Que branco é esse no funk? – Investigando performances de branquitude no funk brasileiro
Funk; Branquitude; Performance; Gêneros Musicais.
Gêneros musicais são formados por constelação de mediações que envolvem aspectos estéticos, mercadológicos, tecnológicos e sociais (JANOTTI JR. e SÁ, 2019). A partir disso, a compreensão do funk brasileiro como música de negras e negros não se dá de forma simplista ou essencializada. Apesar das entradas do funk no mainstream desde a década de 1990 e que ganham força nos últimos anos através das ambientações digitais, o estigma do funkeiro e a criminalização do gênero musical permanecem e são atrelados a uma intersecção de questões: geográficas, de classe, raça (associado a representações negativas da negritude) e de gênero. Sendo o funk um vetor de tensionamentos sociais, políticos e estéticos, investigo as performances de branquitude de artistas brancos do funk nacional ou que se vinculam ao funk em determinado momento de suas carreiras, identificando possíveis disputas e deslocamentos do gênero musical. Observo o corpo enquanto local de transmissão de conhecimento em performances arquivadas em produtos audiovisuais de artistas como Anitta, Kevinho, e Adriana Calcanhotto. Compreendo a branquitude enquanto local de poder, identidade étnico-racial atribuída a pessoas brancas e dispositivo analítico que faz emergir a subjetividade branca em contextos aparentemente não-racializados. Resultando em encenações de afastamento do estigma do funkeiro, observada através de Kevinho; de moralização da bunda no funk, em videoclipe de Adriana Calcanhotto; e de disputas ao redor da ideia de mestiçagem mobilizadas por Anitta.