VESTIR COMO CULTURA: MODA E DECOLONIALIDADE NA MARCA NALIMO
moda brasileira; decolonialidade; povos indígenas; Nalimo.
O movimento decolonial latino-americano está relacionado com o legado do Brasil colonizado, pauta secular e emergente de reflexão crítica, diante da necessária valorização da cultura dos povos originários, cada vez mais invisibilizados pela sociedade e política brasileira. Nesse sentido, a relação entre a decolonialidade e a moda constitui possibilidade e realidade pluriversal, em que a cultura indígena resista e seja existência. A moda slow fashion entendida como a tecitura de diferentes caminhos e linhas de pensamentos, conectados com o tempo-espaço e a valorização da potência criativa indígena. O contexto social e político dos povos indígenas no Brasil tem se caracterizado pela existência de projetos de lei que visam excluir direitos constitucionais, como o Projeto de Lei 490/2007 que pretende mudar os critérios de demarcações de terras indígenas, passando a exigir comprovação de posse considerada abusiva, além de permitir a exploração de terras indígenas por garimpeiros, dentre outras disposições. Destarte, é essencial mudar de via, questionar a realidade vigente em busca da valorização dos povos originários e seus direitos. Assim, esta pesquisa tem como objetivo analisar a marca de moda “Nalimo” (2020-2021) como representante da relação entre moda e movimento decolonial no Brasil, em especial da cultura dos povos originários brasileiros. A pesquisa está fundamentada nas discussões de Escobar (2016), Dussel (2000), Vieira Pinto (1979), Gonzaga (2021), entre outros. Por meio do método de abordagem dialético, compreende-se o objeto deste estudo em sua estrutura e dinâmica de existência, considerando sua historicidade e materialidade na prática do real. Dessa forma, o método de procedimento utilizado é o estudo de caso da marca “Nalimo”, com a técnica de documentação direta intensiva, por meio de entrevistas não estruturadas para coletar dados, que foram analisados pelo método de Bardin (2004) a partir de eixos temáticos identificados por meio dos dados produzidos. Os resultados apontam para um caminho objetivo e subjetivo trilhado pela atuação colaborativa que constitui moda criativa baseada nas cosmovisões ancestrais. Portanto, a moda como discurso político e social possibilita que as potencialidades indígenas sejam materializadas nas peças da Nalimo, como sementes de realidades decoloniais na moda brasileira.