JUSTIÇA EM JOGOS: COMPREENSÕES DE ESTUDANTES (CRIANÇAS E ADULTOS) E PROFESSORES À LUZ DE
DEMANDAS COGNITIVAS DA PROBABILIDADE
Justiça em jogos. Aleatoriedade. Espaço amostral. Comparação de
probabilidades. Adultos e Crianças.
A presente pesquisa consubstanciou-se a partir de três estudos que se interconectaram entre
si, objetivando analisar compreensões acerca de justiça em jogos à luz de demandas
cognitivas da probabilidade concernentes à aleatoriedade, ao espaço amostral e à
comparação de probabilidades. O Estudo 1 contou com a participação de 15 crianças do 5o
ano e 15 estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA); o Estudo 2 estabeleceu um
paralelo entre 15 crianças portuguesas (5o ano) e as crianças brasileiras do Estudo 1; no
Estudo 3 foram investigados 15 professores dos anos iniciais, sendo: cinco brasileiros e cinco
portugueses do ensino regular e cinco brasileiros da EJA. Utilizou-se seis diferentes jogos,
associados a elementos da probabilidade, por meio de entrevista clínica e questionário,
analisados a partir de demandas cognitivas da probabilidade, de construtos do pensamento
probabilístico e de níveis de crenças em jogos. Os participantes dos distintos estudos
apresentaram similitudes em suas compreensões no que tange à justiça em jogos
considerando as conexões estabelecidas com elementos da probabilidade, tanto em relação
a concepções coerentes do ponto de vista formal, como também a equívocos conceituais. De
modo geral, os participantes associaram jogo justo à equiprobabilidade com conexões com
sorte, incerteza, regras, uso de artefatos iguais e equilíbrio. As crianças e adultos (Estudo 1)
apresentaram aproximação de desempenho, o que indica que a maturidade e a experiência
dos estudantes adultos parecem não influenciar as compreensões acerca de jogos justos
imbricados nos conceitos probabilísticos explorados. As crianças do Estudo 2, apresentaram
compreensões similares em relação à justiça em jogos, evocando conceitos intuitivos
análogos, que possibilita inferir que as diferentes culturas dessas crianças parecem também
não influir em suas concepções. Os estudantes, sejam adultos ou crianças, em sua maioria,
apresentaram compreensões típicas dos níveis mais elementares dos construtos do
pensamento probabilístico, que denota fragilidades conceituais em relação a conceitos
probabilísticos. Como esses estudantes não tiveram acesso formal a conceitos referentes à
probabilidade, reforça-se a convicção de que há elementos probabilísticos que são somente
consolidados por meio do ensino. Os professores, apresentaram compreensões pariformes
com equívocos e potencialidades observados nos distintos grupos do Estudo 3. Na pesquisa,
de forma geral, constatou-se fragilidade de compreensão dos participantes dos três estudos
em relação a sequências aleatórias pelo tênue entendimento de independência de eventos,
bem como, incompreensões acerca do raciocínio proporcional para comparar eventos de
espaços amostrais distintos e equívocos sobre o espaço amostral, que, por conseguinte,
implicaram em análises equivocadas de jogos (in)justos. Sinteticamente, pode-se concluir
que compreensões e incompreensões acerca de elementos probabilísticos que envolvem
demandas cognitivas da probabilidade influenciaram a avaliação dos participantes ao
considerar um jogo justo, ou não. Assim sendo, os equívocos e acertos apresentados para
avaliar a justiça em jogos possuem relação com conhecimentos de natureza probabilísticas
que necessitam ser ensinados nas escolas.