equidade; e-commerce; abordagem das capacidades; preferências do consumidor; Método Best-Worst

O crescimento do comércio eletrônico tem levantado diversas discussões a respeito das externalidades causadas pelas entregas urbanas. No entanto, pouco tem sido discutido a respeito dos benefícios gerados por este canal de comercialização. Por ser realizado online, onde existe incontáveis lojas disponíveis ao consumidor, o comércio eletrônico promove benefícios como maior variedade de produtos; oportunidade de comparação facilitada de produtos e preços; comodidade de não precisar se deslocar e das lojas estarem sempre abertas; oportunidade de comprar produtos que podem não estardisponíveis próximo ao consumidor; e, oportunidade de escolha da forma como a entrega vai ser feita. Considerando que a equidade é definida como a distribuição justa e adequada dos benefícios e encargos em uma sociedade, é hipotetizado que o comércio eletrônico pode ser um provedor de equidade ao dar oportunidade de as pessoas acessarem bens e recursos, a partir de escolhas que se adaptem às suas condições de vida. Dito isto, o objetivo desse trabalho é explorar os fatores que contribuem para a equidade do comércio eletrônico, com foco no processo logístico. Para tanto, elaborou-se um modelo conceitual sobre a equidade da entrega urbana, em função das capacidades dos indivíduos utilizando a Teoria da Abordagem das Capacidades. A partir da revisão da literatura, determinou-se que os principais fatores que contribuem para a equidade do comércio eletrônico na perspectiva dos indivíduos são: variedade e preço dos produtos, comodidade, acesso às lojas físicas, tempo, custo e local da entrega. Adicionalmente, avaliou-se as preferências do consumidor pelo método Best-Worst para ranqueamento da importância dos fatores na decisão de comprar online. Os resultados indicam que o fator mais relevante para o consumidor durante o processo de decisão de compra é o preço do produto, seguido pelo custo da entrega; o prazo de entrega e a comodidade se alternam em terceiro lugar. Conclui-se então que o comércio eletrônico pode promover a equidade de acesso a oportunidade de adquirir bens, principalmente para pessoas em situação de vulnerabilidade econômica, com restrições de mobilidade (como pessoas com deficiência e idosos, por exemplo), com restrições de tempo e com restrições de localização. Entretanto, as características da entrega, principalmente em relação ao custo e prazo, podem inviabilizar o acesso a esses benefícios.