ESTUDO DA MOBILIDADE E DISPERSÃO DOS METAIS Cr, Co, Cu, Ni, Pb, Zn e V NO SISTEMA ROCHA-SOLO E AVALIAÇÃO DO RISCO DA CONCENTRAÇÃO DE METAIS NO SOLO: área em torno de um futuro condomínio residencial no município de Jaboatão dos Guararapes (PE)
Metais pesados; Solo; Contaminação natural; Valores Orientadores; Pernambuco
Este estudo buscou avaliar a mobilidade química de metais em perfis de solo em Jaboatão dos Guararapes/PE. Geologicamente a área faz parte do Pluton Guarany (570Ma), Domínio Pernambuco-Alagoas, apresentando-se por monzogranitos/sienogranitos. Foram estudados seis perfis de solo, contendo argissolos vermelho-amarelos, compostos por quartzo, caulinita, gibbsita, goetita, hematita e feldspatos potássicos, indicando intemperismo moderado-intenso na área. Análises geoquímicas do solo (superfície/subsuperfície) indicaram teores relativamente anômalos de metais como V (101-378ppm), Cr (53-262ppm), Ni (26-40ppm), Pb (24-44ppm), Zn (43-76ppm) e Cu (27-43ppm), próximos e acima dos Valores orientadores de Prevenção/Investigação para solos contaminados, preconizados pela Resolução CONAMA 420/2009, e dos Valores orientadores de Referência estabelecidos para Pernambuco pela CPRH e Biondi (2010). Provavelmente estes metais estão hospedados nos óxidos e hidróxidos de Fe, devido à similaridade de seus raios iônicos com o Fe. A mobilidade destes metais da rocha mãe para o solo provavelmente ocorreu através de fluidos meteóricos alcalinos, em um processo de monossialitização parcial que lixiviou os álcalis (K, Ca, Mg) levando à formação de caulinita. O aumento da intensidade do intemperismo levou à alitização, precipitando gibbsita, que agiu como tampão de pH, promovendo a remobilização química dos metais traço dos minerais primários da rocha mãe (e.g. hornblenda, biotita, titanita) para os oxi-hidróxidos de Fe do solo. Os metais hospedam-se ainda nos minerais secundários, como gibbsita e caulinita, por adsorção. A fonte destes metais, com exceção do V, é considerada geogênica, atribuída aos minerais primários e corpos máficos que podem ocorrer no Pluton Guarany. O V, ocorre com concentrações maiores em direção à superfície e maiores nos pontos de maior proximidade com a rodovia, o que sugere origem antropogênica para essa anomalia, possivelmente devido a queima de combustíveis fósseis. Apesar dos teores anômalos, apenas o Cr poderia representar um risco de intoxicação, entretanto, mais estudos são necessários para se avaliar se esse risco seria considerado baixo, moderado ou alto.