PARA QUE NÃO HAJA NOVOS CANUDOS: A IMPRENSA DE PERNAMBUCO E SUAS NARRATIVAS SOBRE O CONTESTADO, CALDEIRÃO E PAU DE COLHER
Canudos. Contestado. Caldeirão. Pau de Colher. Imprensa.
A Guerra de Canudos foi um marco decisivo nas narrativas de qualquer evento congênere, até a redescoberta do evento pelos movimentos populares na década de 1980. Foram quase cem anos com as mesmas perspectivas, pautadas com o olhar dos grandes centros para o interior. Percorrendo essa diretriz, elaboramos esta tese para analisar de que maneira as formações discursivas, sobre a Guerra de Canudos, foram determinantes nas narrativas das lembranças ou comemorações pós-conflito sertanejo, nos conflitos do Contestado, do Caldeirão e de Pau de Colher, na imprensa de Pernambuco, entre os anos de 1897 a 1940. Utilizamos como fonte principal a imprensa, que carrega um sentido próprio, que é o sentido da palavra. As narrativas, compostas de expressões, frases e palavras, determinaram os signos e símbolos que foram criados em torno dos movimentos em questão. Para verificar quais foram esses sentidos, utilizamos a análise de discurso, que nos ajudou a compreender os fatos, na medida em que houve uma integração entre o escrito manifesto, o que estava visível e invisível no texto. Ao longo desta pesquisa, pudemos perceber como é importante trabalhar com a fonte jornalística, e compreendemos que as letras, as colunas, os fatos, são também a história. Entretanto, nem todos leem a história contada pelo historiador, podendo ficar perpassados os fatos construídos pela imprensa, que produz seus sentidos sobre misticismos, fanatismo, jaguncismo, violência e a imagem caricatural do sertanejo. Sabemos que foi construída uma formação de opinião, enraizando-se na cultura, produzindo sentidos que, nem sempre, são apagados facilmente. A tese mostra que Canudos foi o grande espelho nas narrativas dos movimentos analisados, tendo a imprensa repetido várias vezes o mesmo discurso, na tentativa de justificar os massacres que foram realizados pelas forças militares. Debruçamo-nos sobre a temática proposta, buscando, nesta tese, contribuir a história de Pernambuco, da imprensa e dos movimentos sociais religiosos.