O fenômeno variável da concordância nominal de número em produções escritas e orais de alunos pernambucanos e portugueses
Concordância nominal. Fala. Escrita. Variação linguística.
Este trabalho investigativo discute o fenômeno da concordância nominal (doravante CN) de número na língua falada e na língua escrita de alunos pernambucanos e portugueses sob o viés de uma análise atomística e não atomística. Constituindo-se em um estudo realizado à luz da Sociolinguística Variacionista, em que, ao mesmo tempo, se faz uso de princípios funcionalistas e variacionistas, com base em Scherre (1988), selecionam-se variáveis linguísticas e extralinguísticas, no intuito de verificar quais dessas variáveis influenciam mais a marcação de pluralidade nos elementos do sintagma nominal. Para tanto, a amostra do português brasileiro (PB), em particular, do português falado e escrito em Pernambuco, conta com um total geral de 22687 dados (dados de fala: 18603; dados de escrita: 4084) de 360 informantes pernambucanos (estudantes de duas escolas públicas e uma particular em cada cidade (a saber: Recife, Carpina, Belo Jardim, Petrolina e Serra Talhada) que estão no 6º e 9º ano do Fundamental e 3º Médio, devidamente estratificados em idade, escolaridade, sexo e tipo de escola; já a amostra do PE é constituída, no geral, por 4901 dados (dados de fala: 4307; dados de escrita: 594) de 36 informantes lisboetas e 28 algarvios, com idades e níveis de escolaridade equivalentes aos pernambucanos, sendo que os lisboetas são estudantes de uma escola particular, e os algarvios, adolescentes que fazem parte do movimento mundial do escotismo. Com base nos tipos de regras linguísticas propostos por Labov (2003), por meio das rodadas no programa Goldvarb X, observou-se que, no PB, na análise atomística e também na não atomística da fala em cada localidade pernambucana, a regra da CN de número é variável, enquanto no PE, é categórica na atomística em ambas as localidades e, na não atomística, o Algarve apresentou uma regra semicategórica, permanecendo Lisboa com a regra categórica. Nos dados da escrita, o PB apresentou uma regra semicategórica em todas as localidades na análise atomística, enquanto na não atomística apresentou uma regra variável em Carpina e semicategórica nas demais localidades pernambucanas; já no PE, Lisboa apresentou uma regra categórica na análise atomística e semicategórica na não atomística, e o Algarve obteve uma regra semicategórica em ambas as formas de análise nos dados da escrita. De uma forma geral, observaram-se poucos cancelamentos nos dados do PE em comparação aos dados do PB.