AS MEMÓRIAS E OS LUGARES DE MEMÓRIA NA BIOGRAFIA DE MAHOMMAH GARDO BAQUAQUA
Pesquisa, Mahommah Gardo Baquaqua; biografia; memória; lugares de memória; memória abolicionista
Desde as sociedades greco-romanas até a modernidade, as biografias ocidentais descreviam sobre os sujeitos pertencentes às classes de mais alto prestígio social, quer estivessem inseridas no campo político, econômico ou religioso. Contudo, a partir do século XVIII surgiram os primeiros registros autobiográficos de sujeitos negros ex-escravizados do Mundo Atlântico. A pesquisa estuda a Biografia de Mahommah Gardo Baquaqua: um nativo de Zoogoo, no interior da África, publicada pela Editora Uirapuru, no ano de 2017. Editado originalmente nos Estados Unidos no ano de 1854, o livro narra as memórias de um africano, nativo da cidade de Djougou, atual região da República do Benim, capturado e escravizado no continente africano em 1840, Mahommah Gardo Baquaqua viveu como escravo em Pernambuco e no Rio de Janeiro, conseguindo notavelmente sua liberdade nos Estados Unidos, na cidade de Nova Iorque. A dissertação tem como objetivo geral a análise das memórias e dos lugares de memória da narrativa biográfica de Mahommah Gardo Baquaqua para a reconstrução das memórias individual, coletiva e editorial do movimento abolicionista americano do século XIX. A metodologia se fundamenta por meio da pesquisa bibliográfica, documental, descritiva, qualitativa. Os conceitos da Organização da Informação (OI) foram utilizados para decomposição e descrição do conteúdo informacional, as técnicas de análise documental e análise temática direcionaram a reconstrução das memórias. A fundamentação teórica foi construída a partir dos estudos de Lovejoy (2002), Law e Lovejoy (2001), Davis e Gates (1985), Sekora (1987), Halbwachs (2006), Nora (1993), Reis e Silva (1989) e Azevedo (2003). As considerações finais apontam as contribuições do estudo para a Memória das Vítimas da Escravidão do Comércio Transaltântico e para a Década Internacional dos Afrodescendentes (2015-2024) coordenadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), para reafirmação das memórias e dos lugares de memórias como legado cultural para humanidade e para fortalecimento da identidade contemporânea dos sujeitos de ascendencia africana.