PLANTAS MEDICINAIS E ALIMENTÍCIAS UTILIZADAS PELA COMUNIDADE QUILOMBOLA CASTAINHO (GARANHUNS, PE, BRASIL)
Plantas alimentícias não convencionais, alimento-medicina, potencial nutricional-terapêutico.
A rica flora dos biomas brasileiros provavelmente possui muitas espécies capazes tanto de nutrir quanto de ajudar a prevenir ou tratar doenças, cujo potencial ainda é pouco explorado. O Brasil também possui grande diversidade de povos tradicionais, entre eles os quilombolas, descendentes de escravos africanos que conseguiram escapar do cativeiro e se refugiar longe das cidades. O objetivo deste estudo foi trazer informações sobre a riqueza de conhecimento de quilombolas sobre plantas multifuncionais e PANC, gerando informações que possam ser utilizadas para melhorar a qualidade de vida na comunidade Castainho (Garanhuns, Pernambuco). Foram aplicadas entrevistas semiestruturadas e turnês-guiadas para coleta das plantas. Os dados foram analisados com os índices de Valor de Uso das espécies e Riqueza do conhecimento do informante. Os entrevistados foram representados por 20 homens e 43 mulheres. Um total de 52 famílias, 117 gêneros e 136 espécies foi catalogado, sendo 12 nativas do Brasil, 11 naturalizadas e 20 exóticas cultivadas. A maioria das espécies tem uso unicamente medicinal, 21% têm uso estritamente alimentício e 32% são multifuncionais Anacardium occidentale e Eugenia brasiliensis (nativas), Persea americana e Psidium guajava (naturalizadas), Citrus × limon e Citrus sinensis (cultivadas) foram as espécies mais valorizadas pelos entrevistados. A inclusão de espécies nativas do Brasil e naturalizadas ou exóticas não africanas na dieta alimentar e flora medicinal testemunham o ajuste cultural e ambiental que adquiriram para sobreviver e diversificar suas tradições.