DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE LESHMANICIDA DE DERIVADOS HÍBRIDOS TIOFÊNICOS-ACRIDÍNICOS
Leishmaniose, derivados acrídinicos, atividade antileishmania
A leishmaniose caracteriza-se como uma doença infecto-parasitária negligenciada, causada por protozoários intracelulares do gênero Leishmania spp. O tratamento farmacológico utiliza antimoniais pentavalentes, Anfotericina B, Miltefosine e Paromomicina. Porém esses medicamentos exibem efeitos tóxicos. Sendo assim, existe a necessidade de terapias medicamentosas que forneçam um tratamento mais seguro. No presente estudo, buscou-se planejar e sintetizar derivados tiofênicos-acrídinicos a partir da simplificação molecular dos compostos da série ACS e avaliar o potencial antileishmania e aspectos imunomodulatório. Realizou-se a síntese orgânica a partir da reação de Gewald, sendo por via plena e convergente. A partir da obtenção dos compostos, estes foram direcionados a técnicas de elucidação estrutural: IV, MS e RMN. Após a identificação estrutural e avaliação da pureza dos compostos, foram realizados ensaios in vitro de citotoxicidade pelo método MTT em células J774, seguido da avaliação do potencial antileishmania na forma promastigota como amastigota de L. amazonensis e por fim, identificou os melhores perfis de seletividade. Em paralelo, a partir da identificação da expressão de macrófagos J774 realizou-se o efeito microbicida para as moléculas MAL2 E MAL3. E assim, verteu-se para a etapa de avaliação das respostas TH1, TH2 e expressão de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio. Por fim, para conclusão dos testes avaliou-se a partir de ferramentas preditivas a farmacocinética pelo swiss.adme.com; SCKSM e Protox II e o teste de ancoragem molecular com os alvos Tripanotiona redutase (PDB = 2JK6) e 14-α- dismetilase (PDB = 3L4D) utilizando como ferramenta o AutoDock Tools 1.5.6 e em adição a confirmação dos resultados pelo processo de redocking. Como resultados, o perfil citotóxico em macrófagos J774. Os resultados obtidos a partir da avaliação frente a cepas promastigotas (IC50 = 2,95 - 9,98 mM) e amastigotas (IC50 = 4,00-53,68 mM) apresentaram-se como promissores e em relação a análise de citotoxicidade em macrófagos verificou se que as moléculas não foram tóxicas e possuíam viabilidade celular, porém verificamos que a estratégia de simplificação molecular reduziu a ação direta sob o patógeno. A série MALUDRINA foi elencada para dar seguimento aos estudos em citometria de fluxo devido à baixa citotoxicidade e aumento da expressão de macrófagos, seguido de bom efeito microbicida. Portanto, a viabilidade por citometria de fluxo a partir do marcado ANEXINA-PI observou-se que a nenhuma das moléculas exibiam perfis citotóxicos frente aos macrófagos J774, corroborando com os resultados obtidos em MTT. Por fim, os estudos relativos ao o perfil imunomodulador realizou-se as análises relativa à expressão de ERNS, EROS e citocinas relacionadas a resposta TH1 e TH2. Obtendo elevada secreção de Óxido nítrico e EROs e ainda um perfil imunomodulador a partir do aumento das concentrações de IL2, INF-y e discreta ação por αTNF seguido da redução das citocinas IL-4 e IL-10, sendo que a MALUDRINA 3 o melhor candidato, pois atuou nas menores concentrações. Por fim, a análise farmacocinética preditiva apresentou perfis farmacocinéticos de absorção, distribuição, metabolismo, toxicidade e excreção, de modo a ser obtido informações que os derivados tiofênicos acrídinicos apresentaram-se com excelente absorção no TGI (>93%). No que tange o perfil de interação com enzimas CYP-450 destaca-se a possível interação com CYP2D uma isoenzima capaz de metabolizar várias classes de fármacos e por fim, a toxicidade in sílico apresentou-se de baixa a moderada. Em relação ao método de ancoragem molecular, complexou-se as moléculas obtidas com os alvos validados para o estudo da leishmaniose, as moléculas dos derivados acrídinicos apresentaram boas energias de ligação destacando MAL1 com multitarget para as macromoléculas testadas e a não ativação do receptor endógeno pela MAL3, fortalecendo hipóteses de que esta molécula possui atividade por mecanismo imunomodulatório. Elenca-se a MAL3 como molécula potencial para o tratamento da infecção gerada por L. amazonensis por apresentar os melhores perfis de imunomodulação, apresentando maior índice de seletividade dentre a série MALUDRINA, além disso, os ensaios preditivos in sílico apresentou taxa de absorção no TGI >93% e absorção oral tolerável adquirindo perfil druglikeness. Portanto, elenca-se a molécula MALUDRINA 3 como potencial lead dos derivados tiofênicos acrídinicos estudados.