Avaliação Fitoquímica e Antimicrobiana de Tarenaya spinosa (Jacq.) Raf. (mussambê)
Cleome. Etnofarmacologia. Farmacognosia. Teste de Sensibilidade Antimicrobiana
O estudo da atividade biológica de plantas medicinais utilizadas pela população de uma determinada região, caracterizado como etnofarmacologia, correlaciona o uso popular com estudos farmacológicos, permitindo com isso a confirmação de seus efeitos para a promoção de um uso mais racional e seguro dessas plantas, além de gerar informações científicas sobre a flora de determinados biomas, como a caatinga, que é pouco explorada neste sentido. Tarenaya spinosa (Jacq.) Raf é um exemplo de planta medicinal do bioma caatinga, utilizada principalmente para problemas respiratórios como gripe, asma, bronquite, tosse, tuberculose, otite, pneumonia e inflmações em geral. O presente trabalho objetivou estudar a atividade antimicrobiana e fitoquímica desta espécie. As partes aéreas da planta foram coletadas em Malhada de Pedra, área rural de Caruaru, Pernamabuco, pelo qual foram processadas e submetidas a maceração com utilização de solventes com polaridade crescente (hexano, acetato de etila e metanol), obtendo-se três extratos secos. O rendimento dos extratos foi calculado em percentual com os valores da droga vegetal seca pulverizada e o peso dos extratos secos. Para a atividade antimicrobiana dos extratos foi realizada as técnicas de Concentração Inibitória Mínima (CIM), Concentração Bactericida Mínima (CBM) e Ensaio de Permeabilidade Membranar. Já a análise fitoquímica ocorreu por Cromatografia em Camada Delgada (CCD), Bioautografia e Doseamentos por espectrofotometria. Obteve se um rendimento de 6,87 %, 2,28 % e 10,22 % para os extratos hexânico, acetato de etila e metanólico, respectivamente. O extrato de acetato de etila se mostrou mais significativo que os demais nas análises biológicas, apresentando uma CIM de 250 µg/mL para S. aureus ATCC 29213, S. pyogenes UFPEDA 1031 B e 1033 B e Acinetobacter baumannii ATCC 49606 e UFPEDA 1020 A, se mostrando moderadamente ativo. Usando mesma CIM o extrato se mostrou bactericida no teste de CBM, inibindo o crescimento bacteriano por retrocultivo. Não se mostrou ativo na alteração da permeabilidade da membrana das bactérias, o que se presume sua atuação em um outro mecanismo de ação. O extrato ativo, apresentou em sua composição fitoquímica, a presença de triterpenos e esteroides e derivados cumarínicos. Esses matabólitos secundários se mostraram ativos com a formação de halo de inibição do crescimento bacteriano no teste de bioautografia, corroborando com os resultados das análises biológicas realizadas e com estudos relacionados, realizados por outros autores. Na análise quantitativa, o extrato de acetato de etila apresentou uma concentração de 39,38±4,89 mg EC/g de derivados cumarínicos. Já o teor de triterpenos e esteroides foi de 338,48±28,48 mg EEstg/g. Presume-se que ambos os metabólitos secundários atuam em sinergismo para a atividade biológica, seja em um únimo mecanismo de ação, agindo em conjunto, ou em mais de um, agindo separadamente. Os resultados encontrados mostram que o mussambê pode atuar em bactérias responsáveis por infecções do sistema respiratório, corroborando com seu uso popular. Porém são necessários mais estudos da ação do mussambê em outras vertentes dos problemas respiratórios como antinflmatório, antitussígeno, expectorante, broncodilatador, entre outros, uma vez que os extratos possuem metabólitos secundários com essas características farmacológicas.