DIÁLOGOS ENTRE A FESTA E EDUCAÇÃO POPULAR NO CEPA: construção
cidadã de símbolos coletivos.
Educação Popular– Festas Populares – Imaginário – CEPA
A pesquisa sobre a Educação Popular no contexto festivo inscreve-se no cenário local e global.
Em diferentes contextos históricos o fenômeno da festa promoveu práticas educativas
condizentes e antagônicas aos interesses do povo, podendo reafirmar a organização das rotinas
ou subverter a sua lógica, de qualquer modo as festas promoveram intencionalidades que podem
ultrapassar a sua forma e conteúdo com sentidos emancipatórios. A necessidade de celebrar os
ciclos festivos seus rituais e símbolos já compunha o imaginário cultural, abrangendo o
imaginário mitológico das primeiras civilizações humanas. O Homo Ludens - Huizinga (2000)
que joga e deixa-se levar pela dinâmica autônoma do jogo, também trabalha e projeta a vida na
festa, imprimindo-lhe as marcas simbólicas de suas labutas rotineiras e/ou revertendo-as como
a dionisíaca e irreverente festa dos foliões de Cox (1974), evidenciada no contexto medieval.
Toma-se como referência as festas populares vivenciadas no CEPA – Centro de Educação
Popular Assunção, analisando como esse fenômeno e seu conjunto de ações poderão contribuir
na formação cidadã de seus educandos/as, educadores/as e membros comunitários. Apoiamo-
nos no pensamento de alguns/algumas autores/as (PESSOA, 2009; RIBEIRO, 1982; JUNG,
1964; DURAND, 2012; BAKNTIN, 1987; FREIRE,1987; 1996; 2000; 2016; ELIADE, 2010;
SOUZA, 2009; NAHMÍAS, 2009; e outros/as) para compreender a relação entre a natureza
festiva e sua intencionalidade pedagógica com indícios verificados na Idade Média, e,
posteriormente no movimento humanista que identificaram do riso um valoroso instrumento
político para denunciar o discurso contraditório da monarquia e do Clero Católico de Roma.
Estabelece uma relação dialógica com os educandos/as e educadores/as do CEPA utilizando
como procedimento metodológico os instrumentos da abordagem de pesquisa qualitativa,
favorecendo o sentido dos dados obtidos. A experiência da observação participante e da
entrevista semi-estruturada como instrumentos de coleta de dados procedeu através da
apreciação coletiva dos registros fotográficos, observando/destacando a dinâmica organizativa
vivenciada na construção das festas do CEPA. Os resultados obtidos na pesquisa apontaram: a
possibilidade de educar tendo presente as sensibilidades, salientando-se o envolvimento de
modo ampliado, promovendo a participação coletiva na construção e compreensão dos
elementos simbólicos e, assim, promovendo uma nova consciência cidadã forjada na dinâmica
construtora das festas com afirmação das identidades individuais e coletivas, referenciadas na
trajetória e nas lutas populares. Apesar da desgastante descaracterização das festas populares
sob a pretensa organização de quem politicamente desorganiza o povo, é provável que em todas
as partes a festa do povo permaneça e resista tal qual a flor que furou o asfalto e brotou.