Coordenação e continuidade da gestão clínica entre níveis assistenciais: avaliando uma rede de atenção à saúde na cidade do Recife.
Níveis de atenção à saúde; Continuidade da assistência ao paciente; Gestão clínica; Avaliação em saúde.
O forte predomínio das condições crônicas não pode ser respondido, com efetividade e qualidade, por um sistema de saúde desarticulado e fragmentado, uma vez que a descontinuidade da atenção, além de causar impactos negativos para a saúde dos pacientes, eleva os custos da assistência. O enfrentamento das condições crônicas de saúde requer a conformação efetiva e integral das Redes de Atenção à Saúde, onde a Atenção Primária à Saúde possa exercer o seu papel de coordenadora dos cuidados prestados, estando plenamente articulada com a Atenção Especializada, para garantir o acesso oportuno aos usuários e a integralidade do cuidado em saúde. A coordenação da assistência e a continuidade dos cuidados são essenciais à atenção destes pacientes, e o estudo dos aspectos relacionados a esses fenômenos é crucial para a condução de melhorias nos serviços públicos e na qualidade da atenção prestada. Objetivou-se avaliar a coordenação e a continuidade da gestão clínica entre níveis assistenciais nos Distritos Sanitários III e VII da cidade do Recife, no ano de 2017. Trata-se de um estudo avaliativo, descritivo e transversal, que utilizou os dados de inquéritos realizados pela pesquisa Equity-LA II em 2017, com 182 profissionais e 407 usuários da rede pública de saúde dos distritos sanitários III e VII do município de Recife. Os inquéritos verificaram a opinião dos atores sobre a coordenação assistencial e a continuidade dos cuidados entre a atenção primária e a atenção especializada na rede de estudo. Os dados foram analisados por meio de estatística univariada e bivariada. A realização da presente pesquisa obedeceu aos preceitos éticos da Resolução 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde, e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco sob o parecer nº 4.213.652/2020. Foram identificadas fragilidades na coordenação assistencial e descontinuidades no cuidado ofertado aos usuários, como os longos tempos de espera para acesso ao atendimento, os baixos níveis de comunicação e colaboração entre os profissionais dos níveis primário e secundário, entre outros. Os resultados sugerem a necessidade reduzir a fragmentação das redes e melhorar a articulação entre níveis de atenção, fomentando estratégias que perpassem pela valorização da atenção primária como porta de entrada, coordenadora do cuidado e ordenadora da rede. Também é essencial um melhorar o financiamento do sistema público de saúde para reduzir a insuficiência de recursos, bem como ampliar a oferta e o acesso aos serviços.