QUANDO O PORÃO INVISÍVEL INVADE A SALA: O TESTEMUNHO DO PRESO POLÍTICO IGOR MENDES EM A PEQUENA PRISÃO
Cárcere; Estado autocrático; Igor Mendes; Literatura de testemunho
No projeto a seguir proponho analisar a obra literária A pequena prisão (2017), escrita pelo geógrafo e ativista Igor Mendes. O autor em questão, quando ainda estava na graduação na UERJ foi preso no dia 3 de dezembro de 2014 por não seguir uma medida cautelar: não participar de manifestações públicas. Preso por sete meses no Complexo Penitenciário de Gericinó, no Rio de Janeiro, Igor Mendes usa suas palavras como sobrevivência, resistência e solidariedade aos demais companheiros dos porões invisíveis. Em A pequena prisão, temos um testemunho que desnuda as contradições dos Três Poderes e revela o ambiente inóspito que é o porão invisível da nossa sociedade. Como a narrativa de Igor Mendes problematiza questões fundamentais da nossa sociedade? O autor estabelece um elo entre o coletivo e o individual? Mendes nos faz questionar se o Estado Democrático de Direito proposto na Constituição de 1988 avança em passos largos em direção a um Estado Policial (FOUCAULT, 2008) mais endurecido, ou Estado de exceção (AGAMBEN, 2004). Considerando A pequena prisão como um testemunho (GINZBURG, 2008; SELIGMANN-SILVA, 2006; SILVA, 2008) pretendo averiguar, também, como a violência e o estado autocrático (FERNANDES, 1976) presentes na nossa sociedade podem ser visualizados na narrativa a partir das contribuições teórico-metodológicas da Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2001).