RAZÃO DO MODERNO: auto em Pernambuco
gêneros literários, auto, teatro moderno brasileiro
Esta tese busca refletir sobre as razões que fizeram com que o gênero auto fosse reintroduzido no sistema literário brasileiro no século XX. Para isso, parte de uma análise de elementos formais do teatro religioso desde a Antiguidade clássica, passando pelos autos da Idade Média e por Gil Vicente, até chegar no teatro brasileiro moderno, em que o caráter religioso é substituído por uma radical consciência da historicidade das formas artísticas. Especificamente, esta tese observa os tipos de autos historicamente mais consequentes, os autos de milagres, de mistérios e de moralidades, que foram reelaborados por uma geração notável de escritores pernambucanos. Embora sua superação tenha sido dada como certa no concerto histórico dos gêneros artísticos, o gênero que aqui analisamos reconduz uma série de reflexões ao centro da discussão sobre o devir das formas literárias na modernidade. Interessa-nos observar como Ariano Suassuna, Hermilo Borba Filho, Osman Lins e João Cabral de Melo Neto retomam, de modos específicos, essa forma dramática, ao mesmo tempo extraindo o que nessa tradição lhes interessava e nela insuflando o conteúdo de uma leitura da modernidade no Brasil.