FOTO-ETNOGRAFIA APLICADA AO (RE)DESIGN DE CORPOS: UMA INVESTIGAÇÃO DE MODA ENTRE HOMENS
corpo, design de corpos, moda masculina, identidade, foto-etnografia
O objetivo deste trabalho é demonstrar, através de ferramentas etnográficas aplicadas ao pensamento de design de moda, como determinado grupo de homens em meio urbano desenvolve estratégias para projetar e construir seus corpos, bem como, no processo, relatar as fases, os simbolismos presentes nas relações e os dilemas enfrentados na busca por este (re)design corporal. Defende-se aqui o argumento de que o corpo, diante das inúmeras pressões de consumo, é elevado ele mesmo ao posto de artefacto de moda, assim como, o vestuário é mais um acessório que emoldura este projeto corporal. Para tanto, em um primeiro momento, tomam-se como campo as festas denominadas de pool party, organizadas de modo clandestino, público e particular, em especial, mas não somente, na cidade do Recife; realiza-se uma imersão etnográfica de cunho exploratório para ilustrar o comportamento e as rotinas observadas, através de um recorte estético, para se produzir o material fotográfico, os relatos e levantamento de arquivos, necessários e fontes desta pesquisa. Paralelamente, são apresentados os pensamentos de David Le Breton (1990, 1999, 2016, 2018, 2021) e Paul Preciado (2018), autores que colaboram na compreensão do corpo e a (re)construção de seus limites, num contraponto teórico aos fatos observados em campo. A partir de Le Breton, observa-se as mudanças corporais, antes utópicas, alçadas a uma realidade possível. Já Preciado, atualizando os pensamentos de Le Breton, toma seu próprio corpo como esfera de observação, recorte caro nesta pesquisa imersiva. Traça-se, ainda, um panorama da moda masculina, relacionando os grandes fatos históricos da moda, em especial a moda masculina, com a construção de uma visão homoerótica atual. Como a moda influenciou seus consumidores, mas ao longo do século XX, foi também influenciada pela estética homoerótica. Posteriormente, em um segundo momento de campo, observa-se como esses mesmos homens já pesquisados nas festas se comportam no (re)design dos seus corpos nos ambientes de sociabilidade para além das pool parties. Nesse ponto, busca-se compreender como a lapidação desse “corpo acessório” sofre influência e corrobora na construção identitária e na auto-percepção de conceitos como beleza, masculinidade, virilidade.