Desenvolvimento de filme com ação antimicrobiana à base de quitosana incorporado com extrato seco de Anadenanthera colubrina var. cebil (Griseb) Altschul (Angico)
Angico. Plantas medicinais. Caatinga. Taninos
O uso tradicional das plantas com propósito medicinal está entrelaçado com questões históricas e culturais dos povos de cada localidade. No Brasil, soma-se a isto o componente da diversidade que vai além do fator biológico, visto que o país possui proporções continentais e expressa uma contínua miscigenação que marca toda a sua história. A partir disto, os saberes populares, assim como o ambiente, acabam passando por modificações e adaptações ao longo do tempo. O aparato científico busca caminhar juntamente a esses conhecimentos, aumentando a aplicabilidade destes recursos enquanto promove a segurança na sua utilização, motivo pelo qual chegam ao mercado medicamentos originados de plantas, sejam fitoterápicos, seus extratos ou até mesmo sintéticos. Dentro deste contexto, o presente estudo objetivou investigar e agregar informações acerca do potencial medicinal de uma das espécies vegetais mais endêmicas do ambiente da caatinga, Anadenanthera colubrina, o angico, aplicado pelas comunidades como um potente antimicrobiano, cicatrizante e antiinflamatório, associando-o a filme à base de quitosana, biopolímero também de origem natural, advindo principalmente da carapaça de crustáceos, com características como biocompatibilidade, biodegradabilidade e baixa toxicidade. Por meio da formulação, realizada através de método de casting, foi possível elaborar um produto de fácil manuseio, com aspecto transparente e com ação comprovada in vitro, sobre cepas padrão de um dos patógenos com maior prevalência em infecções cutâneas, partes moles, dispositivos e próteses médicas, o Staphylococcus aureus, que é também uma das espécies bacterianas com grande potencial de mutação genética para o desenvolvimento resistência a múltiplas drogas. Sendo assim, espera se contribuir para a literatura não apenas identificando espécies vegetais promissoras para a geração de novos fitofármacos, mas também levantar a possibilidade de aprimoramento de produtos à base de quitosana que favoreçam a recuperação de pacientes portadores de feridas crônicas e afins.