A capa do livro como interface entre o design, o mercado e a cultura: um estudo multicaso de dois selos do Grupo Companhia das Letras.
Capa de livro. Design gráco. Mercado editorial. Cultura visual.
Historicamente, a publicação de livros com capas ilustradas no Brasil se destaca pelo pioneirismo e pela originalidade. Além de se instituir como expressão legítima da sociedade e de seus movimentos culturais e estéticos, a capa do livro se apresenta como a primeira comunicação entre a obra e o leitor, constituindo-se como importante ferramenta na estratégia mercadológica. Qualquer que seja o livro, sua capa é fruto de uma ação coletiva em que estão envolvidos muitos interessados, como o designer, agente importante no processo de publicação que responde com seu projeto gráco às demandas do autor, do editor e do leitor. Tomando a capa em sua condição de artefato cultural e artifício comercial, o objetivo geral do estudo foi compreender de que modo as capas de livros publicados pelos selos Companhia das Letras e Paralela se conguram como interface do design, do mercado e da cultura. De tendência qualitativa, o estudo multicaso se debruçou sobre a articulação visual entre a sintaxe e a semântica que operam, respectivamente, sobre a estética e a produção de signicados contidos nas capas. Ademais, em conformidade com os fundamentos de marketing adotados para o mercado editorial, investigou-se tanto a experiência dos prossionais envolvidos no processo de publicação quanto a relação dos leitores com as capas. Para tais propósitos, recorreu-se a métodos de análise visual, análise de conteúdo e de levantamento. A partir de uma conjugação entre as reexões suscitadas pela teoria e os achados da pesquisa, conclui-se que a capa do livro se congura como uma interface que congrega os princípios do design, as demandas do mercado e as inuências da cultura. Nos elos existentes entre as três esferas se dão interferências mútuas que repercutem sobre as funções da capa, tributando-lhe a condição de artefato visual que, além de contribuir para a circulação do pensamento e da arte, perpetua signicados quando cristaliza visualmente a face cultural de sua época.