AVALIAÇÃO DE TOXICIDADE E ATIVIDADES BIOLÓGICAS DE EXTRATO ETANÓLICO DE FOLHAS DE Jatropha mollissima
pinhão-bravo; dor; nocicepção; toxicidade in vivo.
Jatropha mollissima (Pohl) Bail (Euphorbiaceae) é uma planta medicinal endêmica do semiárido do Nordeste do Brasil e é conhecida popularmente como “pinhão-bravo”. Na medicina popular, é conhecida por suas atividades antibacteriana, antiofídica, antioxidante, anti-helmíntica e hemostática. Além disso, a seiva leitosa (látex) produzida por J. mollissima, era utilizada pelos antigos para cicatrização de feridas, controle de hemorragias, anti-infecções e para minimizar inflamações. Entretanto, atividade antinociceptiva de J. molissima ainda foi relatada, bem como estudos sobre a toxicidade desta planta, apesar do uso na medicina popular. Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo avaliar a toxicidade aguda em camundongos de um extrato etanólico de folhas de J. mollissima (EEJM) e analisar seu efeito antioxidante e antinociceptiva. O resultado da dosagem de compostos fenólicos e flavonóides mostram que EEJM apresenta alta concentração desses compostos. Na dosagem de compostos fenólicos foi quantificado 620,63 ± 1,47 mg/g de equivalente a ácido gálico e na dosagem de flavonóides o EEJM apresentou 22,55 ± 0,55 mg/g equivalentes de quercetina. O EEJM foi avaliado quanto a capacidade antioxidante total pelo método do fosfomolibdênio (IC50 de 123,4 ± 1,2 µg/mL). Já nos ensaios de eliminação de radicais livres DPPH e ABTS, o EEJM apresentou IC50 de 87,84 ± 1,1 µg/mL e 49,08 ± 0,7 µg/mL, respectivamente. Na avaliação de toxicidade em eritrócitos, o extrato demonstrou baixa citotoxicidade, não sendo capaz de determinar a IC50. Na maior concentração testada (10 mg/mL) o EEJM apresentou capacidade de causar hemólise de 18,16%, quando comparado ao grupo tratado com Triton X-100. No ensaio de atividade antinociceptiva, EEJM nas doses de 50, 100 e 200 mg/kg causou redução de contorções abdominais em 40.41, 58.77 e 71.42%, respectivamente. No teste de dor induzida por formalina em pata de camundongos, EEJM nas doses de 50, 100 e 200 mg/kg causou redução do tempo de lambida em 30.19, 47.58 e 65.24% na primeira fase. Na segunda fase (inflamatória) o EEJM reduziu o tempo de lambida em 40.49, 58.05 e 79.30% nas doses de 50, 100 e 200 mg/kg, respectivamente. Na investigação do mecanismo de ação envolvido, naloxona (2 mg/kg, i.p.), antagonista de opioides, e glibenclamida (5 mg/kg, i.p.), um bloqueador de canais de K+, foram utilizados no teste de formalina. Na primeira fase, a administração de naloxana inibiu o efeito de EEJM (200 mg/kg) em 65.54%. Na segunda fase, EEJM (200 mg/kg) teve seu efeito antinociceptivo reduzido em 86.39% pela naloxana. A glibenclamida, não promoveu inibição dos efeitos de EEJM. No teste de retirada cauda, a administração oral de EEJM aumentou o tempo de latência em todos os períodos avaliados.