DIVERSIDADE FUNGICA EM NINHOS DE TARTARUGAS MARINHAS (Caretta caretta - LINNAEUS, 1758) NO LITORAL DE IPOJUCA- PERNAMBUCO, NORDESTE DO BRASIL
Costa litorânea. Aspergillus. Penicillium. Talaromyces. Ovos. Micobiota. Biologia da conservação.
As tartarugas marinhas são dependentes de suas rotas migratórias e de ambientes costeiros para alimentação e reprodução, mantendo contato frequente com diversos organismos fúngicos. No entanto, a escassez de estudos micológicos ressalta a necessidade de pesquisas adicionais para a compreensão dessas interações e a conservação das espécies ameaçadas. Este estudo possui duas abordagens: 1. Levantamento bibliográfico sobre a interação de fungos em tartarugas marinhas em escala global e 2. Investigação da diversidade fúngica em ninhos e ovos de tartarugas da espécie Carettacaretta ao longo da costa litorânea do município de Ipojuca-PE, nordeste do Brasil. Para atender a primeira abordagem foram realizadas buscas na literatura por meio de bases de dados como BVS, SciELO, Periódicos CAPES e Google Acadêmico. De acordo com os critérios estabelecidos, foram selecionados 27 artigos, os quais revelaram a ocorrência de 29 gêneros fungicos nas tartarugas marinhas, sendo os gêneros: Fusarium (21%), Aspergillus (11%) e Cladosporium (11%) os mais frequentes presentes em todas as fases de desenvolvimento, desde ovos até animais adultos. Apesar de esclarecedores, esses dados ainda são insuficientes para compreender a interação destas comunidades com estes animais marinhos. Sendo assim, esta dissertação realizou sua segunda abordagem com coletas de ovos e areia em ninhos de tartaruga da espécie C. caretta ocorrente nas praias de Porto de Galinhas, Muro Alto e Maracaípe, localizadas no litoral pernambucano. Os fungos foram isolados por meio de diluição das amostras em meios de cultura específicos e identificados morfologica e molecularmente por meio do sequenciamento do gene β-tubulina. No total foram obtidos 207 isolados, 104 (50,2%) pertencentes aos gêneros Aspergillus, Penicillium e Talaromyces. O mais prevalente foi Penicillium representado por 11 espécies (P. allii-sativi, P. brocae, P. citreosulfuratum, P. citrinum, P. coffae, P. mallochii, P. meliponae, P. oxalicum, P. steckii, P. sp. Nov. 1 e P. sp. Nov. 2.); seguido do Aspergillus oito espécies (A. flavus, A. hortae, A. insulicola, A. niger, A. sidowii, A. tamarii, A. terreus e A. unguis)e Talaromyces quatro espécies (T. albobiverticillius, T. alveolaris, T. pigmentosus e T. wortmannii). A. sidowii e P. citrinum foram encontradas em abundância tanto dentro dos ovos quanto na areia, enquanto os isolados de Talaromyces foram identificados exclusivamente no conteúdo interno dos ovos. Esses resultados sugerem a existência de interações ecológicas específicas ainda não completamente compreendidas e contribuem para ampliar nosso conhecimento sobre a ecologia das tartarugas marinhas e o potencial impacto dos fungos em sua reprodução. Dessa forma, são necessários estudos adicionais para aprofundar nosso entendimento em relação ao potencial benéfico, neutro ou maléfico das espécies encontradas.