IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA DE VERTEBRADOS CRETÁCICOS DA SUB-BACIA JAMES ROSS (PENÍNSULA ANTÁRTICA) POR MEIO DA ANÁLISE OSTEOHISTOLÓGICA
Paleohistologia; Répteis; PALEOANTAR; Antártica; Cretáceo.
Vertebrados fósseis da Antártica são consideravelmente raros, apresentando aspecto fragmentado e desarticulado, o que dificulta nosso entendimento da história evolutiva da biota fóssil daquele continente. Nesse sentido, análises osteohistológicas constituem uma importante ferramenta na identificação desses registros, uma vez que a preservação da microestrutura óssea, guarda as informações sobre a história de vida dos organismos. Apesar disso, poucos trabalhos foram realizados envolvendo a osteohistologia de espécimes procedentes da Antártica. Visando aprimorar o conhecimento sobre esta biota fóssil, o objetivo deste estudo foi identificar os grupos de vertebrados cretáceos preservados na Sub-bacia James Ross (Península Antártica) através de suas características osteohistológicas. O material utilizado consiste de 20 fragmentos de ossos de vertebrados coletados durante a Operação Antártica XXXV, realizada em 2016 pelo projeto PALEOANTAR. As características histológicas observadas a partir de lâminas delgadas mostraram uma predominância de répteis aquáticos na amostra, embora também tenham sido registrados animais terrestres e voadores. Os padrões ósseos osteoporóticos, paquiostóticos, osteocleróticos e paquitososcleróticos foram associados à Plesiosauria indet. (Reptilia, Sauropterigia) e Mosasauridae indet. (Reptilia, Squamata). São microestruturas relacionadas às variadas adaptações para o nado, previamente descritas para estes animais. A presença de fibras estruturais no tecido ósseo secundário em lâminas confeccionadas em um osteoderma, permitiu a identificação de dinossauros da infraordem Ankylosauria (Dinosauria, Ornithischia), pois constituem microestruturas exclusivas desse grupo. A presença de um córtex mais fino, composto de tecido fibrolamelar, canais vasculares longitudinais de diâmetros semelhantes, sem sinais de anastomoses e compostos apenas por ósteons primários, com uma cavidade medular livre, permitiram a confirmação do primeiro registro de pterossauros no Cretáceo da Antártica (MN 7800-V). Este estudo comprovou que a utilização da microestrutura óssea representa uma ferramenta eficaz para a identificação de material fragmentado. Dessa forma contribuindo para o conhecimento da história evolutiva, diversidade e paleobiologia da fauna fóssil na Península Antártica.