Narrativas do urbanismo pesqueiro: artesanias desobedientes na construção do território da pesca no bairro do Pina (Recife, Brasil)
Pina (Recife). Território pesqueiro. Artes de narrar. Análise de narrativa. Etnografia urbana
Resumo em português: Este projeto de tese apresenta a proposta de um estudo de caso sobre o território pesqueiro na bacia hidrográfica do Pina, região centro-sul da cidade do Recife. O lócus do trabalho privilegia o bairro do Pina e duas organizações sociais com importante trabalho de comunicação comunitária junto às juventudes e aos pescadores de suas localidades, são elas: a Caranguejo Uçá (comunidade da Ilha de Deus) e a Livroteca Brincante do Pina (comunidade do Bode). Assume-se uma interface teórico-metodológica que compreende a arte e a desobediência como dimensões relevantes na construção de territorialidades urbanas e periféricas. Por sua vez, o território pesqueiro no Pina se mostra um espaço outro em relação à cidade, regido por conteúdos simbólicos autônomos e experiências individuais e coletivas que preservam maneiras desviantes de fazer e narrar o espaço habitado. A partir deste olhar, o projeto objetiva a compreensão de como a cultura pesqueira, cuja forma espacial se desenvolve de maneira subalternizada e à margem, constitui experiências alternativas relevantes ao modelo hegemônico de urbanidade. No arranjo metodológico e analítico do trabalho, as práticas midiáticas e os conteúdos sonoro-visuais elaborados pelas organizações serão interpretados enquanto narrativas que constroem territorialidades em dissidência na cidade. Para tanto, planeja-se etnografar as artesanias, as apropriações técnicas e estéticas que emergem na experiência cotidiana destas organizações e seus atores. Fará-se uso de um conjunto de procedimentos de coleta de dados, como: pesquisa documental e de mídias, visitas guiadas, observação participante, entrevistas em profundidade e oficinas de cartografia coletiva. Com isto, a pesquisa almeja ser capaz de “olhar por cima do ombros” dos atores - reconvertidos em artífices de um território subterrâneo -, para compreender suas maneiras de fazer, falar e imaginar o lugar de pertencimento na cidade. |