DIFUSÃO DE INOVAÇÕES NO RECIFE: fábulas, perversidades e possibilidades de outra globalização, a partir do trabalho dos entregadores via plataforma
Difusão de Inovações. Capitalismo de Plataforma. Entregadores via plataforma. Precarização do Trabalho.
Este trabalho discute as relações do Sistema Territorial com a compreensão do fenômeno da difusão de inovações numa metrópole regional, da periferia do capitalismo tardio, o Recife. Para chegar a esses resultados preliminares, haja vista a pesquisa estar em andamento, procedeu-se com revisão bibliográfica, levantamento e geoprocessamento de dados secundários oriundos do IBGE. Bem como foram conduzidas vinte entrevistas semiestruturadas aos entregadores, dentre as quais cinco foram transcritas no anexo deste trabalho. A partir disso, observamos a estrutura do território brasileiro, sobretudo do território recifense, por meio das tipologias da concentração urbana do Recife e outros dados socioeconômicos. Essa formação legou a sua população, em especial os pretos e pardos, uma dívida histórica cujo saldo se traduz na pobreza, precariedade de condições habitacionais, educacionais... uma precariedade estrutural. Isso condicionaria o sistema social e territorial não apenas a uma capacidade reduzida de produzir inovações, mas também nos papéis dos agentes e suas motivações em adotar essa inovação, sobretudo os mais vulneráveis nessa lógica: os entregadores. A pandemia da COVID-19 trouxe visibilidade ao quanto o trabalho realizado pelos entregadores é relevante, apesar de precarizado em diversas instâncias, inclusive oferecendo risco de acidentes e até de morte, em busca de obterem uma pouca remuneração. Estamos investigando essa questão à luz dos conceitos sobre difusão de inovações, aduzindo que no sistema territorial que nos encontramos, essa precariedade é estrutural e condicionaria os usuários mais vulneráveis a submeter-se a essa relação precária. Um fenômeno global, mas que no caso do Recife em especial, encaminharia a uma difusão e consequente adoção dessas inovações, os apps de delivery, condicionada por esse sistema territorial, implicando as escolhas dos adotantes que exercem o papel de infoproletariado. Fazendo evidente as fábulas e perversidades promovidas por essa globalização. Essa pesquisa também intenciona saber as possibilidades de uma outra globalização, em que a perspectiva de uma melhor relação capital-trabalho, bem como da ação política e empreendedora desses sujeitos.