MARCADORES PROGNÓSTICOS E ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO NÃO INVASIVA EM PACIENTES COM CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA
morte súbita cardíaca; cardiomiopatia hipertrófica; cardioversor-desfibrilador implantável; arritmia cardíaca.
Fundamentos: cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é a principal causa de morte
súbita cardíaca (MS). As recomendações de cardioversores-desfibriladores
implantáveis profiláticos (CDI) são divergentes. Objetivo: avaliar a concordância
na indicação de CDI na CMH, segundo recomendações da European Society of
Cardiology (ESC) 2014 e American Heart Association (AHA) 2020, e a correlação
com fibrose miocárdica e QRS fragmentado (fQRS). Metodologia: coorte
retrospectiva com 81 pacientes, entre 2019 e 2021. Incluídos pacientes com
CMH ≥ 16 anos. Critérios de exclusão: miocardiopatia secundária, seguimento
<1 ano. Kappa foi utilizado para determinar a concordância. A sobrevida foi
estimada pelas curvas de Kaplan-Meier. Foi considerado significativo p ≤ 0,05.
Resultados: QRSf foi identificado em 44,4% dos pacientes. Não houve
diferenças entre pacientes com e sem QRSf quanto a parâmetros clínicos,
ecocardiográficos, fibrose e risco de MS. Durante seguimento de 4,8 ± 3,4 anos,
não houve MS, mas 20,6% dos pacientes com CDI tiveram pelo menos um
choque apropriado. A prevalência de hospitalizações por insuficiência cardíaca
de eventos cerebrovasculares não fatais foi 4,9% e 7,4%, respectivamente. Três
dos sete choques apropriados ocorreram em pacientes com risco baixo-a-
moderado da ESC. Três choques ocorreram em pacientes de risco moderado e
quatro nos de alto risco pela AHA. A concordância das recomendações foi 64%
com Kappa 0,270 (p = 0,007). Não houve diferenças de choques apropriados por
estatística C (p = 0,644). Conclusão: os algoritmos de estratificação de risco de
MS apresentam discrepâncias na indicação do CDI, ambos com baixa acurácia.
QRSf foi associado a uma tendência de pior desfecho.