Estudo in vitro das atividades citotóxica e leishmanicida da fraxetina frente espécie de Leishmania infantum e potenciais mecanismos moleculares
atividade leishmanicida; atividade citotóxica; fraxetina; Leishmania infantum; proteômica
A leishmaniose é uma doença tropical negligenciada que atinge milhares de pessoas ao
redor do mundo, principalmente as populações economicamente vulneráveis. Os
tratamentos disponíveis são limitados e a letalidade ainda é crescente, especialmente no
Brasil com elevada ocorrência da forma visceral da doença causada pela espécie
Leishmania (L.) infantum, que também é responsável pelo aparecimento de formas
cutâneas (atípicas ou não ulceradas) em alguns países da América Central. Logo, tem sido
intensificada a busca por novos fitoterápicos com atividade leishmanicida e com baixa
toxicidade através de estudos com metabólitos de plantas. A fraxetina (6-metoxi-7,8-
dihidroxicumarina), é uma cumarina simples (trissubstituída), que apresenta atividades
biológicas já estabelecidas, porém a atividade antileishmania ainda não foi relatada. O
principal objetivo deste trabalho foi estudar a atividade leishmanicida da fraxetina frente
cepa de L. (L.) infantum e correlacionar com possíveis mecanismos moleculares. Formas
promastigotas de L. (L.) infantum (1 x 106
parasitas/mL) foram testadas com a fraxetina
em diferentes concentrações (0,195 a 100 μg/mL) para determinação da IC50 pelo método
colorimétrico do MTT. Anfotericina B foi utilizada como controle positivo e o DMSO
como controle negativo. Avaliou-se, pela primeira vez, o efeito da fraxetina (50 μM)sobre
a proliferação da linhagem de células HeLa. A fraxetina apresentou IC50 de 6,25 μg/mL,
com redução do crescimento dos parasitos in vitro em função do tempo de cultivo e não
foi citotóxica para as células HeLa. Quanto à análise proteômica, a realização do estudo
do perfil de proteínas expressas pelos parasitos sob ação da fraxetina (IC50), foi realizada
com a extração proteica de amostras tratadas e não tratadas aplicadas em quintuplicata
em um sistema de mini-gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) e posteriormente coradas com
azul de Coomassie. Em seguida esse gel foi cortado e submetido a técnica de LC-MS/MS
e como resultados, foi obtido um total de 1.586 proteínas, destas 392 tiveram diferenças
de expressão após o tratamento com a fraxetina, tendo-se observado aumento de
expressão em 163 proteínas e expressão reprimida em 229. Essas proteínas foram
analisadas por ontologia genética utilizando-se o programa Blast2GO e classificadas em
três níveis: componente celular, função biológica e processo biológico. A fraxetina foi
capaz de induzir importantes alterações com repercussões no metabolismo do parasito,
embora estudos subsequentes sejam necessários para que se possa considerá-la como um
potente candidato leishmanicida.