de RMS, μV
(pré-filtro/pós-filtro), os quais foram maiores para os músculos escalenos (14,0±8,6 /
8,5±6,2), esternocleidomastóideo (12,0±8,8 / 6,8±7,8), seguido por diafragma (11,7
±8,1/ 5,4±7,1) e reto abdominal (10,4±4,7 / 3,1±1,9). O RMS foi significativamente
atenuado para todos os músculos (P< 0,001) sem concordância entre os métodos.
MANUSCRITO 2: Descreveu o recrutamento dos músculos diafragmáticos e
extradiafragmáticos em diferentes níveis de hipoxemia aguda de pacientes com
COVID-19, envolvendo 46 pacientes (6 normais, 13 leves/moderados e 27 graves).
Independente do status de gravidade de SpO2/FiO2, o padrão de recrutamento dos
músculos diafragmáticos e extradiafragmáticos, observou-se a sequência escalenos,
esternocleidomastóideo, diafragma e reto abdominal. Na comparação entre grupos,
observou-se menor ativação de escaleno para leve-moderado (7.8 μV, P = 0,019 e
para grave (6,7 μV, P = 0,001), em relação ao grupo normal (14,9 μV). Enquanto no
esternocleidomastoideo, leve-moderado (4,3 μV, P=0,016) comparados ao grupo
normal (9,3 μV). Não houve diferença de grau de recrutamento para diafragma e reto
abdominal entre os grupos. Em conclusão, os resultados desta dissertação sugerem
que o diafragma e os músculos paraesternais são os músculos mais estudados nos
protocolos citados no ambiente de UTI, assim como seus padrões de colocação de
eletrodos. A filtragem de sinal atenuou os valores RMS sem comprometer o padrão de
ativação dos músculos respiratórios e reduzir ruídos. A ativação dos músculos
respiratórios em pacientes com COVID-19, especificamente nos músculos escalenos e
esternocleidomastóideo estavam reduzidas nas condições hipoxêmicas leve-
moderada, enquanto apenas escalenos estão menos ativas na condição grave,
indicam possíveis associações com o status de gravidade de SpO2/FiO2 e o
comprometimento respiratório observado.