CRIANÇAS COM EXPOSIÇÃO CONGÊNITA AO ZIKA VÍRUS E PERDA AUDITIVA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA E METANÁLISE
Palavras-chaves: perda auditiva; zika vírus; microcefalia; revisão sistemática;
Com a infecção por ZIKV em mulheres grávidas foi observado um aumento de relatos no número de casos de abortos espontâneos, restrições fetais de crescimento intrauterino e de neonatos nascidos com microcefalia. A repercussão dessa infecção congênita tornou-se uma grande preocupação para a saúde coletiva. O primeiro relato de associação entre a perda auditiva e a infecção materna por ZIKV foi em 2016, em uma criança com perda auditiva profunda bilateral de nascimento gemelar. A partir desse estudo, outros com maior número de casos foram publicados. O objetivo desta revisão sistemática foi estimar a prevalência da perda auditiva em crianças com exposição congênita ao ZIKV. A pesquisa foi realizada em bases de dados eletrônicas em saúde e na literatura cinzenta. A seleção dos artigos, extração de dados e análise do risco de viés foram realizadas por dois revisores independentes e com cegamento. Foram incluídos estudos observacionais que envolveram mãe ou criança (de 0 a 6 anos de vida) com confirmação laboratorial e avalição da ocorrência de perda auditiva decorrente da infecção congênita pelo ZIKV, através do exame do potencial evocado auditivo do tronco encefálico (PEATE) diagnóstico. De 213 artigos e 104 teses e dissertações selecionados na primeira fase (leitura dos títulos e resumos), restaram 4 artigos originais e 1 dissertação que entraram nos critérios de inclusão. Apenas um detectou perda auditiva sensorioneural. Foi encontrada uma prevalência de 5,8%, resultante de apenas um estudo que detectou perda auditiva em crianças sintomáticas. Na metanálise, foi evidenciado alto índice de heterogeneidade e amplo intervalo de confiança. A frequência de perda auditiva encontrada na população de crianças expostas ao ZIKV com crianças sintomáticas é bem maior que a de crianças sem indicador de risco para perda auditiva. Porém. entre os assintomáticos, não foi identificado em nenhum estudo crianças com perda auditiva. Todavia, observou-se número pequeno de crianças estudas na maioria dos estudos.