Uso da terra, funcionamento ecossistêmico e degradação na Caatinga: O papel do clima e fatores socioeconômicos
Uso e cobertura do solo, sistemas socioecológicos, terras secas, desenvolvimento socioeconômico, mudanças climáticas, produtividade primária
Globalmente, ecossistemas terrestres são ameaçados por duas forças resultantes de atividades humanas: mudança do uso e cobertura do solo e mudanças climáticas, que juntos agem sobre diversos níveis biológicos. Consequentemente, o funcionamento ecossistêmico, provisão de serviços e bem-estar humano são afetados. Isso é especialmente verdadeiro em drylands em regiões em desenvolvimento. Visamos aqui, através de ferramentas de SIG (Sistema de Informação Geográfica) avaliar na Caatinga (1) os drivers de uso e cobertura do solo e produtividade primária e (2) as tendências espaço-temporais da produtividade e o papel de clima e perturbação antrópica. Encontramos que (1) o uso da terra ainda é fortemente associado às variáveis ambientais e menos às socioeconômicas; (2) áreas de pasto apresentam menor produtividade que Caatinga tipo savânica e floresta; (3) de 2001 a 2019, a Caatinga apresentou padrão majoritário de degradação, mas esse efeito é potencializado pela seca, ocorrendo em maior intensidade e área em regiões específicas; (4) a produtividade é principalmente influenciada pela chuva; e (5) existe um padrão espacial indicando que uma significativa área da dinâmica da produtividade Caatinga não é explicada pela chuva, mas atividades humanas parecem explicar menos de 10% da Caatinga. Em síntese, como em outras drylands, fatores climáticos parecem ser drivers mais importantes da vegetação, mas atividades humanas não são desprezíveis, especialmente considerando o cenário de aumento de pecuária intensiva na região e mudanças climáticas.