INVESTIGAÇÃO DO POTENCIAL IMUNOMODULADOR E ANTIFIBRÓTICO IN VITRO E IN VIVO DE NOVAS ALTERNATIVAS TERAPÊUTICAS E DO PERFIL DE CITOCINAS NA ESCLEROSE SISTÊMICA
esclerose sistêmica
A esclerose sistêmica (ES) é uma doença autoimune do tecido conjuntivo caracterizada por alterações vasculares, desregulação imunológica e fibrose progressiva da pele e de órgão internos. A fisiopatogênese da ES é complexa e incompletamente compreendida, o que reflete na heterogeneidade clínica da doença e dificulta a descoberta de terapias eficazes. Atualmente há poucas opções de tratamento para doença, e as que estão disponíveis não têm impacto significativo em sua progressão, havendo uma necessidade considerável por estudos que busquem a melhor compreensão da doença e que explorem novas alternativas terapêuticas. Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o perfil de citocinas em pacientes com ES e a atividade imunomoduladora e antifibrótica de derivados tiazolidínicos (LPSF/CR-35 e LPSF/GQ-16) e do híbrido IBPA in vitro e in vivo. Na primeira etapa do estudo foram incluídos 84 pacientes com diagnóstico de ES e 84 voluntários saudáveis pareados por sexo e idade. A quantificação das citocinas no soro dos participantes foi realizada através da técnica de ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay). Na etapa seguinte, os efeitos imunomoduladores e antifibróticos dos derivados tiazolidínicos e do híbrido IBPA foram avaliados em células mononucleares do sangue periférico (PBMC) de pacientes com ES e em modelo de ES induzido por ácido hipocloroso (HOCl) em camundongos BALB/c. Observou-se que pacientes com ES quando comparados com voluntários saudáveis apresentaram aumento nos níveis séricos da IL (Interleucina) -27 e da IL-18, além de diminuição da isoforma a da proteína ligadora da IL-18 (IL-18 BPa). Além disso, os pacientes com ES apresentaram aumento significativo nos níveis séricos do receptor solúvel da oncostatina M (sOSM-R) e da glicoproteína 130 solúvel (sgp130), quando comparados com voluntários saudáveis. As citocinas e receptores desregulados no soro dos pacientes com ES foram correlacionados e/ou associados com manifestações da doença. Os tratamentos com as moléculas sintéticas in vitro promoveram a modulação na secreção de diferentes citocinas em cultivos de PBMC de pacientes com ES (IL-2, IL-4, IL-6, IL-10, IL-13, IL-17, IFN-γ e TNF). Os efeitos imunomoduladores in vivo também foram evidenciados em modelo de ES induzido pelo HOCl, os diferentes tratamentos reduziram a expressão de marcadores de ativação em células T CD4+ (CD69) e células B (MHC-II e CD40), e a expressão do marcador de macrófagos M2 (CD206), em células isoladas do baço dos camundongos. A expressão do marcador de macrófagos M1 (CD86) foi aumentada após os diferentes tratamentos com os derivados tiazolidínicos e com o IBPA. A ação antifibrótica das moléculas foi avaliada in vivo na pele e pulmões dos camundongos com ES induzida pelo HOCl. Observou-se que os tratamentos regularam negativamente a expressão de mRNA de marcadores fibróticos na pele e pulmões (α-SMA, TGF-β, Colágeno tipo I, IL-4 e IL-13), além de terem reduzido o acúmulo de colágeno na pele e o espessamento dérmico. Adicionalmente, o IBPA reduziu significativamente o acúmulo de colágeno nos pulmões dos animais. As análises histopatológicas de fragmentos de pele e pulmões corados com Hematoxilina & Eosina e Sirius Red evidenciaram que as moléculas atuaram impedindo o desenvolvimento da fibrose dérmica e pulmonar nos camundongos. Os resultados apresentados no presente estudo indicaram diferentes citocinas e receptores solúveis que podem estar associados com a ES e identificaram três diferentes moléculas sintéticas com potencial terapêutico para a doença.